Brilhe

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Acordei com meu celular tocando, o que era estranho já que só minha mãe costumava me ligar. Atendi a chamada com uma certa dificuldade, e enfiei o celular entre o travesseiro e meu ouvido, bastante sonolento.

– Urrea?

Disse uma voz familiar, mas não o suficiente pra alguém com no máximo um neurônio funcionando. Acabei por não responder, quase pegando no sono de novo.

– Noah!? Tá aí? É o Josh!

Dei um pulo da cama, já despertando, e fui desesperado para pegar o celular, que estava quase caindo da cama.

– Ah, oi! Desculpa, acordei agora, ainda não tô raciocinando muito bem. Pode falar. – Falei com uma voz meio manhosa.

– Caramba. É que já vai dar duas da tarde, e você não mandou mensagem nem nada, aí resolvi ligar.

– Duas da tarde!? Porra!!! Como eu consegui dormir tanto... Enfim, pode vir aqui, vou te mandar o endereço. Vou te esperar na frente de casa, vai vir de quê?

– Vou de skate mesmo. Quer dizer, depende do quão longe é.

– Okay, okay, vou mandar, tchauzinho.

Desliguei a chamada, e fui correndo até a caixa de SMS, onde tinha umas 24 mensagens do Josh, o que me fez rir meio sem jeito. Esse garoto... Mandei minha localização em tempo real e rapidamente fui me trocar. Botei um short e uma regata preta, e corri até a frente de casa, cambalenado em alguns móveis ou paredes.

Demorou alguns minutos até que o garoto chegasse, foi até mais rápido que eu imaginava. Acenei ao perceber o mesmo vindo da esquina, com um sorriso no rosto. Ele rapidamente veio até mim, levando o skate até a mão numa manobra rápida.

– Oi... – Disse ofegante – Até que sua casa não é tão longe da minha, mas eu realmente deveria ir mais devagar... E meu Deus, parece que você foi atropelado por uma duzia de caminhões de carga.

Fiz uma careta pro loiro, rindo nasalmente.

– Acabei de acordar, já disse. Agora vem, você tá exausto.

Entrei em casa com o mesmo, logo pedindo pra ele sentar no sofá enquanto pegava um copo d'água. Ele também estava com uma regata preta, mas tava com uma calça jeans e um tênis daora. Quem anda de calça num calor desses? Levei o copo até o Josh, e me sentei ao seu lado.

– Olha, você vai ter que me ver preparar comida. Aparentemente não tem nada pronto e eu poderia engolir três carretas cheias de caixas de pizza.

O outro apenas concordou com a cabeça ao terminar de beber água e foi comigo até a cozinha, onde se sentou no balcão enquanto me via procurar algo pra preparar – e acabei querendo o de sempre, hambúrguer.

– Você mora só?

– Não, não. Mas fico bastante só. Então eu sempre tenho que dar um jeito de me virar sozinho.

Com tudo que precisava na bancada, comecei a preparar um belo hambúrguer.

– Deve ser legal. Tipo, viver assim, meio independente. Eu dependo bastante dos meus pais.

– Realmente é, mas também é sempre bom ter uma companhia, esse é o lado ruim.

Assim que pronto, levei o prato com o hambúrguer até uma mesinha redonda e me sentei de frente para o garoto. A verdade é que eu não sabia exatamente como ajudar ele nesse emaranhado de coisa, mas queria tentar, e iria até o final com isso.

– Então, sou todo ouvidos. Vamos começar do inicio, quando ela começou a ficar exatamente assim?

Comecei a comer assim que soube que poderia ficar algum tempo sem precisar falar algo.

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