Capítulo (03) - Recomeços são Inevitáveis

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Por alguma razão, meu corpo se encontrava em um estado desestabilizado, o que cogitava ser minhas emoções a flor da pele. 

Minhas mãos soam um pouco, meu coração parecia querer expelir pela minha garganta a qualquer momento, enquanto minha cabeça e olhos pesavam, diante a um cansaço excessivo e dor basicamente leviana. Minha vontade era cair na cama, enquanto meus sentidos não me permitiam ter uma noite merecidamente tranquila. 

Quando apontaram 3 horas da manhã, meu corpo estava boas horas adiantado, por decidir que me despertar no meio da madrugada e a única sensação que tomaria conta do meu ser, era uma ansiedade e perguntas constantes seria sua escolha; talvez por ser um dia importante, do qual não vivencio todos os dias, entretanto almejava estar descansado — e este objetivo estava sendo praticamente impossível de ser correspondido. 

Sentei sobre o acolchoado, entre a medida silenciosa do quarto me consumindo internamente. O hospital se levava por poucos barulhos e o desespero dos médicos, visto que as madrugadas nunca deixavam de serem daquela conhecida maneira, o que fazia o lugar ganhar uma sensação ao mesmo tempo que leve e fora do comum, estranhamente pesarosa.

Todavia, minha mente deveria agradecer por este momento de resiliência, aos invés de ficar questionando pela falta de afincadas noites pelos mesmos problemas, que traziam um sentimento ruim e culposo.

Meu quarto já não estava em suas devidas decorações, toda a áurea de Jeon Jungkook havia sumido daquele cômodo, guardado sobre malas e deixando para tomarem seu lugar em outro momento. Sim, eu sempre costumava ir embora com a cabeça firme para retornar, o que não era comum do ser humano. 

O problema era me darem tantas promessas, das quais eu sabia que não iriam cumprir. E eu já havia tomado consciência de toda esse desastre, depois de muito tempo sendo levado por esperanças. 

Eu poderia estar extremamente feliz e comemorando a minha alta, entretanto, não sabia quando voltaria, e se voltaria ainda vivo. 

Minha doença tinha essa especialidade de deixar cada pequeno detalhe incerto. Enquanto poderia esperar qualquer deslize, minha opção continuava por nunca se entregar por inteiro a essas grandes conquistas, visto que o azar me perseguia e a paz era habitável a curto prazo. 

Tudo era uma parede branca e insignificante, sem um pedaço de mim se fazendo presente, que ousasse causar as sensações da minha energia, que era conhecida de longe por qualquer um dos médicos que somente entrassem por ali. 

Eram quadros e vidros de tinta aquarela que mais consumavam parte do meu recinto, as únicas partes coloridas e vivas, salvando em meio a um neutro que, para muitos, era considerado por cores carregadas de um "sem graça". 

Meus pertences estavam transbordando para fora da mala, levando o dobro do que haviam chegado de começo. Pensar numa mala maior sem dúvidas foi uma grande intuição, tirando as coisas que ganhava uma vez e outra de pessoas pelo hospital. Alguns colegas de quarto ao lado, que por um milagre consegui fazer uma "amizade", fizeram agrados para guardar e levar como lembranças. 

Um deles tinha câncer de tireóide e, consequentemente, pulmões comprometidos iguais aos meus. A diferença era que o transplante não existia para o seu caso e foi o que fez eu me sentir extremamente horrível; outro com um tipo de doença rara. Eles eram fofos, um era mais velho e outro mais novo, nada que fosse uma distância tão grande. Não posso esquecer as grandes besteiras que fizemos no hospital, para aplacar os problemas que tínhamos em comum — ou quase.

Era compreensível que Lee Souyoung fosse daquele jeito mais rígido, as vezes eu tinha o dom de deixar a mais velha com os cabelos brancos e mais preocupada. 

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⏰ Última atualização: Sep 18, 2022 ⏰

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