Draw //H.S (Reescrevendo)

⭐1-Diferente

  Acordo ao ouvir o som irritante do meu despertador. Desligo-o sem saber como já que o fiz sem abrir um olho e talvez o telemóvel tenha sofrido por consequência. Ainda me permaneço na cama. Os lençóis brancos amarrotados tocam suavemente na minha pele sendo transmitido ao meu ser uma sensação de conchego e serenidade. Abro ligeiramente o meu olho esquerdo, que por sua vez não estava em contacto com a almofada, e fecho-o assim que a iluminação vinda janela bate em contacto com a minha íris deixando uma sensação de desconforto. Resmungo qualquer coisa e mudo de lado da cama e deixo-me dormir por um bocado, até que oiço um grito da minha mãe vindo do fundo das escadas desta casa:

-Aurora, olha a horas!

  Levanto-me, dirijo-me até à casa de banho por um caminho cego devido à luminosidade e faço a minha higiene pessoal. Em passos pequenos chego até ao armário branco no qual guarda a minha roupa e visto uma camisa branca larga, uns calções de ganga rasgados colocado a camisa dentro destes e calço as minhas All Star pretas. Por segundos pondero se irei usar maquilhagem e logo decido que sim. Sendo assim, faço uma maquilhagem leve e rápida e deixo os meus cabelos castanhos soltos.
  Desvio o meu olhar para única janela que existia no meu quarto e observo a casa que estava no outro lado. Consigo observar com alguma dificuldade um corpo seminu com apenas umas calças pretas vestidas e este aproxima-se da sua janela e logo me apercebo que se tratava de Harry, o meu vizinho, amigos de infância e uma antiga paixão minha. Vejo o seu corpo musculado e não consigo parar de pensar em passar os seus traços para papel. Desvio o meu olhar e respiro fundo assim que noto em mim um arrepio e desconforto emocional. Volto a olhar e mal volto a olhar constato que o rapaz no qual me apaixonei encara-me.
  De repente, pego nas minhas coisas prontas para a escola e desço as escadas em direção há cozinha, onde já encontrava-se a minha a mãe a preparar o pequeno-almoço. Sento-me no meu lugar habitual e começo a comer aquilo que a minha mãe me dera.

-Hoje, o teu irmão vem cá passar uns dias, parece que precisa de algumas coisas para a faculdade.- comenta a minha mãe ao sentar para comer o seu pequeno almoço. Fito-a e apenas comento um "Ok".

  De facto, nunca tive uma relação de irmã e irmão com este. Não agora. Apesar de ele ser 4 anos mais velho que eu quando era-mos ainda pequenos ainda tínhamos uma proximidade, principalmente, quando o nosso pai estava connosco. Entretanto, o nosso pai faleceu e a conexão que nós tínhamos desapareceu. Finn começou a passar menos tempo em casa e as coisas pioraram.
  O meu pai faleceu quando eu tinha 11 anos. E partir desse dia muita coisa mudou, principalmente na minha família e em mim. Comecei a isolar-me em casa e no desenho. Afastei-me das pessoas que mais gostava o meu irmão, o Harry, Anne (mãe de Harry), no qual eu tinha uma ligação muito forte e os meus colegas de escola. A única pessoa que eu mantive algum contato foi a minha mãe, mas nunca foi a mesma coisa e quando ela se apercebeu disso ela decidiu colocar numa terapeuta por dois anos. Além do mais, foi nesses dois anos que eu conheci a minha atual mulher amiga, a Beatrice, que é filha da minha terapeuta. Esta achou que seria importante e bom ganhar um amizade e por que não a sua filha? Desde então somos inseparáveis e ela compreenda todas as situações que eu tenho vivido e o problema que eu tenho com a morte do meu pai.
  Passou quase 7 anos desde a morte do meu pai e mesmo assim ainda me sinto desconfortável em falar sobre esse tema.
  Deixo os meus pensamentos de lado assim que a minha mãe começa a falar. Olho discretamente para ela e esta se encontra a comer enquanto fala:

-Estive a pensar em convidar a Anne, sabes a nossa vizinha do lado, mais o seu filho para virem cá a jantar um dia destes.-diz hesitante.

  Assim que esta diz isto eu quase que cuspo a comida que se encontrava dentro da minha boca. Ela tinha plena noção que a amizade que havia entre mim e Harry há uns anos a atrás, atualmente, já não existe. Não sei se ela irá fazer isto para nos aproximar de novo, conhecendo-a como conheço.