Capítulo V - Decisão Fatal

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Ao amanhecer Valerin se arruma para ir caçar Whisperyss em Zatyrius. Enquanto andava até seu cavalo ouviu uma agitação na Guilda, parecia que algo grande iria acontecer hoje para os aventureiros.
– Nós vamos para Zatyrius matar o Ancião dos mortos vivos, Whisperyss!! Se preparem meus companheiros, não vai ser como suas outras caçadas, essa vai ser o começo da nossa história como o melhor grupo de aventureiros derrotando um Ancião! – pronunciou um cavaleiro de armadura dourada para todos ali presentes.
– OOOOOOOOOOOOOOOOH! – os aventureiros gritaram em comemoração ao grande pronunciamento de seu líder. – Nós seguiremos suas ordens Comandante Krania.
– Partiremos de imediato, temos um longo caminho até as catacumbas.
O grupo de aventureiros consistia em dez Clérigos, cinco Magos, cinco Ladinos, cinco Arqueiros, quatro Paladinos e quatro Guerreiros, incluindo os membros do grupo de Zeta. Todos estavam preparando seus cavalos, até que Krania viu Valerin preparando seu cavalo também e foi em direção a ele.
– O que um lixo como você faz aqui? Minha visão queima ao te ver. – falou com tom ignorante e de nojo à Valerin.
– Não te interessa e, quanto mais sua visão queimar menos vai me ver, vejo que você sai na vantagem... – Valerin é interrompido por Krania ao agarrar seu casaco.
– Quem te autorizou a me responder? Um lixo como você não deveria direcionar suas palavras a mim, me dão vontade de vomitar.
– Tire suas mãos de mim agora.
– E se eu não o fizer?
– Agora! – Valerin faz uma expressão assustadora e Krania o solta ao sentir temor por aquela pessoa.
– Por que está tremendo caro Comandante? – Valerin zombou.
– Não estou tremendo seu lixo, não tem como eu ficar com medo de um renegado como você.
– Acabou de assumir que sentiu medo de mim hahahaha.
– CALE SUA BOCA DESGRAÇADO! – gritou Krania sacando sua espada contra Valerin.
– Tem certeza de que quer fazer isso aqui e agora Comandante?
– O que você quis dizer? – ele olha em volta e percebe o alvoroço que estava causando por nada. – Vou te deixar sair livre só hoje, mas na próxima vez que nos virmos, eu irei te matar.
– O momento que deseja está próximo não se preocupe, mas quem vai morrer é você. – Valerin o ameaçou.
Krania foi para o seu grupo e começou a discutir sobre suprimentos que precisavam e se já estavam todos prontos para partir.
– Parece que você não é muito popular senhor Valerin. – Zeta se aproximou dele de forma amigável.
– O que você quer? – respondeu Valerin.
– Eu vim agradecer por ter nos salvado, muito obrigado, se você não tivesse aparecido não sei o que aconteceria conosco.
– Provavelmente teriam morrido, esse é o destino dos fracos.
– O que você disse seu arrogante!? – gritou Nina.
– Garota, você é surda por acaso?
– Seu.... Agora entendo por que ninguém gosta de você e eu só queria ser gentil com você.
– Sinto muito, mas o motivo está bem errado, mas não importa, era só isso?
– Sim, senhor Valerin, obrigado pelo tempo que nos deu e desculpe pelo incômodo.
– Por que está tratando-o com tanta gentileza? Ele foi ignorante com você Zeta!
– Não importa como ele reaja ou o que pense, nada muda o que ele fez por nós naquele momento.
– Zeta... Me desculpe também senhor arrogante. – Nina tentou desculpar falhando miseravelmente.
– Tanto faz, isso não me importa.
– Ora seu.... – Nina ficou emburrada.
– Valerin, seu manto, esqueci de te devolver ontem. – Nikko tentou falar com ele.
– Pode ficar. – respondeu Valerin subindo no cavalo e partindo em direção às catacumbas de Zatyrius.
– Val.... – Nikko ficou pra baixo.
– Não fique triste Nikko, pelo menos agora é sua e sempre vai te lembrar que foi ele quem o salvou. – Lia tentou animar Nikko.
– Pensando por esse lado você está certa Lia, muito obrigada! – respondeu Nikko, agora bem animada com a ideia de ficar com o manto de Valerin.
– Estamos partindo! – anunciou Krania para todos os aventureiros ali presentes. – Que comece a caçada!
Seriam 2 longos dias de viagem até chegarem nas catacumbas, e até lá deveriam estar atentos a qualquer ataque inimigo. Enquanto cavalgavam, os grupos conversavam entre si e determinavam a melhor estratégia a ser seguida na luta contra Whisperyss.
– Se eu não me engano seu nome é Lia, não é? Por que está me seguindo? – perguntou Valerin.
– Sim s-sou a Lia, eu t-tenho uma p-pergunta para você. – Surpresa e com sua timidez respondeu Valerin.
– E qual é? Não posso perder tempo falando contigo.
– Vai ser rápido não se p-preocupe, eu p-poderia fazer parte do seu g-grupo?
– Não, era só isso?
– Eu sei o que você passou Valerin.
– Como é que é? – Ele se levanta furioso. – E o que você saberia sobre o que eu passei?
– Eu t-também perdi minha família e fui r-renegada do meu lar e todo meu status de nobreza, assim como você.
– E como sabe sobre mim?
– Eu e-estou te procurando desde 10 anos atrás, porque foi nesse m-mesmo dia que eu perdi tudo que me era importante... Desde esse d-dia eu não conseguia mais f-falar direito pelo trauma, só depois de e-encontrar com aquele grupo do Zeta que comecei a falar n-novamente, e ainda tenho d-dificuldade com quem não c-conheço direito, mas você é diferente Valerin.
– Em que eu sou diferente?
– Eu vi s-seus olhos depois daquilo, você está buscando vingança contra aqueles que destruíram sua vida, mas eu não... Eu fugi como uma c-covarde, não quero mais s-ser assim, então por favor me a-aceite como sua discípula. – Lia se ajoelha no chão.
– E o que isso me beneficiaria?
– Nossos inimigos são os m-mesmos, Gyria e seu grupo, os Jokers, eu descobri isso investigando um p-pouco. Eles mataram nossas f-famílias naquele dia, e agora não vou mais fugir... Eu irei fazer justiça a todos aqueles que destruíram minha vida. – Seus olhos queimavam de ódio.
– Parece que não está mentindo, seu olhar foi tudo que precisou para me fazer acreditar, só quem passou por aquilo sabe como é a dor de perder tudo de repente..., mas ainda assim eu não irei te aceitar como minha discípula.
– Posso p-perguntar o porquê?
– Porque não estou a fim e você só iria me atrapalhar.
– Eu... Não vou c-conseguir te fazer m-mudar de ideia?
– Não, agora volte para seu grupo, vai ser um saco se acharem que algo está diferente então aja normalmente, suma.
– Ok...  – Respondeu Lia indo embora.
Depois que Lia voltou para o acampamento, Valerin decidiu ir dormir em cima da árvore para evitar de ser atacado enquanto dormia e de ser incomodado novamente.
– Você é fraco, não consegue fazer nada, inútil! – Valerin acorda com o sol iluminando toda a floresta ao seu redor. – De quem foi essa voz?
Valerin levantou e se aprontou para terminar a viagem até Zatyrius, pegou seu cavalo e partiu. Algumas horas se passaram e Valerin conseguiu ver a entrada para as catacumbas, uma visão horrenda de vários corpos estirados no chão apodrecendo, mas eles não continuaram parados ali, na presença de Valerin os mortos começaram a se levantar e partir para cima dele. O rapaz saca sua espada e com seu cavalo abriu caminho em direção a entrada da catacumba cortando as cabeças dos mortos dos seus lados e os mortos na sua frente eram esmagados pelo cavalo, os seus corpos estavam frágeis pelo tempo que passaram decompondo naquele lugar, qualquer impacto os matava rapidamente. Quando chegou na entrada o grupo de aventureiros apareceu logo em seguida e mortos começaram a surgir do chão para impedir os invasores.
– Eu não teria passado tão facilmente se esses mortos tivessem aparecido antes. – Pensou Valerin. – Me deixaram entrar por algum motivo, devo me preparar para qualquer imprevisto.
O odor podre que impregnava nas profundezas daquela catacumba fazia qualquer um que a sentisse vomitar, Valerin usava uma máscara para impedir que o odor entrasse totalmente em seu nariz. Enquanto descia mais e mais os monstros se tornavam mais fortes, alguns tão poderosos que mesmo "mortos" várias e várias vezes pela espada de Valerin continuavam se levantando e regenerando cada parte cortada do corpo sem exceção. Valerin decidiu deixá-los no chão e partir direto para seu objetivo no fundo de Zatyrius onde se encontrava seu rei, o Ancião Whisperyss.
O grupo de aventureiros estava alguns andares acima de Valerin, seguindo em frente purificando cada inimigo com a magia dos Clérigos, Expurgo, que botava as almas daqueles mortos para descansar e encontrar seu caminho para a pás e não naquele vida onde não tinha consciência e só sabia ficar com fome e querer mastigar alguns seres vivos.
– Não estamos tão longe de nosso objetivo principal, a cada andar os inimigos ficam mais fortes, nós vamos conseguir derrotar o Ancião que aterroriza os humanos por séculos!! – Krania gritou com convicção para seus aliados, eles se sentiram inspirados pelas palavras dele e continuaram em frente.
Ao chegarem no último andar avistaram um portão enorme, a sala onde o Ancião fica, e o abriram imediatamente. A primeira visão que tiveram foi de um suposto corpo com as mesmas roupas de uma certa pessoa.
– Valerin? VALERIN!? – gritou Nikko em desespero correndo até o corpo dele.
– Nikko NÃOO! – Zeta tentou impedi-la. – Deve ser uma armadilha!
– Armadi...AAAA ME SOLTA, EXPURGAR! – Nikko foi pega pelo suposto corpo, um morto vivo disfarçado com as mesmas roupas de Valerin e o mandou para os Deuses.
– Você está bem Nikko? – perguntou Lia.
– Sim, muito obrigada pela preocupação Lia. – Nikko respondeu agradecendo a preocupação que Lia teve por ela.
– Se preparem, aí vem o rei dessa catacumba! – Krania avisou todos do grupo, a batalha estava prestes a começar.
– Como ousam invadir meus aposentos humanos? – um ar de tensão foi posto sobe a sala, pressionando todos ali, fazendo alguns tremerem de medo da presença que acabara de surgir. Whisperyss, o Ancião dos mortos vivos, Rei de Zatyrius, um morto vivo com mais de dois metros de altura com aparência grotesca e mais assustadora que qualquer outro morto vivo que já viram, seu braço direito não tinha mais carne então usava uma manopla como armadura braçal dos ossos expostos, corpo musculoso com vários ossos aparecendo e com cicatrizes de batalha expostas, usava grevas negras como armadura da parte inferior do corpo, sua aura intimidava até os outros Anciãos. – Me respondam humanos, se vieram aqui devem estar preparados para morrerem!
– Pelo contrário Whisperyss, nós viemos te derrotar aqui e agora! – Krania o respondeu a altura.
– AHAHAHAHA, faz tempo que não me faziam uma piada dessas, não aguentei a risada perdão. – Whisperyss caçoava dos aventureiros. – Esse o objetivo que buscam, que pena, mas é impossível para vocês.
– Nós vamos te mostrar do que somos capazes. – Continuou Krania com peito estufado mostrando sua confiança.
– Vou lhes mostrar algo muito melhor do que suas capacidades... Agora vocês estão me vendo, agora não estão mais. – Whisperyss despareceu com um sorriso grotesco estampado no rosto. – E agora vocês morrem!
– CUIDADO KRANIA! – um dos Paladinos do grupo pulou instantaneamente com seu escudo para proteger seu líder, sendo esmagado como se fosse nada.
– Isso era uma mosca? Foi mais fácil do que imaginei... Que decepção. – Whisperyss zombou daquela pessoa que acabara de salvar a vida de Krania.
– COMO OUSA DESGRAÇADO!? – Krania gritou em fúria e partiu para cima do Ancião sem preparo nenhum.
Buriel correu e o deu um empurrão para impedir a burrice de seu companheiro, alertando sobre o plano óbvio de seu inimigo.
– Caia na real Krania, perdeu a noção? Você quase foi para uma armadilha óbvia dele. – repreendeu o líder do grupo.
– Mil perdões pelo meu descontrole Buriel e muito obrigado, agora formação de batalha meus companheiros, vamos derrubar esse monstro aqui e agora! – deu as ordens de início a batalha mortal contra o Ancião.

Renegado A Ira da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora