Bring Me Back To Neverland ꧁L.S꧂

꧁Adultos꧂

A juventude é conhecida pelo vigor, entusiasmo e seus demais privilégios físicos e biológicos. Quando somos jovens temos energia pra pular, dançar, correr e nos esforçar ao máximo pra aproveitar cada momento como se fosse o último, porque de fato pode ser o último, não temos conhecimento do futuro, do dia de amanhã ou mesmo o que pode vir a ocorrer em 10 minutos e isso assusta muitos adultos os deixando pensativos e estressados enquanto as crianças rodopiam pela casa e no fim do dia se colocam em suas camas macias e quentinhas, prontas pra ouvir uma história que fará com que durmam serenas enquanto os país enchem uma taça de vinho e engolem suas pílulas.

Em algum determinado momento alguém sentiu a necessidade de prender nossas vidas a um elemento circular com ponteiros e a uma junção de papéis com números e dias, e eu me pergunto genuinamente quem foi essa pessoa e o que a motivou a isso. Será que ela tinha noção do que estava fazendo?

No momento em que o tempo foi criado por nós meros humanos foi quando deixamos de ser crianças, já que se as 19h eu tenho que estar em casa com o jantar pronto eu não tenho porque apreciar o céu das 17h e dançar pela sala ao som de um bom disco as 18h. Porque não tenho tempo.

E foi ali em meio aquela criação em que nossa infância se perdeu que nós nos perdemos.

Eu não tenho tempo, o tempo é quem me tem, refém.

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- Vamos crianças desçam está na hora do jantar - Anne gritou da cozinha com uma panela de ensopado em mãos para seus três filhos que brincavam no andar de cima e por isso nem a ouviram.

Harry usava um vestido de princesa e uma coroa enquanto duelava com Hunter fervorosamente com espadas de madeira e chapéu pirata ao que Gemma revirava os olhos para os gêmeos e o cão barulhento que latia sem parar para a janela e estavam atrapalhando sua leitura.

- Será que vocês dois podem fazer o favor de calar essas bocas? Eu estou tentando ler ! - A garota já não sabia o que era silêncio desde que aqueles dois começaram a falar e andar pela casa bisbilhotando suas coisas e tirando sua paz, Clifford sempre esteve lá então ela se acostumou, o Pastor alemão que agora estava entretido olhando o céu e quieto pelo berro da garota não a incomodava mais.

- Cala boca você - Os dois garotos responderam ao mesmo tempo, o que causou uma troca de olhares vitoriosos com um toque de punhos fechados que claramente foi a gota d'água pra menina que fechou seu livro brava.

Os garotos se arrependeram do deboche no momento em que sentiram suas orelhas sendo apertadas pela garota furiosa.

- Gemma o que você está fazendo solte seus irmãos agora ! - A mãe agora parada na porta do quarto disse até tranquila pra situação que estava presenciando.

- Mamãe faz alguma coisa ela disse que vai arrancar nossas orelhas - o da esquerda disse - E vai fritar também, ela disse eu juro, não é Harry? - O da direita proferiu.

Anne se aproximou da filha colocando ambas mãos em seus ombros - Vamos jantar Gemma, deixe esses dois, eu separei um pedaço de bolo só pra você de sobremesa - A menina soltou as orelhas.

- Mamãe nós queremos bolo também - Novamente os gêmeos falaram juntos arrancando uma risada baixinha da mãe que apenas seguiu pelas escadas com a filha mais velha que sorria vencedora por achar que só ela ganharia bolo, enquanto os mais novos corriam desengonçados choramingando pelo doce. As crianças claro esqueceram do cachorro e seus latidos estéricos e suspeitos, pois o que perturba um adulto nunca perturbará uma criança.

O jantar foi monótono com Gemma comendo tranquila e educada como sempre enquanto Hunter chutava Harry por debaixo da mesa e Harry o chutava de volta causando caretas de dor em ambos.