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Ainda envergonhada por ter alguém vendo seus desenhos e elogiando-os – por ser Seb quem via e elogiava seus desenhos –, Antonela se levantou da cadeira que dividia com o folgado e caminhou para o outro lado do quarto, um pouco impaciente e incomod...

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Ainda envergonhada por ter alguém vendo seus desenhos e elogiando-os – por ser Seb quem via e elogiava seus desenhos –, Antonela se levantou da cadeira que dividia com o folgado e caminhou para o outro lado do quarto, um pouco impaciente e incomodada pela presença dele ali.

- Quando pretende partir? – ela perguntou, buscando algum assunto para tentar desviar o foco dele dos seus desenhos.

- Já quer me mandar embora daqui, Tonny? – indagou ele, virando-se para ela com um sorriso divertido nos lábios.

Antonela soltou um suspiro e cruzou os braços.

- Não é nada disso e você sabe bem. Eu perguntei quando vai voltar ao continente. – explicou-se ela, corando. – E, por favor, não me chame assim!

- Por que não posso chama-la assim? – Seb se levantou do lugar em que se sentara e cruzou os braços também, encarando-a com intensidade.

Toda aquela atenção dele estava deixando-a muito desconcertada.

- Porque eu não gosto.

- Gosta sim. – Ele rebateu imediatamente.

Arquejando, irritada, Antonela revirou os olhos. Aquele era um dos motivos para ela odiar Seb de verdade, embora não conseguisse fazer isso, como aquele palerma podia saber o que ela gostava ou não?

Presunçoso.

- Como você pode saber se gosto ou não? – desafiou ela, dando um passo na direção dele.

Seb deu outro passo na direção dela e deu um sorriso a ela enquanto se aproximava.

- Por que eu não saberia? – rebateu ele.

- Porque nem me conhece direito, seu abusado!

Seb continuou sorrindo, então segurou-a pelos ombros e colocou-a de frente para o espelho da penteadeira de Antonela. E ela deixou que ele fizesse aquilo, mesmo que sem entender o motivo por trás do gesto. Seb parou logo atrás dela, ainda segurando seus ombros.

- Eu vejo você corar e seus olhos brilharem quando a chamo assim. – ele disse em voz baixa.

- Isso só acontece nos seus sonhos. – Ela contrapôs, um pouco irritada.

Mas, por dentro, Antonela se perguntava se aquilo acontecia mesmo.

- Ah, sim. E eu estou sonhado agora... – Seb estava perto demais. Sua voz estava baixa demais. – Tonny?

Antonela, que encarava os próprios olhos no espelho, deu um pulo ao ouvir ele chamando-a daquela forma e vendo suas bochechas ficarem muito vermelhas. Ela viu Seb rindo por cima do seu ombro e, irritada, deu um pisão no pé dele que estava logo atrás do seu.

- Ai! – reclamou ele, fazendo cara feia, e Antonela fugiu de perto dele.

- Retiro o que eu disse. – Decretou ela. – Eu realmente odeio você. Não podemos ser amigos. Saia do meu quarto.

Seb a encarou com uma expressão confusa e cheia de dor, ainda movendo o pé para frente e para trás para tentar aliviar a dor.

- Ei, eu só estava brincando. Calma... – pediu ele, dando um passo na direção dela, mas parou ao vê-la recuar também.

O coração dela estava acelerado e, apesar de racionalmente saber ser uma péssima ideia aquilo, seu corpo parecia querer a proximidade de Sebastian Hunter, parecia querê-lo abraçando-a e tendo muito mais contato com ela. E Antonela odiava sentir tudo aquilo, odiava perder o controle sobre si mesma e odiava não conseguir ser ela mesma perto dele. Por que ela tinha que se sentir tão envergonhada só por ele ver seus desenhos, por que tinha que sentir aquela sensação tola e infantil dentro de si apenas por ser chamada por um apelido que ele lhe dera?

Ela não odiava Seb, ela odiava a versão de si mesma que surgia perto dele, e esse era o motivo para fugir dele como ela fugia.

- Tonny... – sussurrou ele. – Me desculpe. Eu não quis deixa-la desconfortável.

Um longo suspiro escapou dela enquanto buscava uma coragem que não sentia nem minimamente para falar e prosseguir com aquele assunto.

- Eu... está tudo bem. – Ela sussurrou, incerta, e se aproximou dele outra vez. – Me desculpe pelo seu pé, eu não quis fazer isso.

- Quis sim. – Ele refutou com um sorriso. – Mas está tudo bem, eu te desculpo.

Antonela se sentou na beirada da sua cama enquanto ele a observava e cruzou os braços, devolvendo aquele olhar observador dele.

- Você ainda não respondeu a minha pergunta. – lembrou ela.

Uma sobrancelha loira do rapaz se arqueou e uma ruguinha surgiu no centro da sua testa, o olho que naquele dia parecia mais verde que de costume ficou um pouco maior. E Antonela admirou aquilo tudo.

Droga... se ele fosse feio, seria muito mais fácil odiá-lo.

- Isso quer dizer que posso ficar? – perguntou ele, sentando-se na cadeira da escrivaninha dela e virando-a para Antonela, como se o quarto fosse dele.

- Desde que não me irrite. – Condicionou ela.

Ele riu.

- Não prometo nada. – Seb ergueu as mãos e lhe deu uma piscadinha.

E Antonela corou como uma menina ingênua com aquele gesto.

- Respondendo a sua pergunta... – Seb pigarreou. – Vou voltar para o continente em uma semana, para assumir meu novo posto na guarda pessoal de Sua Alteza Real.

Aquela informação surpreendeu Antonela. Ela sabia que Seb tinha sido promovido, mas não sabia que ele iria trabalhar diretamente com o príncipe herdeiro, seu primo Edmund, que estava há alguns meses de ser coroado rei de Egleston depois de alguns anos de regência de Eloá, desde a morte de Edward e Lowe. Seb tinha entrado para o Exército assim que completara dezoito, há alguns meses, então era bem surpreendente que já estivesse subindo de patente tão rapidamente e indo trabalhar diretamente na defesa do príncipe.

- Não sei porque faz isso. – Ela falou, curiosa. – Sabe, ir servir no Exército e correr tantos riscos enquanto é um futuro conde e todos sabemos que herdeiros nem têm tantas chances assim nas Forças Armadas, não passará de um capitão ou um general, no máximo.

Seb deu de ombros, mas não parecia tão indiferente quanto queria parecer.

- Eu queria algo pelo qual eu lutei. – explicou ele. – Não importa se vou ser apenas um guarda no castelo e nunca terei uma missão de verdade por ser o herdeiro do meu pai, eu queria algo que fosse realmente um legado meu e não que recebi porque foi imposto que filhos homens primogênitos iriam receber tudo que foi dos seus pais. Só de saber que sou um soldado, por mais baixo que seja, eu já sinto orgulho, porque eu lutei por isso. Entende?

Antonela assentiu, admirada pela forma como ele pensava e falava. Era bonito vê-lo falar daquela forma.

- Isso tudo sem contar que pode levar décadas até eu ser conde. O meu pai só recebeu o título do vovô há alguns anos, já com mais de trinta anos. Não vou ficar perdendo tempo até que o título chegue a mim.

E ali estava mais um motivo para ser tão difícil odiá-lo, Seb era um rapaz íntegro e honrado. Se ela odiasse ele sendo como era, Antonela se sentiria mal consigo mesma.

Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, um barulho no andar de baixo a assustou, como a porta da frente batendo, e em seguida veio um grito do seu pai:

- Antonela Evans!

Ela sentiu-se tensa e começou a se perguntar o que tinha feito, mas não se lembrava de nada. E o tom do marquês não parecia conter irritação.

A porta do quarto foi aberta antes que ela pudesse descobrir o que tinha aprontado e Peter alternou um olhar indagador entre ela e Sebastian. 

Début em dose triplaOnde histórias criam vida. Descubra agora