𝙇𝙤𝙨𝙩 𝙄𝙣 𝙔𝙤𝙪

Capítulo 2

"When you're alone
l'll reach for you
When you're feelin' low
l'll be there too"

- Sweet / Cigarretes After Sex

(Quando você estiver completamente sozinho. Eu irei até você. Quando estiver se sentindo triste. Eu estarei lá também)

~•~•~

As celebrações de Natal e Ano Novo foram boas, recheadas de momentos agradáveis com minha família e amigas, mas havia uma sombra que pairava sobre tudo: o silêncio de Brian. Ele não havia me desejado nem feliz Natal, nem feliz Ano Novo, e eu, teimosa, não ousei dar o primeiro passo. Meu orgulho era como um muro intransponível entre nós dois.

A ausência dele, tanto física quanto emocional, durante as festas fez com que eu me sentisse ainda mais distante. E essa distância, esse vazio crescente, me machucava de um jeito que eu não sabia como lidar. Era uma dor surda, que se instalava no fundo do peito, corroendo aos poucos a esperança que eu ainda tinha de que as coisas voltassem a ser como antes.

Naquela manhã, levantei-me sentindo o peso do sono e do desalento. Meus passos eram automáticos enquanto ia para o banheiro, onde fiz minha higiene pessoal. A água fria no rosto ajudou a me despertar um pouco, mas não o suficiente para afastar a nuvem de pensamentos que pairava sobre mim. Vesti uma calça jeans, uma blusinha confortável e meu velho par de All Star, que já havia me acompanhado em tantas aventuras, agora parecia apenas um lembrete dos dias que se arrastavam.

Fui para a cozinha, onde encontrei minha mãe, Jenny, preparando o café da manhã. A visão dela, tão tranquila e dedicada, sempre me trazia uma sensação de conforto, mas hoje eu estava mais quebrada por dentro do que ela poderia imaginar.

-- Bom dia, mãe! — Cumprimentei-a, tentando soar animada.

Mamãe sorriu ao me ver, seus olhos cheios de um carinho silencioso que só mães sabem expressar.

— Bom dia, Zoe! Fiz cookies, seus favoritos! Coma enquanto estiverem quentes.

O aroma doce e familiar dos cookies recém-assados me envolveu, trazendo uma pequena faísca de conforto. Caminhei até a bancada e peguei um cookie, comendo rapidamente, quase como se aquela doçura pudesse preencher o vazio que eu sentia. No entanto, enquanto mastigava, percebi o olhar fixo de minha mãe sobre mim. Ela estava me observando atentamente, seu rosto sério, mas não duro. Ela sabia que algo estava errado.

Enquanto ela preparava o café, sua voz suave, mas firme, quebrou o silêncio.

— Quando vai me contar o que está acontecendo, Zoe? Venho te observando desde as festas de fim de ano.

As palavras dela atingiram um ponto sensível dentro de mim, e eu engoli em seco, lutando contra a onda de emoções que ameaçava transbordar. Olhei para o chão, incapaz de responder, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas que eu tentava, em vão, segurar.

Minha mãe, com sua sabedoria e intuição que sempre me surpreendiam, se aproximou, deixando de lado o café para me envolver em um abraço caloroso. Suas mãos acariciavam meus cabelos, um gesto que sempre me fazia sentir segura, mesmo nas situações mais difíceis.

— O que está havendo entre você e o Brian? —ela perguntou suavemente, sua voz cheia de preocupação, mas sem julgamento.

Era incrível como minha mãe conseguia me ler tão bem, mesmo quando eu tentava esconder o que estava sentindo. Eu nunca havia falado diretamente com ela sobre como as coisas estavam entre mim e Brian, mas ela sabia. De algum modo, ela sempre sabia. E isso me desarmava por completo.