Capitulo II - Relatório

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  Uma hora, foi o tanto que conseguiu dormir. Passou a noite acordado pela sua mente, ainda assim não conseguiu chegar a uma decisão, mas fez uma lista mental de possibilidades. Precisava cumprir suas obrigações. Seus deveres tão inadiáveis quanto as respostas que duas crianças sentadas a sua frente reivindicavam.

— A mamãe e papai já 'tão vindo?

Sasuke lembrava que essa mesma cena aconteceu no dia anterior e o dia anterior a esse, a sequência era a mesma sempre. Depois da pergunta de Ōmtsu eles se encaravam por no máximo dez segundos, respirava fundo e respondia:

— Eu não sei, deve demorar um pouco.

O rosto de Ōmtsu se contorcia em confusão soltando a mesma pergunta dos dois dias passados.

— Um pouco quanto?

O Uchiha seguia seu roteiro e desconversava.

— Um pouco é um pouco. Levantem e vão tomar banho.

Esperou que a nova rotina seguisse: as crianças levantavam, recolhia suas roupas e direcionavão-se ao banheiro acompanhadas por uma funcionária – Apesar de tudo, o homem ainda não sabia como cuidar e lidar com crianças. Sua surpresa foi perceber Ōmtsu ainda sentado e um rosto choroso, tentando formular algo, porém, sendo cortado por um soluço forte.

— A-a ma-mamãe foi-i embola-a e dei-ixo a-azenti — falou em meio aos soluços.

Akemi intercalava o olhar entre os mais velhos sem enteder o que acontecia no momento, mas ao perceber o outro em prantos tornou a choramingar.

Sasuke era incapaz de parar a lamúria das crianças. Novamente se encontrava perdido em uma realidade que nunca cogitou presenciar. Ser delicado, calmo e paciente não adequava-se a sua personalidade. Se empenhou ao transmitir gentileza em suas palavras.

— Vocês devem se acalmar  — aguardou que o choro diminuísse e prosseguiu — Agora... Vocês estão sozinhos? — teve um balançar de cabeça de Ōmtsu em negativa, a mais nova apenas repetia os movimentos sem entender — Estão sob cuidados? — uma resposta positiva — Estão bem? — outra afirmativa — É isso que importa, se estão bem zelados, seus pais também estão felizes e orgulhosos. — achou suficiente, aliviando a tensão momentânea — Não quero ter que dizer uma terceira vez. Banho. — encerrou a conversa.

— Vamos Mi-chan — juntou as mãos pequeninas e rumou para o banheiro com suas roupas em mãos.

Não pretendia mentir. Não respondeu as dúvidas do menor diretamente, possuindo um pouco mais de idade compreenderia a mensagem não dita. Ainda assim, continuava com a decisão de que não seria ele a dar aquela notícia.

  Enquanto aguardava saírem do banho, começou a redigir o relatório, decidiu inicia-lo e mais tarde considerava informar ou não que as crianças estavam sob sua responsabilidade. Não podia predizer como o alto escalão reagiria sobre o assunto, temia receber ordens de abandonar as crianças a favor de próximas missões, essa possibilidade o fez lembrar que seria impossibilitado a continuar sua jornada e completar missões. Não poderia – e não queria – se instalar em Konoha por um longo tempo, traria problemas para si de todas as formas possíveis, uma tremenda dor de cabeça. Necessitava, com urgência, encontrar alguém.

Com o retorno dos pequenos foi sua vez de se arrumar e partiram para a cidade comprar o café da manhã. Na volta passaram por um bosque, onde foi implorado uma pausa para brincarem, o Uchiha se rendeu e descansou abaixo de uma árvore observando-os correr. Aquela cena o transportava para a época de sua infância com o falecido irmão, recordações felizes inundaram seu consciente,  deixando escapar um pequeno levantar no canto da boca.

Fios Vermelhos (CORRIGINDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora