Em algum momento, enquanto ainda olhava a moça conversando com alguns ex colegas que vez ou outra lhe dedicava um olhar de relance, apenas se despediu de Henry inventando uma desculpa boba e andou calmamente para o lado de fora, antes de sair ainda viu Laury olhar para os lados quando não a encontrou dançando com o amigo, mas isso não foi motivo para dar coragem a Jade para ir em direção a garota.
O plano era apenas seguir para o hotel onde estava hospedada, mas a lua estava bela demais para ser ignorada. Sempre achou lindo a forma que as estrelas a rodeavam de jeito aleatório, as vezes imaginava que a lua cantava para aqueles pequenos pingos de luz, quando era menor, costumava pensar que as estrelas pareciam pequenos pedaços de sol e por isso lua as adorava tanto, talvez fosse a forma que ela havia encontrado de se sentir perto dele.
- quantas deram?
Suspirou ao reconhecer a voz baixa e sempre calma. Sorriu de canto. Passara muitas noites a escutando cantar e cantando com ela, como se só houvessem elas duas no mundo. Essas lembranças sempre a atingiam nas tardes calmas nas quais o vento a trazia para si.
Passou noites sonhando com quando a veria e a escutaria cantando novamente, talvez fosse essa a razão do arrepio que correu o seu corpo como uma descarga elétrica e o suspiro que saiu de seus lábios quando virou para trás e a viu se aproximando com os olhos voltados para o céu escuro.
- ah, vamos, me diga! eu sei que você estava contando ou contou mais cedo.
- oitenta e oito.
- ainda gosta do número oito?
- ele ainda se parece com o símbolo do infinito.
Olhou de canto pra ela, a vendo abaixar a cabeça e rir nasalmente, virando para si com um sorriso de canto.
- não vai perguntar se ainda gosto também?
- não preciso - apontou para a tatuagem do símbolo do infinito visível no pescoço dela - eu já vi a tatuagem.
- então ainda continua observadora?
- algumas coisas não mudam.
- outras mudam até demais.
suspirou
- eu recebi a carta.
Jade riu contido, balançando a cabeça em negação, lhe dedicando um último olhar, antes de colocar as mãos no bolso da jaqueta e seguir em frente.
- ei! onde vai?
não se virou pra ela ao responder;
- eu não deveria ter vindo, vou voltar para o hotel.
- você nunca gostou de festas ou de muita gente no mesmo lugar. O que te fez vir?
- você sabe a resposta.
- sempre gostei de ouvir sua voz e ouvir suas respostas ácidas.
dessa vez se virou para a moça que já estava a centímetros de si.
- errado. Você sempre gostou de mentir pra mim. Não vou me humilhar pra você.
- ainda orgulhosa? - riu nasalmente antes de voltar a expressão relaxada- nunca menti pra você. Todas as coisas que te dizia era verdade.
- se fossem não estaríamos aqui agora e eu não precisaria ter vindo para esse encontro estúpido.
- não foi minha culpa acabarmos assim.
- bom, também não foi minha.
- e precisa ter um culpado?
- penso que existe sempre um motivo para as coisas terem um fim. Mas não se dá fim para algo que nunca sequer começou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Carta para Laury Willy - de sua Jade
Romanceas coisas que vivemos, a euforia, paixão e medo sempre correndo por nossas veias, a vontade absurda de nos possuirmos sempre que os lábios se tocavam depois de dias de abstinência e saudade. tudo. tudo que me fez querer te ter e ser sua. tudo aquilo...