Renegado A Ira da Morte

Prólogo

Muitas pessoas vivem suas vidas sem se importarem com os outros, não se incomodam, mas digo a vocês que existem pessoas piores que demônios. E essa é mais uma das histórias trágicas encadeadas por egoísmo e obsessão por poder, onde a vida de um garotinho foi destruída pela ganância do ser humano.
    – ACORDE IRMÃO! TEMOS QUE SAIR DAQUI AGORA! – A jovem garotinha tentava desesperadamente acordar seu irmão mais velho. – POR FAVOR IRMÃO ACORD....
    – Kirie é você? Que cheiro de queimado é esse? – O garoto abre os olhos ainda meio sonolento e olha direto para sua porta aberta vendo uma silhueta alta e uma baixinha, que logo associou com sua irmã. – QUEM É VOCÊ? SOLTE MINHA IRMÃ AGORA.
    O garoto ainda atordoado por acabar de acordar se levanta da cama correndo em direção a sua porta para salvar sua irmã, mas foi tarde demais, o estranho puxa uma lâmina do seu cinto e corta verticalmente os dois braços de Kirie separando-os dos ombros enquanto a segurava pelo pescoço, a garotinha grita de dor até começar a ser enforcada pelo homem.
    – KIRIEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE! – O jovem gritou em desespero ao ver sua irmã sendo morta pela figura alta. – POR QUE VOCÊ FEZ ISSO??
    – Vocês hereges devem morrer aqui como o lixo que são!
    O estranho joga o corpo de Kirie no garoto e parte para cima dele cortando verticalmente seu olho direito o fazendo gemer de dor ao cair no chão.
    – O QUE FIZEMOS PARA VOCÊS? POR QUE NOS QUEREM MORTOS? O QUE A KIRIE FEZ PARA MERECER ISSO?? – O garoto grita desesperado ao ver o que aquela pessoa fez à sua irmã.
    – O que vocês fizeram? Só pode ser brincadeira... vocês não deviam nem existir, então matar o não existente é como lembrar de algo que fez no passado, NÃO FAZ DIFERENÇA NENHUMA!
    O estranho avançou para terminar o serviço, mas foi impedido pela irmã gêmea do garoto caído no chão, ela o empurrou para um cômodo que estava pegando fogo deixando-o atordoado.
    – FUJA VALERIN! VOU GANHAR TEMPO PARA VOCÊ, LEVE KIRIE PARA ALGUM LUGAR SEGURO! – Ela gritou para seu irmão enquanto atrasava o estranho.
    – NÃO POSSO TE DEIXAR AQUI SOZINHA IRMÃ A CASA ESTÁ COMEÇANDO A DESABAR PRO CAUSA DO INCÊNDIO!
    – EU VOU FICAR BEM! – Ria continuou, mas acabou deixando algo escapar de seus olhos e Val tinha percebido isso.
    – VOCÊ DIZ ISSO CHORANDO? EU VOU TE AJUDAR!
    – POR FAVOR VAL NÃO SE PREOCUPE COMIGO!
    – COMO SE FOSSE POSSÍVEL NÃO ME PREOCUPAR COM VOCÊ, EU TE CONHEÇO E SEI COMO ESTÁ SE SENTINDO! NÃO POSSO TE DEIXAR SOZINHA! – Apesar de possuir um grito feroz, dava para perceber o medo em seu rosto. O medo de perder sua irmã, o medo de perder tudo a sua volta. Porém, ele se esforçava para manter sua integridade, queria mostrar para sua irmã que eles poderiam sair daquela situação e viver novamente em paz juntos, apesar de nem mesmo ele acreditar nisso...
    – Sim eu sei que sabe como me sinto e é por isso que estou te falando, salve a Kirie! Por favor me deixe te ajudar dessa vez, pelo menos dessa vez...
    – Ria... Ok! Mas é melhor que você me alcance, se não irei te dar bronca mais tarde! – Ele sorriu e deu meia volta para fugir daquele lugar com Kirie em seus braços.
    – Mesmo nessa situação você ainda consegue me dar coragem de seguir em frente... Obrigada Val eu te amo... Por isso sobreviva por nós irmão... – Ela sussurrou enquanto via Valerin correndo.
    – Você disse alguma coisa irmã...?
    Quando ele se virou para onde sua irmã estava o teto começou a desabar naquele cômodo, à soterrando com o assassino.
    – RIIIAAAAAAAAAAAAAA!
    “Continue correndo, ela te deu uma chance para escapar do incêndio, então FUJA VALERIN E SALVE KIRIE”.
    – Por que isso está acontecendo? – Perguntou aos Deuses chorando enquanto corria para a entrada de sua casa.
    A casa era grande e como estava desabando por causa do fogo ele estava indo pelos corredores que ainda não estavam instáveis, enquanto corria procurava pelos seus outros irmãos no caminho, mas não encontrou nenhum. Ao chegar na entrada sua visão ficou escura e sentiu algo segurando sua cabeça.
    – ME SOLTE EU PRECISO SAIR DAQUI!
    – Hereges não vão a lugar nenhum, vocês perecerão nesta casa.
    – O QUE VOCÊS QUEREM CONOSCO?
    O homem soca a cara do garoto e o joga na parede, quando Valerin cai no chão ele começa a espancá-lo até soltar sua irmã.
    – Argh! Devolva minha irmã por favor! – Implorou ao ver sua irmã sendo erguida pelo pescoço.
    “Eu tenho que salvá-la”. Tal pensamento dele foi interrompido pelo sarcasmo daquele homem que segurava sua irmã.
    – Você quer isso? Esse lixo descartável?
    – O nome dela é Kirie e ela é minha irmãzinha. NÃO A CHAME DE LIXO OU MUITO MENOS DESCARTÁVEL SEU PEDAÇO DE MER...!
    O estranho desfere um chute muito forte na barriga de Valerin que o faz vomitar.
    – Hora de acabar logo com isso. – O estranho começa a conjurar uma magia de explosão em si mesmo.
    – Fu...ja irm...ão, pelo me...nos você tem que sobre...viver por nós... – A garotinha implorava para que seu irmão fosse embora sem ela.
    – Kirie!? Não posso te abandonar, deve haver um jeito para resolver isso tudo.
    – Eu te amo... – Com seu último suspiro, Kirie tenta deixar claro seus sentimentos pelo seu irmão.
    – Ela morreu antes de eu terminar de conjurar a magia? Não esperava mais que isso de qualquer forma.
    – SEU DESGRAÇADO EU VOU TE MATAR! JURO QUE VOU TE MATAR!
    – Fale o que quiser você não vai sair daqui vivo mesmo.
    Valerin começa a correr para a porta de sua casa, mas o estranho olhou para ele e começou a rir.
    – HAHAHA VOCÊ NÃO VAI ESCAPAR HAHAHAHA!
    Na hora em que falou a magia de explosão que conjurou ativou e destruiu aquela parte da casa jogando Valerin com força na porta abrindo-a violentamente. Quando o garoto abre os olhos ele tenta se levantar e acaba caindo de joelhos.
    – Por que sou tão fraco? Não consegui salvar ninguém, nem mesmo Kirie... Como ela conseguiu amar um irmão tão inútil como eu... – Enquanto chorava o garoto amaldiçoou sua existência por ser o único a sair vivo daquele desastre.
Os olhos dele brilhavam intensamente refletindo uma luz ofuscante emitida pelo incêndio em sua casa, seu lar querido, onde planejava ter todos os tipos de memórias com sua família – sorrisos, treinos de esgrima com seu pai, o tempo precioso que passava com seus irmãos... Lentamente elas foram sendo destruídas, restando apenas cinzas e restos mortais de sua família. Seus sonhos tinham sido despedaçados, e em meio aquele episódio efêmero, uma criança devastada pelo choque, medo, tristeza e ódio deslumbrou a morte de uma vida que um dia havia sonhado, e naquele instante um novo sentimento nasceu em seu coração, uma obscuridade nunca jamais vista por ele, a ira.