lost.

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      Todos perdidos. Mas principalmente Noah. Não perdidos no sentido literal, mas perdidos em suas mentes. Estavam sujos de lama, sujos de sangue, o cheiro metálico era forte, na boca do Noah aquele gosto se espalhava, e ele estava afundando em seus próprios pensamentos, se afogando, perdendo o ar que ele nem precisava.

     — Segure-se a realidade. — Drake deu um empurrão em Noah, que o fez piscar os olhos rapidamente, voltando para a realidade, voltando para o inferno. Estavam descendo, as ruínas do inferno eram silenciosas, e aquilo era agonizante. Eles não tinham certeza se Josh estava lá, e se ele não estivesse tudo estaria perdido, Mackenzie estava... morta? Mas se ele estivesse tudo poderia estar perdido também. Quanto tempo ele ficara preso? O coração de Noah estava começando a ficar apertado novamente.

     E então, eles chegaram. Sina não estava mais presente, ela não podia entrar no inferno enquanto era humana, Sabina poderia enlouquecer, ela era um ser imortal, não tinha lugar no céu e no inferno desde que nasceu. Estavam apenas Spencer, Drake e Heyoon. O inferno estava uma zona, Lucy estava desaparecida, todos lá estavam fazendo o que bem entendessem e quando Drake chegou, ficaram amedrontados.

   — É aqui. — Drake parou, em frente a uma caverna antiga, que parecia que podia desabar a qualquer momento. E realmente podia. Ele quem deu o primeiro passo. Não podia ser tão fácil. Podia?

     Ele continuou entrando na caverna, mas no seu quarto passo, ele foi praticamente lançado para fora da caverna. Uma careta se formou no rosto de Noah ao ver Drake se espatifando no chão.

    — Eu vou! — Spencer começou a caminhar até a caverna, mas Drake se colocou na frente dele, rosnando enquanto a encarava. — Saia da minha frente. Você não pode me impedir de ir salvar o meu... o Josh.

   — Sei que o ama. Mas se acontecer a mesma coisa com você, assim como acabou de me acontecer, você vai morrer! Não pode tocar no chão do inferno, fada. — o jeito que Drake pronunciou fada, foi como um insulto, Spencer deu um passo para trás, abalada. Enquanto Noah estava prestes a entrar na maldita caverna.

    Ele caminhou, andou, contou seus passos. Três. Quatro. Esperou. Cinco. Seis. Olhou para frente, viu a grande caixa preta que parecia mais um caixão com grandes símbolos.

    — Noah! — Ele ouviu a voz de Drake. — Você não pode liberta-lo! Aquela vadia... nos enganou. Você é um demônio inferior, se abrir, vai ficar preso no lugar de Josh. Só eu poderia abrir, e parece que eu não posso entrar.

    Noah escutou aquelas palavras e ignorou cada uma, ele seguiu em frente, olhou os símbolos, passou a mão pela caixa, e seus olhos se encheram de lágrimas.

    — Eu vou salvar você. — ele sussurrou. — Não importa o que me custar. Não importa se eu... ficar preso aí dentro. Não importa. Eu só quero que você esteja bem. Sei que a Spencer vai fazer de tudo pra cuidar de você, e sei que você não é igual ao Drake. Ou pode ser, afinal, o filho da puta tem uma parte boa dentro dele.

    A voz de Noah falhou, suas mãos estavam tremendo e ele soltou uma risada, depois de ter passado por aquilo tudo, depois de ter se apaixonado por Josh e pelos seus três  jeitos, anjo, demônio e humano. Ele era perfeito, e Noah nunca o esqueceria, mesmo se passasse mil anos preso dentro do seu inferno particular.

    — Eu te amo, Joshua. — Ele deixou escapar. — Você nunca foi capaz de ouvir, e talvez nunca será capaz de ouvir essas palavras, mas eu te amo. E estou fazendo isso por você.

   E então ele abriu. Abriu a porta e deixou que o Josh caísse, e foi praticamente puxado para dentro da caixa. Como se o objeto estivesse tirando a sua essência, tudo de bom que ele sabia que existia. Mas tinha uma coisa que aquela maldita caixa não poderia tirar. Suas lembranças do sorriso de um certo loiro dos olhos azuis. O sorriso de Josh era a sua salvação. Ele fechou os olhos, mas era obrigado a abri-los, a sentir tudo aquilo. Os gritos, a dor.

   Noah passou uma hora tentando não chorar. Já tinha se passado uma hora? Quase duas. A dor apenas crescia. Quando ele pensava que tinha acabado, quando ele pensava que aquilo era tudo que ele aguentava de dor, vinha mais.

   Noah estava perdido em sua própria mente. Em seu próprio corpo, ele não o conhecia mais, não sabia quem era e o que estava fazendo, estava perdido, totalmente perdido. Ele não sabia o que era real, toda vez que ele pensava que algo bom era real, aquilo era tomado dele, tirado de seus braços, e estavam chegando na parte de sua mente em que o Joshua ficava. Iriam tomar o Joshua dele. Ele ficaria totalmente sem nada, apenas com as lágrimas solidárias de dor e angústia.

   Ele estava ali a quanto tempo? Ele passou por tanta coisa, e parecia que só estava a três horas ali. Mas tudo parecia passar mais rápido, ele ia para o futuro, presente e passado, e tudo doía. E os pensamentos de esperança, de talvez estarem achando uma forma de tira-ló de lá, eram totalmente esmagados. E ele apenas conseguia se encolher e chorar, chorar, e chorar. Ele nem se lembrava mais o porque tinha feito aquilo, apenas afundando, afundando, e afundando. 

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