PRÓLOGO

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30 de julho de 1990.

O barulho de trovões e galhos batendo contra as janelas ecoava por todos os cômodos da mansão, mesclando-se aos gritos atormentados dos membros da família Eom. A sinfonia de ruídos era tão violenta que fazia o chão tremer na mesma frequência que os batimentos cardíacos acelerados do jovem Minwoo, enquanto ele gargalhava ao esfaquear continuamente o corpo já sem vida de sua madrasta sobre a grande mesa de mogno no centro da sala de jantar.

Quando Minwoo se deu por satisfeito, arrancou a faca do peito da mulher com força e começou a andar na direção do quarto de sua irmã mais velha, onde ela tentou se esconder em vão.

Seguindo o som da respiração ofegante de Minyoung, o garoto parou em frente às portas do velho armário de carvalho escuro. Deu três batidas na porta, sorrindo ainda mais ao ouvir o terror na voz da mais velha enquanto ela implorava por piedade. Ignorando o pedido da irmã, Minwoo abriu a porta e a esfaqueou na cabeça cinco vezes, manchando as roupas dentro do armário com o sangue da mulher.

A forte tempestade de trovões continuou por horas, servindo como uma trilha sonora sinistra para as terríveis ações de Minwoo naquela noite de verão. O sangue de seu pai manchava as paredes do escritório, com seu corpo jogado na cadeira de couro e o telefone fixo da casa caído ao seu lado, enquanto o filho do meio, Minseok, estava caído próximo à entrada da casa, com um martelo cravado em suas costas.

Minwoo só se deu por satisfeito quando apenas o som dos trovões ecoavam pelas paredes da casa, sorrindo para si mesmo orgulhoso do que havia feito.

Seu ritual estava quase completo.

Aos poucos, o garoto de 20 anos arrastou os corpos sem vida de seus familiares para o sótão, onde o espelho que um dia havia sido o favorito de sua falecida mãe estava guardado. Minwoo começou a desmembrar suas vítimas com a ajuda de uma motosserra lentamente, formando um pentagrama com cada membro. Quando o símbolo estava completo, ele pegou o livro velho de capa de couro sobre a penteadeira do espelho e começou a ler as palavras em latim.

Cada palavra proferida por Minwoo fazia com que a atmosfera ao seu redor começasse a mudar, com o espelho sendo tingido de preto cada vez mais. Assim que terminou de recitar o que estava no livro, o Eom mais novo esperou ansioso que algo de diferente acontecesse, sorrindo para si mesmo.

Ele acreditava que aquele ritual traria sua amada mãe de volta dos mortos, sem se importar de ter precisado matar toda sua família para isso. Minwoo odiava seus irmãos, sua madrasta e, mais ainda, seu próprio pai. Em sua cabeça, apenas sua falecida mãe lhe amava de verdade, e ele faria de tudo para tê-la ao seu lado novamente.

Mas quando vozes estranhas começaram a sair de dentro do espelho, mais altas do que a tempestade que ainda castigava toda a cidade de Jeju, que Minwoo finalmente percebeu o que ele havia feito.

Aquele ritual não era para trazer sua mãe de volta.

Aquele ritual era para abrir um portal para o inferno, e Eom Minwoo havia acabado de amaldiçoar sua própria casa para sempre.

꒰👻꒱  𝗵𝗮𝘂𝗻𝘁𝗶𝗻𝗴 𝗼𝗳 𝗲𝗼𝗺 𝗵𝗼𝘂𝘀𝗲; original.Onde histórias criam vida. Descubra agora