27

7.1K 711 268
                                    

Lalisa pov

A observei tomar o último gole de suco, com a cara ainda meio sonolenta mas mesmo assim com uma leveza radiante, belisquei mais um pouco do bacon e me espreguicei, me levantei caminhando até aonde ela estava sentada, me abaixando para plantar beijos em sua nuca, pescoço e ombro.

— Tenho que ir agora — falei — Quer vir comigo? Minha mãe está com saudade de você.

— Quero, só vou ter a certeza que a Rosé está bem e podemos ir!

Assenti pegando a minha mochila já caminhando até a moto, peguei um cigarro, o encarei e o guardei novamente, não tive vontade fumar naquele momento, incrivelmente, Jennie me prendia e eu não tinha outra vontade a não ser ela. Depois de um tempo ela saiu, entreguei o capacete a ela e a ajudei subir na moto, seus braços passaram por minha cintura e assim segui de volta para minha casa, passamos em uma loja para comprarmos o almoço, por fim chegando ao nosso destino.

— As flores estão tão lindas — Jennie elogiou — A sua mãe faz um ótimo trabalho com elas, espero um dia ser uma grande jardineira também, olhe essas orquídeas!

— Por isso você e minha mãe se dão tão bem, as duas gosta de coisas de idosos.

— Hey, me respeita! — neguei abrindo a porta arqueando uma sobrancelha no mesmo segundo.

Minha mãe não estava na sala como de costume, estaria assistindo o seu programa de perguntas e respostas favorito, ou na cozinha fazendo bolo ou até mesmo o almoço, mas ela não estava ali. Tentei escutar o barulho do chuveiro, mas ele não estava sendo utilizado, aquilo não estava sendo nada normal.

— Mãe, estou em casa! Trouxe a Jennie, não estava com saudade dela? — aguardei a sua resposta, a sua recepção como fazia todos os dias, mas nada escutei — Mãe? — chamei novamente — Me espere aqui, Jennie, ela deve estar se trocando.

Segui um pouco afobada pelo o corredor, quando toquei a maçaneta da sua porta, me arrepiei por inteira, mas não tardando em abri-la. Minhas pernas fraquejaram e eu arregalei os olhos ao ver minha mãe caída no chão, sem se mover, ou qualquer indício sobre algo, fiquei paralisada por um tempo, sem saber o que fazer, mas assim que entendi o que poderia acontecer se eu não agisse, me joguei de joelhos ao seu lado, pegando o seu pulso e tentando achá-lo. Não tentei chamar por ela, claramente "acordaria" com a minha movimentação afobada, mas ela não se mexeu, ela estava quente, saia uma fraca respiração de suas narinas, então aquilo me deu esperança.

— Mãe... — sussurrei, balancei a cabeça tentando afastar o pior de minha mente, a ergui em meus braços, o seu corpo era franzino, ela era pequena, e magra, aquilo não foi difícil para mim — Chama a ambulância, Jennie, agora — pedi tentando não soar desesperada, mas era quase impossível.

A menina tirou o seu celular do bolso discando rapidamente para a emergência enquanto eu deitava minha mãe no sofá, comecei a entrar em pânico pela sua demora em reação, se eu a perdesse... perderia tudo.

— Emergência o que posso ajudar?

— É a minha mãe! Ela não está reagindo aos meus chamados e nem os meus toques!

— Preciso que de acalme e que me explique o que—

— E eu preciso de uma ambulância, agora!

— Já estamos enviando um suporte emergencial a sua residência através do rastreamento da ligação, senhorita, agora me diga o que aconteceu?

— Eu acabei de chegar em casa, minha mãe estava desmaiada no chão do quarto.

— Certo, sua mãe tem pressão alta?

— Não, ela não tem.

— Sua mãe tem algum problema do coração?

— Não! Escuta, da pra parar de fazer perguntas e apenas fazer com que a ambulância chegue mais rápido?!

— Lisa, calma — Jennie repreendeu enquanto abanava um pouco de vento no rosto da minha mãe — Nada se resolve com grosseria, não escutou que a ambulância já está a caminho? — respirei fundo e assenti.

— Não, minha mãe não tem nenhum tipo de problema cardíaco.

— Sua mãe tem alguma doença?

— Ela tem alzheimer — respondi junto a um suspiro pesado, Jennie me encarou surpresa mas logo voltou a atenção para a senhora desacordada.

— Certo, os paramédicos já estão a caminho, deseja continuar na ligação até a chegada deles?

— Não, obrigada — desliguei o celular e comecei a andar de um lado para o outro, tentando pensar o que poderia ter causado aquilo. Corri até o quarto da minha mãe novamente, e vi ao lado da cama um pequena foto.

A única foto do meu pai comigo ainda pequena, estava ali no chão, apenas aquilo e mais nada, engoli tantas lágrimas que quase me engasguei ao escutar as batidas na porta. Minha mãe foi colocada na ambulância e logo atrás, em minha moto, estava eu e Jennie, seguindo o veículo sem medo do trânsito, acelerei tanto que consegui sentir o aperto de Jennie em minha cintura, quando ela fazia aquilo, eu desacelerava um pouco, mas nunca saindo da cola da ambulância.

Vi quando os médicos colocaram uma máscara de oxigênio nela e correram com a sua maca até uma sala, me sentei um pouco cansada, tonta e sem ar. Jennie se sentou ao meu lado e acariciou as minhas costas, me puxando devagar para o seu abraço, me recusei a chorar, não choraria... minha mãe não poderia me ver chorar, nunca.

— Ela vai ficar bem, Lisa...

— Você não pode ter certeza.

— E você não pode ser pessimista — rebateu — Não pode atrair pensamentos negativos nesses momentos, ela deve ter tido um mal súbito.

— Não posso perdê-la...

— Não irá perdê-la, fique calma.

Dei um leve assentida, segurando a sua mão na minha esperando por alguma notícia, aquelas horas passou como anos, eternidades eu diria, médicos e enfermeiras passavam por nós, mas nenhum com informações sobre a minha mãe, Jennie deitou a cabeça em meu peito, meio cansada, e pensei em levá-la para casa, ela não deveria me ver fraca, nem ela e nem minha mãe.

— Quer ir pra casa? — sussurrei, ela negou — Não precisa ficar aqui, deve estar com fome—

— Estou bem, vou ficar aqui e se eu ficar com fome compro algo na lanchonete, pare de tentar me expulsar, não vou a lugar nenhum.

— Parentes de Helena?

— Sou filha dela — respondi ansiosamente — Como ela está? O que aconteceu?

— Sua mãe teve um apagão repentino, isso é causado as vezes por fortes emoções, ainda mais em pessoas de terceira idade, ela está bem agora, está acordada, e até conversou um pouco comigo. Me acompanhem por favor, ela ficará em observação essa semana, por estar um pouco fraca, iremos fazer alguns exames para termos certeza.

Sorri aliviada ao entrar no quarto, ela estava meio inclinada, mas com o olhar vazio, pra frente, mal reagindo com a minha presença ali, soltei a mão de Jennie e caminhei até ela, segurando a sua mão, trazendo os seus olhos para os meus.

— Hey, mãe... a senhora me assustou sabia? — ela me encarou, durante alguns segundos, vagando pelo o rosto como sempre fez, mas dessa vez, ela soltou a minha mão, e fez uma cara de desconfiada perante a mim.

— Quem é você? É enfermeira? — comecei a tremer por inteira, engolindo seco e tentando manter os seus olhos nos meus.

— Mãe... sou eu, Lalisa Manoban, sua filha.

— Me desculpe mas... eu não tenho uma filha.

...

A namorada da minha irmã (Chaelisa - Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora