Capítulo 3 - Pra que escola?

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''O Gibiromeu não gosta de escola. Nossa. Ele vai ser um merda no futuro. Se for pra ser nerd, que ao menos seja rico. Nossa, reclama do nome, mas faz juz à ele''. Essas são as coisas que eu já ouvi. De vinte e sete pessoas diferentes. Sim, eu odeio escola. Não estudar, odeio escolas. Pra que um prédio enorme, cheio de adultos que te odeiam, cercado por adolescentes que TAMBÉM te odeiam, e fazem brincadeiras babacas o dia todo?

Às vezes me dá vontade de atear fogo naquela porra. Não pra matar todo mundo, mas pra acabar com aquele prédio maldito. E se, por um acaso, alguns caras da minha sala estivessem lá dentro... OPS. Coincidências acontecem. Se minha prima estivesse lá dentro também, não sei... Amarrada pelos braços, ops, outra coincidência.

Começando pela estrutura. Pra chegar na minha sala, eu tenho que andar tipo daqui até Vênus. Quase Vênus mesmo, porque é um calor do inferno. Minha mãe paga quase trezentos reais de mensalidade, e a escola têm uns mil alunos, e trinta professores. Como não sobra dinheiro para colocar ar-condicionados? Pra trocar essas lousas de giz que atacam a minha rinite por quadros brancos? Por que não melhorar a estrutura para não precisar colocar colunas NO MEIO DA SALA. É sério isso. Têm colunas no meio da sala. Se você não senta nos cantos, é impossível enxergar o professor, que sempre fica em um ângulo ruim para mim, o que eu acho ser de propósito. Serzinho filho da puta.

Nada contra professores, mas há muitos por aí que aproveitam da pseudo-autoridade para contar mentiras e serem filhos da puta. Há um grupo de oito alunos que bagunçam e xingam o professor de: ''Jacinto chupa cabeça de pinto'', e o professor apenas chama a atenção e mais NADA. AGORA EU??? Uma vez eu virei para trás para responder o meu amigo, e ele me trocou de lugar. Eu recusei, e mandei os argumentos de que há ''pessoas'' na sala que bagunçam muito mais, e ele simplesmente me mandou para a diretoria. 

Isso é revoltante, e muito claro. Como é um covarde, maldito e filho da puta, não tem coragem de chamar a atenção feito gente dos garotos enormes, do tamanho dele. Quanto a mim, eu sou a descarga de raiva que ele não conseguiu soltar. Eu sou aquele peso que você soca no fim do dia quando o seu chefe chama você de inútil após você ter dado duro e estudado o dia todo. Eu sou o lápis que você quebra quando vê a garota que gosta dando em cima de um ''macho alfa''. Eu sou simplesmente alvo dos covardes que não são corajosos o suficiente para encarar quem são do tamanho deles.

Isso resume muito porque eu odeio a escola, porém há um dia especial em que nunca me esquecerei.

Eu tinha uns catorze anos, sei lá... Dos 7 aos 15 eu sempre fui do mesmo tamanho, então nem me recordo, mas acho que foi na sétima série. Os garotos tiraram uma foto de mim enquanto eu estava comendo de pé na cantina, e usaram Photoshop nela, um programa de manipulação de imagem BEM CUZÃO. Você faz o que quiser com aquela merda, e os filhos da puta usavam muito bem. Eles tiraram todo o fundo, removeram minhas roupas e colocaram um pinto bem pequenininho e, ao fundo, um bar de gays pelados dançando e se esfregando em mim. Na foto original minha boca estava cheia de lanche de hamburguer, então eu nem preciso dizer o que eles colocaram nela na edição.

Se isso não bastasse, eles imprimiram DUAS MIL CÓPIAS, distribuiram os panfletos na entrada e fizeram cartazes por todos os cantos. 

Aí eu lhes pergunto: PRA QUE? POR QUE? Foi engraçado? Foi, pra caralho, mas eu não ri, porque foi comigo. Sim, não sou hipócrita quanto a isso. Se tivesse sido a cuzona da minha prima, eu teria rido mais do que quando ela foi vomitada. Mas ela tem um motivo MUITO BOM para ser odiada, e eu? Eu não fiz nada. Eu tava quietinho, apreciando meu lanche, nas companhias de ninguém, já que eu ainda não tinha amigos. Hoje eu tenho três.

Eu concretizei vingança aos oito garotos que trabalharam naquilo e, depois de muitos dias, eu comecei... Comecei a maior sacanagem que eu fiz na minha vida a alguém. Me arrependo da maldade? Um pouquinho... Um pouquinho nada. FOI. DO. CARALHO!

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