CAPÍTULO 2. A aldeia (parte b)

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O jovem casal atravessou a trilha dentro da mata e chegou na porta da caverna. Entraram e desceram pelos corredores, por cerca de cem metros, até chegarem a uma cratera com um lago profundo, de águas intensamente azuladas. A água na verdade era cristalina, a cor azulada se dava pela incidência do sol e a presença de minerais nas rochas das margens do lago. Nas primeiras horas do dia, quando o sol alcançava as águas, o azul era terno, no entanto, no decorrer do dia o brilho e alcance do sol se moviam e a cor azul e se intensificava conforme o sol penetrava de forma mais direta. E foi esse azul intenso que o casal visualizou quando chegou ali.

Nagalageti e Cacaia se sentaram juntos na margem, com os pés na superfície das águas frias. O garoto passou o braço sobre os ombros da adolescente atraindo-a para mais perto dele. Ela sentiu um arrepio. As mãos dele deslizaram até a vestimenta dela, um tecido que cobria seu corpo até acima dos seios ainda em formação, e desamarrou o nó que a prendia ao corpo dela. A roupa cedeu, escorregando e deixando seu corpo à mostra. Os seios dela subiam e desciam em um ritmo acelerado, conforme os batimentos do seu coração. O garoto a observou e sentiu tentado a tocá-los, mas não o fez, porque sabia que não podia, pois, a menina ainda não era sua esposa.

Ainda assim Nagalageti colocou suas mãos sob o cabelo dela e a atraiu para si beijando-a. No início seus lábios se tocaram com suavidade. A boca dela exalava cheiro de ervas cítricas e doces com as quais eles produziam seus perfumes e essências de limpeza. Ele a puxou mais perto de si e sentiu seus seios rasparem em seu peito. A respiração dos dois se misturava, os corações de ambos estavam acelerados. Ele a empurrou com suavidade, deitando-a no solo de areia branca. O tecido que antes era a roupa dela os recebeu. Ele deslizou sobre ela, os lábios agora em um beijo mais intenso. O peito dele sobre os seios dela. As mãos dele prendendo as dela.

De repente a garota se desvencilha dele e desliza para o lado.

— Não — ela diz firme, mas com olhar intenso para ele. — Não podemos. Temos que esperar o casamento.

Ele ainda olhou de forma apaixonada mais um pouco antes de se assentar, se afastando dela.

— Desculpe. Eu sei — suas mãos voltaram ao cabelo dela acariciando-os. — É que você é tão maravilhosa que quase não consigo me conter.

— Está chegando o dia do noivado — ela disse. — E vai ser aqui mesmo que nos tornaremos marido e mulher. Já saí do período de reclusão, já sou mulher. Agora é só esperar o momento que seu pai determinar.

Ele ainda deu um beijo leve e rápido nela antes de se afastar completamente. Depois os dois entraram nas águas. Afundaram um pouco e retornaram à superfície. O Lago Azul tinha a fama de não ter fim, não ter fundo. É claro que eles sabiam que ele tinha sim um fundo. Mas nunca ninguém, mergulhando, conseguira chegar nesse fundo. E nem o visualizar. Então, ainda que mergulhassem, não demoravam muito a retornar à superfície.

Os dois permaneceram por um tempo ali mergulhando e voltando. Brincavam, na verdade. Depois saíram e se sentaram nas margens compartilhando o que viveram quando estavam longe um do outro. Aquele lugar era o preferido deles. Eles e todos os outros da comunidade sabiam que dentro da Gruta Azul, não muito depois daquele dia, realizariam a cerimônia das setenta luas, um tipo de noivado, com a promessa de que em cerca de dois anos eles se casariam.

Pouco depois voltaram para casa. Uma festa foi realizada pelo retorno do grupo. Se tivesse sido uma batalha, comemorariam a noite toda. O clã possui um jeito particular de festejar. A dança, que era também luta, se prolongaria por toda noite. Haveria muita comida e danças. Mas naquele dia não era o caso. Então a festa foi mais moderada. 

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⏰ Última atualização: Apr 20 ⏰

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