Terra das Almas Perdidas

Capítulo 10

-Ali! – Sasuke apontou antes de preparar uma flecha, por sorte a minha já estava apoiada entre a corda e a madeira, pronta para o disparo.

Ergo o arco e puxo a corda rapidamente até a lateral de meu rosto, sentia as penas da flecha coçarem contra a área, as gotas de suor querendo começar a aparecer e minhas bochechas vermelhas e quentes por conta do esforço.

Miro no veado e solto a flecha a tempo, mais um segundo e ele teria fugido. Caminho até o animal fechando seus olhos e retirando a flecha de seu peito, o tiro foi certeiro, ele não sofreu. Amarro seus pés com a corda entregue por Sasuke e o coloco sobre minhas costas.

Ao todo já tínhamos pegado cerca de dez aves e dois veados, talvez mais dois e estaria bom. A base de nossa alimentação é corne vermelha e mesmo com os fazendeiros entregando a carne de boi, senhora Mikoto e Sasuke gostavam de carne de veado.

-Vamos, tem uma clareira ali perto junto com um córrego, deve ter animais que param para beber água. – Diz o homem apontando o caminho. Nos escondemos atrás de uma pedra, conseguimos ter bastante visão e bons ângulos daqui.

-Por que você e sua mãe gostam tanto de carne de veado? – Não resisto a curiosidade e pergunto, ele para pôr um instante e logo um puxar de lábios toma seu rosto anteriormente sério e concentrado.

-Quando eu era menor nós comíamos muito, era a comida favorita de meu pai. Veado feito no quintal com batata assada. – Fico curiosa com o prato. – Nós colocamos a carne em uma espécie de fogueira e deixamos o dia inteiro, alguém tem que ficar olhando. Sempre era meu pai e Itachi que olhavam o fogo enquanto eu descascava as batatas com minha mãe.

-Parecia ser divertido. – Ele solta uma pequena risada, uma lembrança provavelmente já que seus olhos brilhavam.

-Era sim. – Passa a mão direita na cabeça bagunçando ainda mais os fios. – É por isso que não consigo acreditar que Itachi tenha orquestrado tudo isso, por isso não consigo imaginar ele lutando com meu pai. – Seus olhos começaram a ficar tristes e seu sorriso desaparecer.

-Não vamos pensar nisso agora. – Disse colocando minha mão direita sobre sua bochecha em um pequeno carinho. – Me conte mais sobre a carne. – Ele tombou a cabeça em minha mão.

-Minha mãe, eu acho que ainda tem uma espécie de panela, ela é bem grande e no jardim tínhamos um apoio de ferro e um buraco parecido com um pequeno poço. – Ao mesmo tempo em que falava ele tentava exemplificar com as mãos, tornando sua expressão animada incrivelmente fofa. Já tinha tirado minha mão de seu rosto a essa altura. – Meu pai colocava fogo dentro desse poço e prendia essa panela nos apoios, pareciam ganchos. Minha mãe usava seus temperos na carne e na água que ia para dentro da panela. A carne ficava cozinhando o dia inteiro para podermos comer durante a noite. Minha mãe preparava as batatas e comíamos isso, era divertido. Quantas vezes já não cortei as pontas dos dedos e minha mãe brigou comigo enquanto meu pai tentava livrar minha barra. Itachi tentava fugir do fogo ou sair do tédio, nisso ele já se queimou muitas vezes tanto propositalmente quanto sem querer.

Estava prestando atenção na história de Sasuke até que o som de um galho quebrando próximo ao riacho me fez ficar alerta. Um alce. Miro a flecha em seu peito rapidamente antes que ele fuja. A flecha se encontrou com a de Sasuke que se fincou no canto esquerdo do peito do animal, já a minha no lado oposto.

-Bom tiro. – Digo já saindo do esconderijo. – Acho que esse você terá que levar. Chuto que tenha cerca de uns 80 quilos. – Analiso o animal abatido e retiro as flechas de seu peito.

-Tenho uma ideia melhor. – Me volto a Sasuke. – Vou me transformar o você prende tudo em minhas costas, assim temos mais chances de conseguir levar tudo de uma vez.