Uma Nova Chance

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Olhei o relógio em meu pulso, enquanto a minha outra mão mexia o macarrão na panela. Desligo o fogo, pego a panela usando a luva para não me queimar e despejo a água quente na pia e o macarrão no escorredor próprio para ele.

Deixo escorrendo sobre a pia, sigo até a geladeira a abrindo e pegando os ingredientes o qual precisava para aquela macarronada ao molho vermelho. Cortei os legumes, triturei o alho e coloquei na panela para refolgar tudo de uma vez junto com o molho de tomate.

─ Cheiro bom. ─ ouço a voz de Helena atrás de mim, olho em sua direção a vendo sentada no banco do balcão de mármore me encarando com um sorriso simples nos lábios.

Ela vestia um hobby de cetim de cor preta, seus fios longos soltos e um pouco úmidos, seu rosto sem qualquer requisito de maquiagem, porém, a feição de cansada ainda se encontrava ali presente.

─ Quantos dias que não está dormindo direito? ─ a pergunto, despejando o macarrão no molho e mexendo com o fogo ligado.

─ Uma semana. ─ ela disse. A olho espantada, sob o meu olhar, ela abaixa a cabeça encarando o mármore do balcão.

Decido me manter calada, julgar, não seria um bom momento para Helena. É notório o quão devastada ela está com essa separação, mas algo a mais está acontecendo e eu irei descobrir.

─ Pronto. ─ desligo o fogo. ─ Onde estão os pratos? ─ Helena aponta para a parte superior do armário, me aproximei do mesmo, o abri e peguei dois pratos e, na gaveta, pego dois garfos e, na porta do meio, dois copos. ─ Irei colocar a comida, enquanto esfria faço um suco. ─ ela apenas assentiu.

Fiz tudo em menos de cinco minutos, coloquei o que sujei na pia e me sentei ao seu lado no balcão.

─ Suco de maracujá? ─ ela pergunta dando um gole na bebida.

─ Sim, você precisa relaxar. E nada melhor que um belo suco de maracujá gelado para te dar o que necessita. ─ dou um sorriso jocoso, ela sorri sem mostrar dentes e, em seguida, encara a comida dando a sua primeira garfada.

─ Hum... uau. ─ ela gemia satisfeita com a comida. ─ Kath... está maravilhosa! Havia esquecido o quão bom é o seu tempero. ─ ela coloca a mão na frente de sua boca a tampando enquanto me elogiava.

─ Se deve falar de boca cheia. ─ a repreendo com um sorriso. ─ E que bom que gostou. ─ ela assentiu e continuamos a comer em silêncio.

Após termos finalizado a refeição, recolho os pratos, talheres e copos os levando até a pia, onde lavei tudo o que havia sujado. Minutos seguintes terminei e fui fazer companhia a Helena, que se encontrava na sala de estar assistindo a algo na TV. Me sentei do seu lado no sofá.

─ Você quer me falar o que aconteceu? ─ a pergunto acabando com aquele silêncio entre nós duas.

─ Assinei o divórcio ontem a noite. Benny chamou Theo para conversar sobre a sua viagem repentina para o outro lado do mundo que durará um ano e seis meses.

─ Por que isso te afetou? Não é bom?

─ Sim, é bom, mas... ─ ela suspira pesadamente. ─ Theo irá reagir mal, pode pensar que o pai está se afastando por minha causa, ou pior, por nossa causa.

─ Por isso foi me procurar? Você tem medo do Benny ir embora, não voltar e quer que eu... substitua o seu lugar?

─ O que!? ─ ela me encara assustada com o meu dizer. ─ Por que pensa nisso? Eu fui a sua procura pois confio em você e precisava de alguém. Um suporte e você... você é o meu... meu suporte. ─ diz baixo a última parte da frase com vergonha.

O seu dizer faz o meu coração acelerar dentro do meu peito, e as borboletas se agitam em meu interior. Seguro sua mão entrelaçando nossos dedos, ela me encara sem entender a minha atitude. Dou um sorriso para a deixar confortável e ela retribui apertando seus dedos nos meus.

─ Gosto quando as suas bochechas ficam vermelhas. ─ comento tendo certeza que iria deixa-lá ainda mais envergonhada, o que teve sucesso, só não imaginava que ela acertaria um tapa em minha coxa com a sua mão livre.

─ Para! ─ me repreende.

Encostei a minha costa no sofá, ela me encarou, mas logo fez o mesmo deitando a sua cabeça em meu ombro esquerdo. Ficamos em silêncio, encarando a televisão, sem prestar atenção na programação, apenas aproveitando a nossa companhia e o carinho que fazíamos uma na outra.

Não sei por quanto tempo, mas foi tempo suficiente para Helena adormecer. Quando notei que a mesma dormia serenamente em meu ombro, me levantei sem fazer movimentos bruscos para não acordá-la e a deitei no sofá.

Aproveitei que ela estava dormindo e me dei a liberdade de ir até a cozinha para beber água. Ao matar a minha sede, retornei até a sala e me sentei no sofá vazio. Fiquei ali durante um tempo até Helena dar indícios de que iria acordar, ela se remexe e logo abre os olhos a minha procura.

- Oi. - ela diz se sentando na cama. - faz tempo que durmo? - me pergunta

- Não, faz só uns minutinhos.

- Você deve está cansada, se quiser pode ir para casa, aliás, Theo chega já. - ela fala.

─ Não irei deixa-lá sozinha, principalmente por não esta bem. ─ argumento. ─ Aliás, aproveito para ver o nosso filho. ─ digo, e a vejo sorrir largamente.

─ Sempre quis ouvi-lá chamar o Theo de filho. ─ sorrio docemente.

─ Agora que sei a verdade, tudo o que mais quero é ser presente na vida dele.

─ E você vai. Ele é um bom rapaz. ─ sorrimos uma para outra.

Antes que qualquer outra coisa fosse dita, a porta se abre. A nossa atenção se direciona a pessoa que acaba de adentrar a sala e nos encara com olhos curiosos.

─ Theo...─ Helena sussurra, ela dá um sorriso e se levanta caminhando em direção ao filho.

Nos pegando de surpresa ele a ignora e caminha em direção dos degraus. Helena para bruscamente no caminho e observa o filho subir os degraus sem dizer qualquer outra palavra.

─ Theo! ─ o chama, mas obtém respostas do mesmo.

─ Vá falar com ele. ─ digo, me aproximando dela e segurando seus ombros.

─ Acho que a conversa com Benny não foi muito boa. ─ ela comenta, dando um suspiro cansado. - Bom, obrigado por ter ficado comigo, Katharina. - me agradece dando um sorriso sem mostrar dentes.

- Não me agradeça, faço tudo por você. - acaricio o seu rosto, dando uma passo a sua frente.

Nossos olhos conectados, de repente, o clima é outro.

- Melhor você ir. - ela sussurra, aparentando voltar do seu transe.

- Sim, é melhor eu ir. - repito sem me afastar.

Em um momento de coragem e determinação, aproximo nossos rosto ficando centímetros de distância. Sinto sua respiração bater contra o meu rosto, fecho os meus olhos e deixo meu corpo fazer o que tanto estava necessitando durante anos.

Um selar de lábios. Nada mais, apenas um selar de lábios. Suspiramos juntas, como se aquilo fosse... Não sei explicar.

- Me ligue caso precise de algo. - digo, me afastando. Ela assente, sem conseguir argumentar.

Dou um sorriso e caminho em direção a porta. Helena continuou parada no centro da sala, enquanto eu abri, sai da casa e fechei a porta.

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⏰ Última atualização: Jan 14 ⏰

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