Tolo demais, Tobio

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"now i know i'm not your favourite boy

i can see it in the way you fake your smile"

Kageyama riu da própria desgraça. Era patético estar ali só para confirmar algo tão óbvio. A culpa disso vindo inteiramente daquela pontinha de esperança que insistia em permanecer em seu coração apaixonado.

Ele sabia que Tooru não esperava que ele fosse aparecer, uma vez que nem ao menos comentou do show que faria naquela noite, no entanto, sabia que não o veria surpreso caso seus olhares se encontrassem durante sua performance.

Não era a primeira vez que assistiria a uma apresentação de Tooru. Foi em um desses shows que Kageyama conheceu o cantor romântico que tomaria todos os seus pensamentos impuros e os tornaria em realidade.

Oikawa foi o responsável por marcar todos os cantos possíveis de seu apartamento, que com o tempo foi tornando-se dele também. Assim como foi o responsável por beijar todos os cantinhos do pescoço de Tobio.

O moreno gostava de acordar e sentir a presença de Oikawa no ambiente, fosse pelo perfume natural impregnado nos lençóis da sua cama, fosse pelo violão preto sobre o sofá, pelo casaco de couro jogado no chão do quarto ou pela voz doce ecoando da cozinha enquanto preparava o café da manhã. Foi uma presença boa, mas que durou menos do que Tobio gostaria.

A ausência começou a ficar mais evidente quando Tooru começou a dar desculpas para não poder encontrá-lo, mas sempre dizendo que estava pensando em Tobio e que estava com saudades. E ele, apaixonado como estava, claramente acreditou.

Mais tarde, as mensagens e ligações pararam de chegar em seu celular. Quando se falavam, Oikawa era bem breve, com respostas curtas e frias, sem dar a mínima chance de Kageyama perguntar mais coisas.

No começo doeu. Kageyama se agarrou as falsas juras de amor de Oikawa. Passou a odiar o próprio lar por não ter mais a presença do cantor ali, com aquele sorriso cafajeste que o conquistou durante aquele maldito show. Sonhou com Oikawa tantas noites que já perdera a conta. Kageyama até mesmo começou a se perguntar se tinha algum problema nele.

Demorou bastante, mais do que deveria, para Kageyama entender que não tinha problema nenhum nele. Demorou mais um pouco para que a frieza de Tooru parasse de machucar Tobio, e demorou mais um bocado para que a falta de mensagens e ligações não o incomodasse mais.

Embora vê-lo novamente tenha feito Kageyama sentir a pontinha de esperança queimar um pouquinho mais forte, ver Oikawa sorrindo para outra pessoa fez tudo ficar claro.

- E pensar que eu acreditei que você gostava mesmo de mim. - Sussurrou, soltando um riso sem humor. - Tolo demais, Tobio.

Àquela altura, Oikawa já tinha notado a presença de Kageyama. Seus dedos vacilaram discretamente nas cordas do violão, mas seu rosto não se mostrou nem um pouco surpreso ao ver os olhos azuis amargurados. Vê-lo ali não o impediu de continuar cantando, e nem de direcionar seu sorriso bonito para outra pessoa.

E sem esperar que Oikawa olhasse para ele novamente, Kageyama virou as costas, os olhos ardendo com as lágrimas teimosas que insistiam em aparecer, mas que as limpou rapidamente. Oikawa não valia seu choro.

Talvez demorasse só mais um pouquinho para ele superar aquilo, ou talvez demorasse bastante, mas naquele momento, Kageyama apenas deixou que a voz de Oikawa ficasse cada vez mais distante, até que não fosse mais ouvida.

Respirou fundo o ar gelado daquela noite. Ajeitou sua jaqueta e cantarolou baixinho enquanto voltava para casa.

- .. at least you could say I tried.

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