Sou seu, Granger.

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Draco? — Uma voz distante soou em sua consciência e por mais que ele quisesse prestar atenção àquele chamado — ele realmente queria, de verdade — parecia impossível quando Hermione Granger sorria distraída a duas mesas de distância, jogava os cachos revoltos casualmente para o lado, tomava um gole de Vinho dos Elfos e depois passava a língua pelos lábios, desfrutando cada gota da bebida, como se aquilo não fosse capaz enlouquecer um ser humano. O bruxo de nariz torto ao lado dela — um idiota do Departamento dos Mistérios, tentando se aproximar da Garota de Ouro através de seu título governamental, — tocou na coxa da mulher... Ele também parecia rendido pelos encantos da morena. Draco nem ao menos podia culpá-lo por sentir-se assim, mas isso não o impedia de estar se corroendo por dentro. Que merda era aquela? Claro, ele sabia que era um tanto quanto possessivo com suas coisas, quando conseguia algo depois de muito almejar, ele tendia a cuidar muito bem, a zelar por aquilo. Porém, Hermione Granger definitivamente não era uma coisa, muito menos era dele.

Respirando fundo, tentando controlar todos aqueles sentimentos confusos que passavam por seu cérebro, para evitar uma cena em meio ao caldeirão furado, ele se remexeu em sua cadeira, desconfortável, enquanto seu cérebro se focava no mantra dentro de sua cabeça: ela não é sua, ela não é sua.

Seu curandeiro da mente ficaria muito orgulhoso do resultado. A maioria das pessoas poderia pensar: meh, grandes coisas, ele apenas agiu como um adulto ponderado. Mas Draco Malfoy sabia o quão difícil era agir como um adulto ponderado o tempo inteiro. Era difícil para caralho.

— Draco? — A voz insistiu e por fim, Draco conseguiu desviar os olhos da cena que fazia seu estômago embrulhar e revirando os olhos, voltou sua atenção para Theodore Nott que por sua vez o encarava com as sobrancelhas erguidas em questionamento e uma grande caneca de chope estendida. — Tá tudo bem aí, cara?

— Do que você está falando? — Ele aceitou a bebida e deu um gole, como se não tivesse acabado de hiperventilar por bons minutos em meio a conversa com seu amigo. — Claro que está tudo bem. Está tudo ótimo, perfeito — ele continuou, o tom de sua voz se tornando um pouco mais agudo do que ele esperava, já que a irritação explodia em seu peito. Theo, sem observador, deu uma risada debochada.

— Se eu não te conhecesse, Draco... Talvez acreditasse nisso. Por acaso você está com ciúmes da Granger?

— Eu? — O loiro apontou para o próprio peito, tentando parecer ofendido. — Ciúmes? Eu com ciúmes? Da Granger?

Os dois amigos se entreolharam durante um silêncio que dizia mais que mil palavras. Theo levantou as sobrancelhas de novo, questionando-o. Draco franziu a testa e o nariz, como se aquilo fosse absurdo. Theo insistiu, levantando as sobrancelhas mais uma vez, seu rosto era a face da descrença. Draco bufou, deixando os ombros caírem e afundando-se na poltrona puída do Caldeirão Furado. Esfregando o rosto com suas mãos, impaciente, ele finalmente rosnou de modo quase inaudível:

Sim.

— O que você disse? Eu não escutei direito. — Theo provocou. Outra pausa silenciosa, ele esperava sereno até que seu camarada terminasse o fio de pensamento, satisfeito em tomar mais um gole de sua cerveja. Seu amigo explodiu.

— Eu estou com ciúmes, ok? Com ciúmes da Granger. Estou mesmo, não adianta tentar esconder. Ela já sabe, eu já sei, e nessa altura do campeonato, até meu falecido pai sabe. Eu estou morrendo de ciúmes, Theo. — Com o rosto vermelho, Draco levou as mãos para o ar, rendendo-se e logo após, voltou a esconder o rosto, emitindo um barulho que Theo achou muito parecido a uma vassoura velha se recusando a levantar voo. Rindo da tristeza alheia, o moreno balançou a cabeça em negação. Como alguém podia ser tão confiante e cheio de si em público, e tão inseguro e inadequado com relacionamentos afetivos? — Você está rindo do meu sofrimento?

[DRAMIONE] Feliz Aniversário, Granger!Onde histórias criam vida. Descubra agora