AKAI ITO

☆Capítulo 30☆

•Serkan Bolat•

Ele não suportava, não conseguiu ficar lá, Aydan ficou com Zyan e prometeu olhar Eda e ele foi para casa, mas não dormiu. Ele passou a noite inteira no quarto que ficava ao lado do de Zyan, um quarto com ursinhos que usam roupas de bailarinas, quando era por volta das cinco da manhã ele abraçou um vestido amarelo que estava closet dela, tão pequeno. Ele chorou e sem perceber acabou se deixando se levado pelo sono por uma hora e meia e quando abriu os olhos percebeu que não era um pesadelo, era real, sua filha morreu, sua menininha. Sua Asli. Sempre que perdemos alguém, uma parte nossa morre junto.

Nunca conversaram sobre nomes, no entanto desde que ele descobriu da gravidez esse nome ficou em seu pensamento, ele pode dizer que até antes da gravidez. Aquele sonho, aquela garotinha brincando de se esconder. Ele nunca saberia o que é isso. Ele a perdeu. Serkan não sabia que queria ser pai, até descobrir que seria. Seus filhos são seu mundo e Eda é o seu ar. Sua família é seu tudo.

Ele levantou do chão e olhou o quarto, cada lugar ali foi pensando nos mínimos detalhes para ela e Asli nunca veria esse quarto. Segurando o choro ele saiu dali e fechou a porta. Serkan chegou ao seu quarto, ainda segurando o vestidinho da filha e pegou seu celular. Sentado no escuro, ele fez a ligação.

- O que aconteceu, abi? – a voz de Kaan se faz presente.

Serkan achou melhor manter o acidente em segredo até ter notícias dos seus filhos e esposa.

- Eu a perdi, Kaan – Serkan sussurra com a voz trêmula.

- Perdeu quem, Serkan? Você está me preocupando.

- Eu perdi a Asli, Kaan – ele fala entre soluços.

- Quem é Asli, Serkan? Você não está fazendo sentindo algum, irmão.

Respirando fundo, sentindo seu coração ser dilacerado, ele murmurou:

- Eu perdi a minha menininha. Eu perdi a minha filha. A Eda e o Zyan sofreram um acidente e a Asli não sobreviveu a batida – mais um soluço - A culpa foi minha, Kaan. Deveria ter sido eu.

Kaan o escuta desabafar durante horas e quando ele encerro a conversa e encara o cômodo ao seu redor, sente como se tudo estivesse desabando ao seu redor. Vai até a cama e se deita no lado que Eda dorme e se enterra nos cobertores. Agarrando  ao vestidinho de Asli, ele só consigue ouvir uma frase dentro de sua cabeça. Você falhou. Você falhou.

*****

Serkan encarava a porta a sua frente sem saber como agir, ela tinha deixado claro que não queria vê-lo, entretanto Serkan tinha que tentar. Respirando fundo ele tomou coragem e abriu a porta vendo a mesma fazendo uma careta para comida. Ela o olhou, seu olhar estava mais suave que no dia anterior, mas a dor, ela ainda estava ali.

- Eu posso...

- Entra – ela disse por fim e logo depois viu as olheiras e aparência dele - Você está horrível.

- Eu me sinto assim, então é justo.

- Eu não estou muito melhor – Eda disse por fim e o silêncio se instalou.

Ela comia o café da manhã , embora sua vontade fosse empurrar a bandeja e colocar para fora o que comeu, não aguentava. Eda apenas pensava no bem de seu filho e por isso se forçava a comer.

- Eda, por favor me escuta.

Ela concordou com a cabeça e ele continuou:

- Não me afasta dos meus filhos, por favor.