── CAPÍTULO 1

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NOAH POV.

Meu coração batia desesperadamente de uma forma muito rápida e dolorosa, nunca sentida por mim. Talvez fosse pelo fato de eu não ter vivido mais do que 17 anos ou pela falta de interesse constante em novas aventuras. Nunca, em toda minha medíocre vida, eu sentiria algo assim; minhas entranhas se contorciam em um ritmo nada sincronizado, enquanto meus sentidos faziam meu cérebro se perder em meio a todo o controle que dominava sobre mim. Todo esforço físico feito por meu corpo naquele momento era em vão, não conseguia correr, nem muito menos gritar por socorro, porque a minha boca e corpo estavam sendo bloqueados por dois pares de mãos masculinas, nas quais eu não tinha nenhuma chance em deter,mesmo que por um milagre divino na qual eu não fazia de acreditar eu conseguisse gritar, ninguém naquela rua me ajudaria pois gays não merecem ajuda.

Mesmo desesperado por ajuda, depois de um longo período de tentativas em vão, meu corpo desfalece e meu cérebro,antes dominando, ou tentando dominar,arduamente o controle desiste de lutar e eu paro com o esforço desmaiando ao sentir pela centésima vez algo duro entrar e sair de dentro de meu corpo.

Quando tudo acaba sim, o pior momento da minha vida, até aquele maldito momento, teve um fim não percebo de imediato, pois meu corpo e mente estão vagando aleatoriamente pelo limbo dos vivos inconscientes; e é depois de alguns minutos desmaiado que meus olhos se abrem, com um certo esforço. Tento levantar-me do chão duro e cimentado recentemente, mas meu corpo cede. Minha barriga começa a queimar e latejar, como se tivesse sido atingida por uma barra de metal repetidas vezes e tenho quase certeza que alguma de minhas costelas tinha se quebrado; levo minha mão esquerda até meu rosto que, assim como minha barriga, queima e lateja de tanta dor; percebo que meus olhos estão inchados e meu lábio sangra muito muito além de um soco.

Finalmente quando meus sentidos vão se reorganizando, sinto uma queimação em meu ânus.Mesmo sem saber o que tinha acontecido ao certo e o que estava acontecendo naquele exato momento, percebo que depois de abrir os olhos e ser notificado da dor existente em cada parte do corpo, cerca de uma hora e meia se passou. Ignoro os lembretes de dor enviados pelo meu cérebro e me levanto grunhindo de dor. Checo meus bolsos e, percebo que por alguma bondade do Universo, meu celular ainda está comigo, e com bateria. Mas mesmo com o celular carregado nos bolsos, me sinto confuso ao pensar se há alguém para ligar. Para quem você ligaria se estivesse sozinho em uma cidade totalmente nova para você?

Não conhecia ninguém naquela cidade e para falar a verdade, naquele momento, eu estava começando a cogitar que não conheceria ninguém de forma tão fácil.

Começo andar cambaleando pelo beco que fui deixado e luto contra a dor que permanece alojada em meu peito. Tento desbloquear meu celular, mas meu olhos, dedos e palmas ardem como se chamas estivessem perfurando cada átomo meu.Mesmo não acreditando em nada nomeado divinamente pelo homem,oro para que alguém venha me ajudar sem que eu grite por socorro e caia, mais uma vez, em mãos odiosas e erradas. Ainda cambaleando até o fim do beco que fui deixado por seja quem for, vejo uma multidão de pessoas indo e vindo de todas as direções da rua que naquele momento percebo ser uma das avenidas mais movimentadas daquela cidade Mesmo mancando, machucada e possivelmente com uma aparência terrível, as pessoas passam por mim e não notam minha existência, mesmo que uma poça de sangue esteja se formando em meus pés. Se antes minha visão estava intacta, agora tento olhar para o celular, e finalmente discar o número da polícia, e percebo que aos poucos minha vista se embaça e mais uma vez, algum hemisfério de meu cérebro começa a superaquecer e perder o controle que é recuperado.

De novo tento andar e sem nem perceber o que estou fazendo direito, caio em cima deum rapaz coberto pela touca de seu moletom escuro que não consigo distinguir a cor com exatidão pois minha visão continua comprometida e falha Ouço algum murmuro do rapaz antes de desmaiar em seus pés e fazer com que todas as pessoas desconhecidas, que até então me ignoravam, se assustassem e de algum modo começassem a ajudar o rapaz misterioso.

Dentro da ambulância, alguns minutos depois, abro meus olhos e antes de perceber que meu corpo e vias respiratórias estão conectados respiradores e aparelhos a médicos portáteis, vejo o mesmo rapaz de antes. Seus olhos azuis, profundos e fortes, parecem aliviados ao se encontrarem com os meus, agora abertos. Antes que eu me mexa ou faça algum movimento "brusco", o rapaz dos olhos azuis profundos e o paramédico que checa meus batimentos cardíacos me pedem para não me mexer, enquanto me seguram. Como se eu fosse ir a algum lugar daquela forma, totalmente destruído e machucado.

Chegando no hospital,rapaz desconhecido, no qual apelidei de olhos azuis, segue os médicos,com minha nova maca,até a recepção e a partir daquele momento entendo que talvez, será a última vez que verei o par de olhos azuis responsáveis por meu salvamento.

Os médicos gritam palavras muito difíceis que uma pessoa leiga como eu entender, mas de algo eu capto o entendimento: eles estavam preocupados com várias partes de meu corpo; uma jovem médica começa a fazer várias perguntas para mim e de repente, sinto uma tristeza e raiva profunda na qual me dão a capacidade de me dar conta do que tinha acabado de passar.

Eu fui estuprado! -digo retirando o respirador que me impedira de falar nas duas tentativas anteriores.

A jovem médica me encara preocupada e continua fazendo as mesmas outras perguntas, mas não tem sucesso algum com as respostas.Antes de entrar em uma sala, a mesma médica me pergunta, finalmente, meu nome. Pela minha breve experiências em séries médicas americanas, ela estava tentando descobrir se eu conseguia falar e me lembrar de algo, em outras palavras, estava tentando saber se meu cérebro não estava fodido.

- Noah, me chamo Noah. - digo rouco e ainda gemendo da mesma dor que não havia passado em nenhum momento.

Não consigo encontrar nenhum documento em seus bolsos. - uma nova médica grita para qualquer outra pessoa que organiza meu corpo naquela nova sala.

Está no meu celular -digo enquanto sinto meus sentidos adormecerem graças ao novo respirador que a mesma médica coloca em meu rosto.

Aos poucos vou sentido tudo girar e a conversa de todas aquelas pessoas vai se tornando cada vez mais distante de mim, até que tudo se torna preto e eu adormeço por completa nos meus pensamentos.

𝐒𝐄𝐗𝐘 𝐏𝐄𝐑𝐃𝐈𝐓𝐈𝐎𝐍 ; ɴᴏsʜOnde histórias criam vida. Descubra agora