── CAPÍTULO 2

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- Nossa! Nunca pensei que ficaria tão feliz em ver um estranho acordar! - o mesmo rapaz com o par de olhos azuis profundos que me ajudou, a sei lá quanto tempo atrás, disse com um sorriso sem graça ao me ver abrir os olhos lentamente. - Entreguei seu celular para a moça da recepção, você deu sorte em ter seu rg e cpf dentro do celular.

- sorte? é, pode se dizer que sim, excluindo o fato de dois homens me espancarem e me abusarem antes desse vívido momento de flerte.

-Não acho que tenha sido muita sorte, não é? Olha como estou saudável! - digo com a voz fraca enquanto o desconhecido continua sorrindo para mim, desmanchando o sorriso aos poucos.

- É, tem razão. Como você se sente, dói muito? - ele tenta mudar o foco da conversa, após perceber a merda que havia falado. Porém, sinto que ele ainda estava confuso a respeito do que havia acontecido comigo.

- Sim, muito! Parece que dois caminhões fizeram baliza em cima de mim - digo mesmo não conseguindo detectar um lugar certo onde a dor focava, na verdade, tudo doía. - Então, como você chama? Gostaria de agradecer por tudo que fez por mim. 

digo sabendo que se eu não tivesse esbarrado nele, possivelmente ele passaria reto por mim, porém, era grato por ter me acompanhado até o hospital e estar ali do meu lado.

- Não é necessário me agradecer, eu fiquei porque você não teria ninguém quando acordasse. - ele diz enquanto coça a parte de trás de seu cabelo ondulado, que era loiro - A conseguiu encontrar ninguém aqui na cidade e os números que tinham no celular estão todos ocupados... E aliás, me chamo Josh... Josh beauchamp.

- Nesse caso, obrigado Josh. - digo enquanto tento erguer um dos braços para apertar a mão de josh,porém não tenho forças suficientes para isso e apenas lanço um sorriso semi cerrado para ele.

- encontrariam ninguém E vocês nunca encontrariam ninguém, sou do interior de São Paulo e provavelmente a cidade está com problemas na luz ou em qualquer tecnologia... Morava bem no interior - digo rindo ao lembrar de como odiava morar naquele lugar enquanto tento mais uma vez me mexer, porém Josh me segura, calmamente.

-Acho melhor você continuar deitado,Noah. - Harry diz enquanto continua segurando meu peito mesmo eu já tendo parado de lutar para tentar levantar.

- Vou avisar o médico que você acordou, acho que ele precisa falar contigo. Continue deitado, por favor - Josh sai do quarto para chamar o médico apenas quando eu prometo que não tentarei fazer "movimentos bruscos", isso me faz rir.

Josh sai do quarto deixando a porta aberta, uma chance para que eu possa reparar em todas aquelas pessoas que passam, correndo ou não, pela porta de meu quarto. Hospitais me lembram da morte e de como ela pode arrancar dores infinitas de quem continua vivo, mesmo depois de perder pedaços de sua alma para a morte. Todas aquelas filosofias ditas pelo meu professor de epistemologia começaram a fazer sentido quando meu corpo estava fraco e sem cor, deitado naquela cama dura de hospital. Nessas horas pensamos em que realmente a vida se baseia e se vivemos de uma forma que vale a pena. O quarto, onde tinham posto meu corpo adormecido ainda, era como um quarto qualquer de hospital,não que eu tenha visitado muitos hospitais na vida, mas séries médicas da Netflix nos passam uma boa impressão de como as coisas são, mesmo não tendo visto tais coisas. A única diferença, era que meu quarto não era exclusivamente meu. Junto de minha cama existiam mais três, porém apenas a ao meu lado estava ocupada por um rapaz.

Mesmo sem poder ver o rosto do rapaz que ocupava a cama ao lado, pude ver que ele, assim como Josh e a maioria dos jovens da minha idade que eu tinha visto dias antes naquela cidade, era muito bonito. O rapaz tinha uma pele negra,cabelos escuros e alguns músculos (nítidos, mesmo coberto por uma coberta leve). O rapaz desconhecido estava dormindo profundamente e estava conectado a mais aparelhos que eu conseguia contar, além de ter vários hematomas pelas partes em que o cobertor não cobria seu corpo: braço e sua perna esquerda. Eram hematomas abertos, cheios de pus e totalmente vermelhos, mesmo não sendo médico, eu pude perceber que aquele garoto estava muito mal.

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⏰ Última atualização: Jul 09, 2021 ⏰

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𝐒𝐄𝐗𝐘 𝐏𝐄𝐑𝐃𝐈𝐓𝐈𝐎𝐍 ; ɴᴏsʜOnde histórias criam vida. Descubra agora