𝐌𝐄𝐌𝐎𝐑𝐈𝐄𝐒 © 𝐁𝐔𝐂𝐊𝐘 𝐁𝐀𝐑𝐍𝐄𝐒

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Todas as suas amigas — e funcionárias — estavam ocupadas. Edie e Ana faziam anotações, organizavam os pedidos e tentavam manter todas as mesas limpas. Mas você, estava entediada. Sua rotina era alternada entre estudar para faculdade e ir trabalhar em um estabelecimento de bebida, que possuía mais idade que você e todas as funcionárias somadas. Não que isso não fosse atrativo, pois realmente gostava de estar entre as paredes azuis claras e alguns enfeites velhos pela parede.

Trabalhar ali, te deu muitas amizades e oportunidades que sozinha, nunca pensou que fosse ter algum dia. Você descansava o queixo sob a mão e brincava com uma caneta qualquer no seu bloquinho de notas vazio em cima do balcão.

Mas algo tinha mudado naquele dia, quando o pequeno bar da esquina passou a ser interessante quando um homem de boné e cabelos meios cumpridos sentou-se na mesa mais afastada da fileira.

E mesmo que tivessem muitas pessoas bebendo ultimamente, não era todo dia que um homem atraente passava pela porta. Olhou para os lados de forma rápida, percebendo que as duas amigas tinham tirado um intervalo e só sobrará você ali.

— Olá. O que você irá pedir? — Tentou aproximar-se de forma cautelosa antes das palavras saírem dos meus lábios.

Ele não parecia tão bem, já que mesmo cuidadosa com seus movimentos, o assustou ao ponto de olhar discretamente por debaixo do boné azul escuro que prendia seus fios castanhos atrás das orelhas.

— Você pode me trazer a coisa mais forte que tiver, por favor? — Sua voz rouca preencheu o ambiente enquanto você fingiu anotar o pedido no bloquinho que carregava no bolso do avental.

Sorriu minimamente para se afastar até passar entre a divisão do balcão e observar as diversas garrafas de bebidas entre as prateleiras. Uma das coisas que mais gostava dali, era que mesmo por ser um bar, não se prendia ao título, conseguindo vender até doces e café para acompanhar as pessoas que não tinham o costume de ingerir bebida alcoólica.

Passou seu olhar por todas as embalagens para puxar a garrafa azul, escolhendo a bebida El Diabo. Desde que você tinha experimentado numa noite com suas amigas, Edie e Ana, jurou nunca mais terminar em cima da mesa da balada tentando tirar a roupa. Servindo a bebida em uma taça, uma pequena risada surgiu em seus lábios ao recordar daquele momento.

— Aqui. Isso seria a coisa mais forte da casa. — Falou quando se aproximou novamente da mesa, mas agora com a taça em uma pequena bandeja para servi-lo. 

— Obrigado.

Ganhou um singelo gesto com a cabeça e esperou você voltar ao balcão para tomar de uma vez a dose do líquido dourado. Com tempo disponível e sem clientes para atender, o dono dos cabelos longos tomou toda sua atenção, mesmo que de longe. Percebendo alguns olhares trocados e o desconforto visível dele, resolveu balançar a cabeça e voltar a realidade, já que daqui a algumas horas iria receber os fornecedores para abastecer o estabelecimento.

Começou por arrumar algumas coisas da bancada, com seu teor de organização inflando. Signo de virgem, né? Quando precisou se abaixar por alguns minutos para transferir os recipientes vazios das garrafas e voltou a se levantar, o lugar agora estava vazio e alguns dólares embaixo do copo na mesa.

— Mas... — Murmurou confusa.

[...]

Já era quase hora de encerrar o expediente, você sempre tinha mania de contar os últimos minutos pela tela do celular e sair correndo para não perder nenhuma maratona de suas séries televisivas favoritas. Sendo a última das funcionárias a ficar para fechar tudo e deixar o lugar humanamente possível de se viver.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒, 𝘮𝘢𝘳𝘷𝘦𝘭Onde histórias criam vida. Descubra agora