Auburn, Washington 1955 - 1957
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Amava dentes-de-leão. Tinha um significado importante pra si desde sempre.
Na primeira vez que havia tocado aquela maciez, ainda era um bebê, então não se lembrava. Sua mãe costumava lhe contar que conheceu sua melhor amiga, a mãe de Laury, naquele campo de dentes-de-leão, elas costumavam fazer desejos durante a adolescência e a gravidez de ambas - que havia sido praticamente no mesmo período, com diferença de apenas 2 meses. Costume esse que Laury e Jade haviam pegado.
Sempre que podiam, corriam no campo. Era lindo observar aqueles pequenos "pelinhos" voando pelo ar. Aquilo era o significado de liberdade pra elas.
Pararam no centro do campo, onde havia um espaço livre, e se sentaram. Laury estava com a cabeça deitada no ombro de Jade, esta que desenhava algo ainda não identificado pela amiga. O sol começava a se pôr e era a hora de começarem os desejos.
- pega um pra mim?
- vamos, largue os papéis só um segundo
- não vai mudar nada se você pegar pra mim
- você sabe que vai
Jade suspirou ao concordar
Olharam em volta e escolheram o que lhes parecia o certo. Sentaram-se uma de frente para outra e fecharam os olhos passando o desejo mentalmente, logo os soprando.
- quer me contar?
- se contar não se realiza
- pediu algo importante?
- pra mim, sim
- hm
- e você?
- também
silêncio
- tem certeza que não quer contar?
- Laury!
- desculpa! mas é só dessa vez, prometo
- é vergonhoso, você irá achar estranho
- nada que vem de você é estranho. Quer dizer, você é meio esquisita as vezes - riu contido ao receber um olhar reprovador da amiga - mas você é interessante. O seu "esquisito" me deixa intrigada. E o meu também é
- o seu o quê? - Jade falou confusa, tentando ignorar as palavras ditas pela amiga que fizeram as bochechas esquentarem
- o meu pedido - Jade ainda mantinha as orelhas franzidas - é vergonhoso! - completou.
- ah
- e então, vamos?
- no três?
- só se você realmente falar!
- prometo.
- um
- dois
- três - disseram juntas
- que ficassemos juntas pra sempre - Jade disse apertando os olhos com força
- que você fosse minha - Laury falou em seguida
coraram ao perceberem o que as bocas alheias pronunciaram
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Carta para Laury Willy - de sua Jade
Romansaas coisas que vivemos, a euforia, paixão e medo sempre correndo por nossas veias, a vontade absurda de nos possuirmos sempre que os lábios se tocavam depois de dias de abstinência e saudade. tudo. tudo que me fez querer te ter e ser sua. tudo aquilo...