Cap - 06

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SARAH

GILBERTO— O Sarah, você precisa se acalmar, minha amiga. Vai ficar tudo bem.

Faziam algumas horas que entraram com Isis, para sala cirúrgica, e eu não tinha notícias.
Claro, de 15 em 15 minutos, eu perguntava a um enfermeiro, inútil, que só me respondia: "Ainda estão em cirurgia."  Isso lá era notícia?! Eu quero algo mais concreto.

Enquanto eu andava de um lado para o outro na sala de espera, Gilberto me observava de uma poltrona, roendo as unhas, depois de ter tomado dois calmantes. Ele chegou minutos depois, assim que ficou sabendo o que havia acontecido.

Gil, contou-me que meu pai também estava a caminho. Ele estava em uma conferência em São Paulo, mas assim que recebeu a notícia, ele deixou tudo para trás.

Eu posso não ter um bom relacionamento com o senhor Evandro, mas não tenho o que reclamar de seu convívio com Isis, ele a ama. Sei que ela também o ama, e gostaria que o avô dela estivesse aqui.

Depois que Isis entrou para sala cirúrgica, eu fiquei com medo. Eu estou com medo. O medo que afastei todos esses anos, me reencontrou. Medo de perdê-la. Medo de não ter demonstrado o suficiente o quanto eu a amo. Medo da tristeza invadir. Eu preciso ver minha filha.

—Gil, eu vou entrar lá. Eu não aguento mais. -Digo determinada em fazê-lo.

Gilberto—Sa...

Não espero ele responder, apenas corro em direção ao corredor principal. Alguns enfermeiros me olham e tentam me parar, mas eu apenas os ignoro e continuo em frente. Eu quero minha filha, e não vai ser eles que vão me impedir!.

Agradeço mentalmente ao céus, por trabalhar nos "bastidores", e saber exatamente cada instalação deste hospital.  Qual quer um que não conhece H.S.Barra, se perderia facilmente em seus enormes corredores e se confundiria total em suas inúmeras salas e consultórios..

Chamo o elevador, depois de uma "longa" espera, chego ao -1°Andar.  As portas se abrem e logo a imagem da pequena recepção aparece.
Duas recepcionistas, uma morena de cabelo cacheado e outra ruiva tingida, idade aparentemente 23 a 24 anos, estavam  conversando e param assim que notam minha presença impaciente.

—Senh.. - A morena tenta falar algo, que eu já imagino o que seja, mas logo a interrompo.

— ..Maria Isis Andrade, em qual sala ela está?!

— Senhora, não pode ficar aqui. Esse andar é só para funcionários autorizados e pacientes em caso cirúrgico. -A Ruiva, toma frente da situação.

—Você sabe quem eu sou?! Acho que não, você não seria tão burra para me dizer tal coisa. -olho-a com desgosto. — Deixe-me que eu mesma encontro.

Deixo as duas para trás sem saber o que fazer, e ando até a Ala cirúrgica. Como o esperado, o corredor estava vazio, mas havia uma movimentação na última sala. Só podia ser lá. Me aproximo mais, e por uma pequena vidraça na porta, posso ver alguns médicos com aventais azuis e verdes, todos muito centrados na paciente em suas frentes.

Empurrei a porta, e congelei-me no lugar. Havia sangue, muito sangue e uma criança estirada em cima de uma mesa, ela estava com alguns panos azuis em cima de seu corpo pequeno e desacordado. Seu rostinho estava pálido. Muito pálido.

A chama do desejo /Sariette Onde histórias criam vida. Descubra agora