Ponto de vista da Sn
- Acho melhor não nos afastarmos tanto — Disse Carl. Nós havíamos chegado a pouco tempo até a igreja do padre Gabriel, então sim, de fato Carl tinha razão sobre nos afastarmos, porém, eu havia visto uma árvore cheia de maçãs vermelinhas logo que chegamos e estava louca para ir lá.
- Shiu, Cowboy — Ordenei correndo até a árvore.
- Não me manda fazer "shiu"! — Disse ele todo bravinho, o que me deixou toda boiolinha, Carl todo irritadinho é TÃO fofo.
- Faz pezinho — Eu encarava a árvore tentando achar uma solução de como pegar as maçãs, mas vi que o jeito seria sendo escalando mesmo. A árvore era um pouco alta, mas nada no mundo me impediria de comer uma maçãzinha hoje.
- Eu não, você é pesada — A audácia do filha da puta.
- O muleque, se perdeu a noção do perigo?! — Me virei para ele puta e ele revirou os olhos irritado.
- Aí que medo do que você vai fazer — Carl e eu nunca nos demos bem, isso desde a fazenda, mas eu juro que não é por culpa minha. Eu tento, mas o arrombado não facilita.
- Você podia ser simpático apenas uma vez na vida? — Brigar com ele agora seria desperdício do meu tempo precioso, então apenas foquei nas maçãs que me aguardavam. Me sentei no chão e comecei a tirar meus tênis animada, eu comeria aquelas maçãs hoje nem que seja a última coisa que eu faça na vida.
Tirei os tênis e comecei a escalar a árvore, era visível a minha empolgação. Carl permaneceu com sua carranca enquanto me olhava pegar as maçãs.
- Vê se não cai — Disse ele à cada galho que eu subia.
- Tá preocupado, Cowboy? — Questionei.
- Claro, quem vai ter a dor de cabeça de carregar seu corpo sou eu — Disse cínico. Vi uma oportunidade de vingança na situação em que nos encontrávamos, me sentei sobre um dos galhos mais altos e comecei a devorar uma maçã super vermelinha.
- Eu pensei em tirar umas para você, mas... Hum, hum, hum — Comecei a gemer em êxtase, para demonstrar o quão suculentas elas estavam.
- É sério isso, Sn? — Ele estava com suas mãos na cintura me encarando incrédulo.
- É.
‐ Tá bom, fica aí comendo suas maçãs que eu vou voltar pra igreja — Arrombado. Ele sabe que eu morro de medo de andar por aí sozinha e tá usando isso contra mim.
- Pera aí, coisa linda! — Me desesperei ao ver que ele já havia se virado e dado alguns passos. Comecei a descer a árvore desesperada, enquanto ia puxando as maçãs para irem caindo no chão.
- Ficou com medo, é...? SN, CARALHO! — Acabei pisando em um galho fraco, que quebrou ao meio com meu peso. Puts... Se ele não me odiava, agora odeia. Despenquei da árvore caindo direto nele. Senti várias coisas se estralarem na minha pousada acidental sobre seu tórax, que olha... É de tirar o fôlego. Ele nem se moveu, muito menos eu.
- Cara, qual é o seu problema? — É sério isso? Carl, você é tão... Eu ainda não sei como sou apaixonada por você, nunca conheci idiota maior.- Meu problema é você, seu imbecil — Falei, ainda sem me mover. Minha cabeça estava deitada sobre seu peito enquanto ele estava estirado no chão, provavelmente puto comigo.
- Finalmente achamos algo em comum. — Apenas revirei os olhos em resposta. O engraçado é que depois de uns três minutos comigo sobre ele, o menino ainda sim não fez questão de se levantar, nem ao menos se mexer.
- Ah, Carl, sério... O que fiz pra você me odiar tanto assim? — Eu realmente não queria ouvir a resposta.
- Além de ser chata? — Essa doeu, seu maldito.
- ... — Eu achei que teria mais, mas foi erro meu pensar que ele diria algo sensato. Comecei a me levantar, mas Carl não permitiu. O moreno se sentou e me puxou para o seu colo, colocando sua cabeça no meu ombro, evitando a todo custo contato visual.
- Eu te odeio porque você não percebe que eu gosto de você — Oi?- Pera, eu ouvi bem?! — Levei minhas mãos a sua gola e o forcei a olhar para mim. Eu só posso estar louca... Não é possível. Carl não gosta de mim, semana passada ele colocou um rato morto nas minhas coisas.
- Além de tudo é surda — Esse é o Carl que eu conheço.
- Fala direito comigo, seu... — Ele me encarava com cínico esperando eu terminar meu xingamento, mas... Pela primeira vez em quatro anos eu não consegui xingar aquele animal.
- Cawboy, imbecil, animal, chato, maldito? — Ele aproximava seu rosto do meu enquanto usava suas mãos para me puxar para si pelos ombros. Nossos lábios estavam a centímetros um do outro, era... Surreal. A respiração de Carl estava calma, já a minha? Mais acelerada que o The Flash. Nós nunca nos demos bem, embora eu gostasse dele. Por que do nada ele diz isso? Demonstrar o "amor" através do ódio é algo novo, nunca havia visto essa porra.
- Carl? — Nós estávamos quase nos beijando quando Rick apareceu, estragando todo meu momento! Rick Grimes eu cavarei sua cova!
- Ah, oi — O moreno se levantou apressado enquanto me puxava pelo braço para ficar de pé também.
- Tô atrapalhando? — SIM, RICK! VOCÊ ESTÁ!
- Sim, Rick, você está. — Pera... Eu disse isso em voz alta? Não, né...? Meu Deus.
- Sn? — Carl me olhou surpreso.
- Quer dizer...
- Relaxem, só vim trazer as cestas paras as maçãs, mas sem pressa, demorem o tanto que precisarem. — Rick deu uma piscadinha para mim colocando as cestas ao chão. Rick logo se retirou, acho que ele se tocou que estava sobrando.
- Aonde a gente estava mesmo? — Questionei fazendo a egípcia e assim que Rick virou de costas, Carl me puxou para ele e me deu um puta beijo apaixonado, devolvi o beijo quase que instantaneamente.
Sua língua ansiava pela minha desesperada, parecia ansioso por isso há um bom tempo. Bom, não julgo, eu também estava.