DEPRESSÃO

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Era dia naquele momento.

"Huff ... huff ... huff ..."

Sons de passos pesados soavam na vegetação do local- passos rápidos e de mais de uma pessoa.

Duas pessoas corriam às pressas em um lugar que parecia uma floresta. A encosta em que estavam naquele momento era íngreme e eles estavam descendo rapidamente, sem hesitar ou parar, apenas tentando evitar as árvores que surgiam em frente, que eram muitas.

Um homem que aparentava estar com seus quarenta e poucos anos corria com sua filha. Ele segurava a mão dela firmemente garantindo que a pequena conseguisse acompanhar seu ritmo.

"Huff ... huff ... hufff ..."

Ele por um momento olhou para trás, uma, duas vezes, tentando encontrar algum vestígio do que os perseguia. Não havia nada. Por um curto período se sentiu aliviado, então se virou para sua filha, que demonstrava estar exausta ao seu lado, porém ainda em movimento tentando o acompanhar.

– Papai...-  Ela o chamou com a voz falha.

– Apenas continue correndo, querida... - Ele a respondeu e lançou outro olhar por cima dos ombros, se certificando de que ainda estavam seguros.

A corrida durou mais alguns minutos até finalmente chegarem a uma ponte antiga, e sem opções, imediatamente o homem direcionou ambos até ela, atravessando rapidamente sem hesitar. Já estavam praticamente na metade do caminho quando sentiram algo alcançar a ponte e a mover mais do que antes. Ele parou por um momento e se virou olhando de onde o movimento havia vindo e ali viu a criatura parada, logo no inicio da ponte as suas costas.

Ela se assemelhava a um caranguejo-aranha, porém tinha o tamanho de um cavalo. Todo seu corpo era coberto por um exoesqueleto blindado laranja com manchas brancas que desciam por suas pernas. A criatura possuía seis pernas e cada uma com cerca de um metro e meio cada e dois quelípedes (pinças) de noventa centímetros em sua frente. No centro, uma cabeça pequena que se parecia com a de uma formiga, exceto pelos olhos ausentes. A terceira e última parte do monstro era seu abdômen que se assemelhava ao de uma aranha.

"Creeeeeeeeee!" a criatura soltou um som estridente que podia ser ouvido de uma boa distância, provavelmente chamando por seu "companheiro".

Em um piscar de olhos, o homem voltou a correr trazendo a filha consigo. Ao chegarem ao outro lado da ponte, a única saída era tentar derrubá-la, mas como? Ele se lembrou da faca que carregava consigo e rapidamente a pegou levando a mesma até a grossa corda que mantinha aquela velha ponte ainda utilizável. Essa ação parou o monstro por alguns segundos, pois a ponte começou a balançar possivelmente o alertando e ficando instável durante seus movimentos.

Vendo a oportunidade como única, o homem acelerou seus movimentos tentando cortar a corda o mais rápido possível, já que a criatura havia voltado a se mexer e passava do meio da ponte naquele instante.

1 estalo... 2 estalos.

A ponte finalmente cedeu antes que o monstro pudesse alcançá-los. A criatura antes em perseguição, caiu nas águas profundas que tomavam todo local abaixo da ponte.

Demorou alguns segundos para que ela emergisse do fundo das águas calmas do rio, lutando para nadar e se manter na superfície. Não levou muito tempo para que seus movimentos começassem diminuir devido ao cansaço e assim cessar fazendo com que seu corpo finalmente flutuasse livremente na água sem vida.

O Doutor, surpreso com o que testemunhou, tirou a pequena máquina de gravação do bolso e a ligou iniciando sua gravação.

– Aqui quem fala é Doutor Kang. Esse é o relatório de número quatro-cinco-cinco. - Ele dizia olhando para a filha e para o rio. – Acabei de testemunhar um dos monstros se afogando. Embora pareçam caranguejos, não conseguem nadar ou se manter vivos na água. Essas criaturas também precisam de oxigênio para viver. Um corpo pode ser recuperado no Rio Wushu. Repito, um corpo pode ser recuperado no rio Wushu para estudo. - Ele finalizou a gravação e ouviu a voz de sua filha, baixa, mas audível o suficiente.

Untouchable - SeulreneOnde histórias criam vida. Descubra agora