Um pouco de frustração é sempre bom

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Estava com o Josh no sofá, ele já tinha se acalmado mais, mas nós não sabíamos ainda o que poderíamos fazer agora. A Any tava putassa atrás dele, mas ele não aguenta mais ter que conviver com ela. Talvez ele só precise de um pouco de tempo sem ela.

- Josh. E se você dormir aqui hoje? Tipo, você avisa aos seus pais que tá aqui e pede pra eles não falarem nada para a Any. Ou sei lá.

- É uma boa idéia. Eu tô precisando de uma noite sem me preocupar tanto. Vou ligar para os meus pais, já volto.

O garoto saiu em disparada ao banheiro, parecia contente, e isso me alegrava. Me aconcheguei melhor no sofá, a inquietação dele já estava me deixando desesperado.

Escutei o som de notificação em meu celular, e rapidamente o tirei do meu bolso. Era a Sina, graças a Deus.

"olha, meus pais alugaram uma casa de praia em santa monica a algum tempo, e eles deixaram eu ir pra la com alguns amgs, c ta afim de ir? chamei a heyoon, sabi, e a jô, c pode chamar mais algum amg se quiser, responde o mais rápido possível, a gente vai viajar em 3 dias.", Joshua, pensei. Essa pode ser uma ótima oportunidade pra ele, se ele puder. Ele precisa de uns dias sem essa energia pesada que tem pra ele nessa cidadezinha de merda. Me virei ao ouvir os passos do garoto se aproximarem, com um enorme sorriso no rosto.

- Quer ir pra Santa Mônica comigo?

O loiro me olhou confuso, voltando a se sentar ao meu lado.

- Primeiro, minha mãe deixou eu dormir aqui e não vai contar pra Any. Segundo, quê?

- Primeiro, que ótimo! Segundo, a Sina me chamou pra ir pra uma casa alugada que a família dela tem lá, e falou que eu podia chamar algum amigo. Eu ainda pensei em chamar o Krys, mas você me parece uma opção melhor.

- Você vai mesmo deixar de chamar seu namorado, peguete ou algo do tipo pra me levar?

- Sim. E ele não é exatamente nada meu, a gente já teve um rolo, mas, nhe. E você ta precisando bem mais disso. Ficarei muito feliz se você for... - Até mais do que eu deveria, eu acho.

- Okay, amanhã eu tento falar com minha mãe. Ela me deixou dormir aqui, então talvez deixe eu passar uns dias num lugar a alguns minutos, certo? Além de que eu sempre quis ir em Santa Mônica. Aliás, o que vamos fazer hoje?

- Qualquer coisa que faça você se distrair. Seja, sei lá, jogar alguma coisa, tentar cozinhar algo, ou coisas do tipo.

- Olha, tem uma coisa que pode parecer estranha, mas eu sempre quis fazer. Você tem esmalte?

O olhei com um sorriso de canto, balançando a cabeça lentamente em afirmação, e segurei no pulso do rapaz, correndo com ele até o meu quarto, onde o fiz sentar na minha cama, e vasculhei o quarto a procura da minha bolsinha de esmaltes.

- Aqui está! - Peguei a mesma, e joguei na cama, me sentando ao seu lado. - Qual cor vai querer e quantas unhas quer pintar?

O garoto abriu a bolsinha, vendo com cuidado os esmaltes que eu tinha. Ele parecia estranhamente encantado, era bom ver a carinha dele daquele jeito.

- Acho que só duas unhas dos dedos anelares, e vou querer esse preto!

Peguei o esmalte, e segurei a mão do rapaz, começando a dar leves pinceladas em sua unha.

- Sabe, Urrea... Por algum acaso, sua mão me deixa meio seguro. Tipo, quando você segura meu pulso, ou faz um carinho enquanto eu choro. É estranho, mas tão confortável...

O garoto ficou sem jeito enquanto falava - e eu também -, e tenho que admitir que ouvir aquilo me deixou com o coração quentinho.

- Que bom saber disso! De verdade. Estarei aqui pra segurar sua mão sempre que precisar.

Fiquei meio vermelho ao perceber o que tinha falado, ficando ainda mais sem jeito. Pintei sua outra unha, e acabei aproveitando pra pintar as minhas num azul escuro com umas carinhas sorridentes pretas. Me deitei na cama ao terminar, e o garoto fez o mesmo ao meu lado.

- E agora? O que quer fazer?

- Não sei. Talvez ficar um pouco por aqui e depois jogar algo, se tiver algum jogo, claro.

- Sim, tem sim. Eu tenho uns joguinhos aqui no computador, podemos jogar.

- Então pronto! Aqui tá tão aconchegante. Fazia tanto tempo que eu não me sentia assim.

Sorri bobo, balançando a cabeça em negação. Acabei me perdendo em seus olhos azuis, desviando totalmente o olhar ao me dar conta de que ele estava percebendo. Ficamos ali em silêncio por algum tempo, de vez em quando ambos faziam alguma palhaçada ou uma brincadeira. Depois jogamos uns joguinhos bestas no computador, o que rendeu boas risadas. Acho que até eu tava precisando de um momento assim.

Depois de algum tempo, paramos um pouco pra ficar novamente na cama, já bem perto do jantar, e da minha mãe chegar. Como eu explicaria a ela de última hora que um amigo dormiria aqui? Era pra eu ter ligado pra ela antes de sugerir isso... Mas agora já era. O garoto parecia já estar meio cansado. Me sentei na cama, o olhando com um sorriso de lado, com uma possível boa idéia.

- Joshua, hoje à noite, terror, chocolate e pipoca, topa? Claro, depois do jantar, acho que vou pedir hambúrgueres. Mas cê topa?

- Nossa, sim! Apesar de eu ter bastante pavor de filmes de terror, mas vamos! Aliás, você pode pedir os hambúrgueres agora? Minha barriga tá bem vazia...

- Pra já patrão! Já volto.

Dei continência em forma de brincadeira, e fui até a cozinha, onde peguei o telefone de lá e liguei para a lanchonete, pedindo três hambúrgueres, caso minha mãe também queira, e já peguei as coisas que precisava pra preparar o brigadeiro. Logo chegou o outro atrás de mim, me virei rapidamente para o olhar, e ele parecia meio sem jeito.

- Vai, pede.

- Como você... - O garoto pareceu surpreso, mas apenas balançou a cabeça. - É que assim, eu meio que tô precisando de um banho, mas né, tô sem roupa. Então eu posso usar uma sua?

Ele parecia uma criancinha pedindo algo para algum adulto, o que me fez soltar uma leve risadinha. Era fofo.

- Claro. Eu até te daria a sua blusa, mas ainda não lavei. Pode pegar a toalha e as roupas que quiser no meu guarda roupa, fique a vontade.

O garoto deu um sorrido em agradecimento, e voltou para o quarto. Terminei de preparar o chocolate, e o coloquei na geladeira, e logo depois o cara da entrega chegou com os pedidos. Os peguei, e coloquei na mesa de jantar. Fui no quarto para chamar o Josh, e assim que abri a porta, acabei me dando de cara com o Josh pelado - por sorte, com a bunda virada pra porta, seria trágico ter que dar de cara com o Joshinho. O loiro virou o olhar pra porta ao perceber o barulho, e eu, envergonhado, bati a porta o mais rápido possível e me sentei encostando na porta, completamente envergonhado. Caralho, Noah, custava bater na porra da porta?

EstranhosOnde histórias criam vida. Descubra agora