Os filhos de outro mundo

Capitulo 2: Conhecimento

Parte I

16 de abril de 2022

Estou bem longe de qualquer aldeia, procuro por informações sobre esse mundo diariamente, mas parece que estou mesmo preso aqui até que o objetivo seja concluído. É uma pena, por mais que esse mundo tenha lugares maravilhosos.

(Como será que osoutros sobreviveram aqui por tanto tempo?) — Penso enquanto caminho pelo deserto. Bom, provavelmente não encontrarei essa resposta tão cedo, principalmente estando nesse deserto sem fim.

Desde que parti da última cidade, comecei a seguir uma pista que infelizmente me trouxe a um enorme deserto. O Sol está acabando com toda a estamina que tenho, parece que eu não me preparei o suficiente para esse lugar, ou pelo menos não me avisaram que eu precisaria de poções de resistência a calor, já que esse lugar é a definição de inferno. Estou andando a horas e para todos os lugares que olho só é possível ver areia e mais areia, alguns cactos e plantas que retêm água das poucas épocas de chuva desse lugar. Acredito que chova em torno de 3 vezes por ano, o suficiente para as raras criaturas e plantas terem água.

Haviam relatos que se eu começar a achar pirâmides, estaria perto do local certo, mas começo a acreditar que me enganaram ou estou perdido, e sinceramente prefiro a segunda opção, porque se eu tiver sido enganado após gastar aquela quantidade de moedas para encontrar informações, vou ficar com muita raiva daquele velhote. Sigo uma pista sobre uma pessoa que vive aqui nesse lugar há anos e só vai para a capital uma vez ao mês. Boatos dizem que ele sabe muito sobre como viemos parar aqui e talvez ela possa me ajudar, mas primeiro tenho que sobreviver. Meus recursos ainda estão cheios por algum milagre, porém, tenho que economizar ao máximo, pois não sei quanto tempo ficarei no deserto.

Com sorte, acho uma ravina onde posso passar a noite. Esse lugar é fundo e mais a frente, vejo algumas aberturas de cavernas que possuem estalactites que podem cair a qualquer momento na minha cabeça. Então melhor não ir muito para o fundo. Uso minhas habilidades de sobrevivência para acender uma fogueira, me deito ao lado dela na tentativa de me manter aquecido durante a noite gelada, torcendo para não ser atacado por nenhum animal enquanto durmo. Acordo e no primeiro instante vejo que alguém passou por ali, pois tentou roubar a comida que deixei perto da fogueira, me levanto e saco minha espada esperando ser atacado e para minha surpresa vejo uma criança assustada.

- Quem é você, pequenino?

Ele ignora minha pergunta enquanto olha para a comida e fala:

- Comida... Fome...

- Vamos fazer assim, me diga seu nome e eu te darei um pouco da comida, ok?

-Red... Meu nome é Red!

Foi nesse momento que algo estranho toma meu corpo, um frio enorme que não sei o motivo, mas ignoro e foco em Red que parece estar sem comer a dias. Vou chegando mais perto e tento ver suas feridas, mas ele recua com medo – Faz sentido ele recuar, um estranho chegar muito perto e mexer em suas feridas, o torna mais estranho ainda – Tento acalma-lo dizendo que não o irei machucar e que só quero ajudar. Ele reluta um pouco, mas aceita minha ajuda e novamente para minha surpresa, vejo algo em seu braço que lembra uma palavra e acredito que esteja em japonês. Não reconheço o significado e isso me assusta mais. Ele começa a me levar para dentro da caverna onde obviamente não gostaria de ir desde o começo. Sou convencido, após Red me dizer ter algo lá que eu gostaria de ver, tive esperança de serem as respostas às minhas perguntas. Depois de alguns minutos descendo, chegamos ao tal lugar e foi então que vi: Era enorme, uma estátua de um monstro de areia com uma cauda cheia de espinhos e uma boca enorme com dentes afiados que pareciam mais lâminas de espadas do que dentes. Seus olhos eram brancos e vazios e cada vez que eu chegava mais perto daquela coisa, a sensação de medo aumentava. Red parecia não se importar com aquilo, como se fosse normal, mas faz muito sentido até porque ele deve morar ali a vida toda.