Transformada pela Guerra (Degustação)

Capítulo 24

Jake Evans

Ver o esquadrão sumir atrás da porta lateral do Capitólio foi ao mesmo tempo um alívio e uma agonia. A partir daquele momento eu não conseguia mais acompanhar os passos deles e não tínhamos qualquer tipo de comunicação que não fosse visual. Nosso único comunicador estava comigo e, quanto aos outros aparelhos, um estava com Juggs e Crowley e o outro com Trevor e Roth. Até que o esquadrão encontrasse o marechal e o cabo dentro do Capitólio, eu não tinha qualquer forma de me comunicar com eles e saber o que estava acontecendo.

Portanto, eu só podia esperar e observar. Não levou muito tempo depois que o esquadrão entrou no prédio, para os guardas voltarem, andando agitados, virando para trás, olhando para todos os lados. Empunhando suas armas, os dois falavam em seu idioma, alto, claro e em tom raivoso, apesar de eu não conseguir entender sequer uma palavra do que diziam.

Mesmo depois de anos no exército e tendo participado de diversas missões no Afeganistão durante o período de conflito pré-guerra, eu nunca tinha conseguido aprender o idioma do inimigo. Só Ed tinha conseguido e normalmente traduzia para mim. Agora, até que o cabo fosse resgatado, eu teria que me virar sem entender o que os homens na rua abaixo diziam.

Ao meu lado, Holly e Alicia observavam a rua com cuidado. Seguindo minhas ordens, as duas estavam bem escondidas pela parede, os corpos abaixados tensos enquanto se projetavam para a frente para que os olhos ficassem acima do parapeito da janela, as mãos apoiando para impedir que se desequilibrassem e caíssem sentadas no chão, sem vista para o Capitólio e a movimentação na rua. Apesar das minhas tentativas, a curiosidade e a preocupação as impediram de sentar com calma e relaxar. Honestamente, quem conseguiria relaxar em um momento como aquele? Eu não poderia culpá-las.

Conforme os guardas se aproximavam mais do posto de vigia que haviam deixado minutos antes, sua discussão parecia aflorar cada vez mais. Percebi quando as mulheres ao meu lado se entreolharam, mas não tirei meus olhos dos soldados afegãos que agora gritavam sem parar um para o outro. Nem sempre quando os inimigos discutiam entre si era um bom sinal.

Quando subiram a escada que os levaria de volta à porta pela qual o esquadrão tinha acabado de passar, outro homem veio correndo na direção deles. A voz desse último soou ainda mais alta que a dos guardas e eu rangi os dentes.

Eu não precisava entender o idioma afegão para saber o que estava acontecendo. Mesmo que eu também não pudesse ver a insígnia no uniforme do homem que chegou correndo por causa da distância, sua atitude me dizia o suficiente. Eu podia não conhecer sua patente, mas conhecia o esporro de um oficial militar quando via um.

Os soldados se encolhiam diante do homem, que, diferente deles, não fazia muitos gestos. A porta desprotegida entre eles provavelmente era prova suficiente de que os dois soldados estavam errados, mas isso não impediu que eles tentassem se explicar, fazendo gestos amplos que indicavam a porta, o caminho para o jardim botânico e, estranhamente, o próprio corpo, como se tentassem descrever alguém.

Tenso e com os dentes rangendo ainda mais, segurei minha arma com força.

Eu não sairia de onde estava antes da hora, é claro, mas isso não impedia que meu sangue corresse mais rápido nas veias. Os guardas estavam contando ao oficial exatamente o que tinha acontecido, descrevendo Holly e Alicia e tudo o que tinha acontecido até que voltassem ali de mãos vazias. Quanto tempo levaria até que aquele oficial começasse a procurar pelas mulheres rebeldes que tinham tirado os guardas de seus postos? Ou, pior ainda, quanto tempo levaria para que ele percebesse o que realmente tinha acontecido e alertasse os homens dentro do Capitólio de que o prédio tinha sido invadido?

Soltando a AK para impedir que Alicia Jackson se levantasse por causa da ansiedade em perceber o mesmo que eu, só pude observar enquanto os homens na lateral sul do Capitólio me davam a resposta para minhas perguntas.