Valerin, um dia aquela criança pequena e inocente, agora um homem cheio de cicatrizes e feição séria de vinte dois anos de idade, com longos cabelos pretos que brilhavam tanto quanto o de um nobre – considerados os cabelos mais bem cuidados da época – vestia roupas pretas leves e carregava consigo uma espada de uma mão.
Após dez anos treinando, a sua única companhia foi aquele sentimento obscuro que sentira naquele fatídico dia. Valerin se tornou um renegado que vagava pelas terras de Lyvitia procurando um jeito de se vingar contra aqueles que um dia tiraram tudo que lhe era importante. Aceitava todo tipo de missão para poder ter dinheiro e comprar equipamentos melhores, além de treinar bastante todo dia para ficar cada vez mais forte. Ele tinha abandonado a ideia de encontrar a felicidade, então continuava vagando sozinho, nutrindo o único sentimento que não o abandonara em sua vida, a ira daquele dia. Todas as vezes que fechava os olhos enxergava aquelas chamas ofuscantes, chamas essas que incineraram toda sua família e sua casa.
Numa bela manhã, o rapaz andava pela cidade e passeava nos becos mais ricos daquele lugar, seu olhar de ódio era visível por todos, e nem se importava com os olhares arrogantes que recebia dos nobres que lá viviam, já que não podia esquecer do seu objetivo principal.
– Eu vou achar quem fez isso e vou fazê-los pagar com suas vidas miseráveis..., mas para isso preciso conseguir mais dinheiro, meus equipamentos estão muito desgastados. – Falou consigo mesmo, pensando em que missão pegaria para conseguir uma boa quantia. Andando pela cidade enquanto procurava uma missão que desse uma boa recompensa, Valerin foi surpreendido por uma pessoa que o cutucou na nuca e sussurrou – Estais à procura de alguma coisa jovem? – Valerin instantaneamente saca a espada e a coloca no pescoço dessa pessoa, que tinha uma aparência um pouco peculiar para aquele lugar, o desconhecido vestia uma roupa colorida, usava uma máscara com um sorriso estampado em seu rosto, um bobo da corte macabro.
– Quem é você? – Murmurou Valerin.
– Sou só um viajante senhor que por acaso necessita de ajuda em umas coisas.
– E porque eu deveria te ajudar!?
– A quantia que vou lhe oferecer por esse feito irá te agradar bastante.
– Com esse tipo de máscara suspeita você não vai enganar ninguém!
– Não fale desse jeito comigo senhor cavaleiro, irei chorar...sniffsniff...
– Pare de fingir logo e me diga o que você realmente deseja comigo ou eu te fatiarei em pequenos pedaços de carne! – Valerin ameaçou.
O bobo da corte riu e deu de ombros.
– Pensei que conseguiria te fazer de bobo, que peeeena!!
– Achou que não o reconheceria, logo uma das pessoas que ajudaram no assassinato da minha família!? – Valerin gritou em fúria pressionando mais a espada no seu pescoço o fazendo sangrar pouco a pouco enquanto o corte ficava mais fundo.
– Calma afobadinho! Não vim aqui para te atrapalhar, mas sim para te oferecer uma chance de vingança contra aqueles que você considera seus inimigos! – Gritou desesperado para que o cavaleiro não o matasse.
– Qual o motivo de você fazer isso para me ajudar? Não posso confiar em algo tão suspeito e logo vindo de um lixo como você! – confuso com o que aquela pessoa falou continuou mantendo sua espada fixa em seu pescoço.
– Cala a boca e me escute seu inútil. – Exclamou o palhaço. – Como eu disse não vai ser de graça e você irá ganhar uma boa recompensa me ajudando, além do dinheiro tenho uma oferta inegável...
– E qual seria essa oferta?
– A localização das pessoas que ordenaram o assassinato de sua família...
– Por que eu deveria confiar na sua informação e te ajudar? – questionou a oferta duvidosa que acabara de ouvir.
– Hihihi, você sabe muito bem a resposta da sua pergunta bobinho. Afinal eu estava junto e vi sua família sendo morta bem devagar, foi bem triste... sniffsniff. – brincou com os sentimentos de Valerin, o deixando ainda mais nervoso com ele. – Meu nome é Gyria Niverya e posso te ajudar em sua vingança.
Gyria se afastou lentamente de Valerin, o fazendo ficar em alerta e com a espada em mãos pronto para matá-lo a qualquer vacilo que cometesse. O bobo da corte olhou para ele e deixou uma carta cair no chão perto dos pés do Valerin e sumiu na escuridão do beco em suas costas. Curioso com aquela carta, pegou-a do chão e abriu:
” As pessoas que você procura estão bem protegidas, e para ser bem sincero seus equipamentos te levariam a morte certa contra eles, então lhe proponho uma oportunidade, a chance de acabar com todos eles de uma só vez. Mas você precisa melhorar muito mais, tanto em equipamentos quanto em esgrima. Me encontre ao meio sol de amanhã na Floresta de Tierra. Beijinhos da pessoa que te ama, eu mesmo o Gyria hihihihi.”
– Aquele desgraçado!! – Gritou enquanto amassava a carta que lhe foi dada e a jogou fora. – Mesmo sendo suspeito já é alguma coisa, para quem só andava por aí sem pista alguma. Mas não vou cair em sua armadilha óbvia, irei me preparar e matar todos aqueles envolvidos no assassinato de minha família.
Valerin iria se preparar para o amanhã, ele precisaria completar missões para conseguir dinheiro, e ele sabia o lugar perfeito para isso, O Mural da Guilda. O Mural continha vários tipos de missões variando entre escolta, caça e proteção a coleta de materiais. As missões onde a recompensa acabava sendo maior eram as de caça à monstros, elas eram divididas em diferentes categorias: Selvagens, Demônios, Dragões e Ancestrais.
– Minha classe não é alta o suficiente para pegar categorias acima de Selvagem... então vai ter que ser ela mesmo. – Valerin aceita uma missão de caça à cães zumbis que atacam vilarejos na calada da noite e se dirige ao local para se preparar. Chegando lá observou que o vilarejo era pequeno, com várias casas feitas de madeira e pedregulho, com plantações e criação de gado nos cantos protegidos com cercas. Ele se sentou no telhado de uma casa feita de madeira na entrada do vilarejo para esperar seus alvos. Estava frio, porém Valerin não conseguia pensar em outra coisa a não ser em como ele protegeria a vila.
– Apareçam logo suas monstruosidades, não me façam perder tempo e dinheiro com vocês! – Gritou enfurecido.
Logo após Valerin gritar os cães surgem da floresta ao lado do vilarejo e começam a correr para adentrar na vila. A sede de sangue era visível nos olhos dos monstros. Valerin saltou do telhado sacando sua espada contra seus adversários, o primeiro cão do bando pulou em sua direção de boca aberta, Valerin ajustou sua posição e fixou suas pernas no chão, levantou sua espada e a mirou na boca do monstro, perfurando-o até suas entranhas. Os outros dois monstros foram atacá-lo após o primeiro ter sido feito de espeto de carne apodrecida, os cães o arrodearam e atacaram dos dois lados – Mortos deveriam continuar mortos. – Sussurrou Valerin enquanto girava sua espada em um movimento circular, partindo os dois monstros ao meio deixando suas carcaças caírem no chão. Sua lâmina cintilava com a luz do luar, refletindo uma luz roxa do sangue apodrecidos dos cães.
– Que tal você aparecer logo!? Escondido, mas não invisível, não dá para disfarçar sua intenção assassina?
– COMO OUSA ATRAPALHAR MEUS PLANOS SEU CAVALEIRO DE MERDA!?!? – surge uma sombra encapuzada de dentro da escuridão que estava a floresta.
– Magia negra: Auferstehung der Toten – Mortos começam a surgir do solo de todos os lados. – Morra seu cavaleiro imundo!
– Deixe-me corrigir um equívoco que vocês lixos andam cometendo ultimamente, NÃO me confunda com aqueles merdas que não fazem nada de útil! – Valerin ruge e em um piscar de olhos aparece atrás do encapuzado. – Morte pela Lua Oculta... – Pronunciou suavemente sua habilidade, enquanto guardava a espada em sua bainha.
– Seu ataque nem fez.... – Sua cabeça caiu de seu pescoço e começou a rolar no chão até ser parada pelo espadachim. – Mortos devem continuar mortos. – falou em voz baixa ao destruir seu crânio com o pé, sujando o arredor todo de sangue e fazendo assim todos os mortos que se levantaram desintegrarem.
– Veremos o que aquele palhaço tem para me oferecer. – Pensou consigo mesmo, indo embora do vilarejo.
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Renegado A Ira da Morte
FantasiaEu fui aquele que perdeu tudo, agora serei eu a pessoa que tirará tudo de vocês. Esse é o mundo em que vivemos, essa é Lyvitia. Acompanhe a vida problemática de Valerin nesta história cheia de traição, morte e Vingança.