Draw //H.S (Reescrevendo)

⭐3-Caderno

São por volta das 4 horas e a última aula do dia já tinha terminado. Ouve-se o baralho das cadeiras a serem arrastadas para os seus lugares e as pessoas começam a falar assim que têm na sua pose as suas coisas. Dei por mim e já era a única pessoa presente nesta pequena divisão. Saí da sala de aula e na porta desta encontra-se o homem que roubou o meu coração.

- Olá, outra vez! – disse enquanto ele visita a minha alma pelos olhos.

Eu não disse nada e continuei a olhar para ele. Ah, aqueles olhos matam-me! Tento afastar as minhas ideias e começo a caminhar sem rumo, apenas na tentativa de me afastar deste ser atrativo. Porém, este segue-me.

- É em tua casa que eu vou ter o jantar? – pergunta sobre os meus ouvidos, fazendo com que um arrepio atravessa o meu corpo inteiro e faço com que encolha o ombro. Enrolo os olhos por tal atitude.

- Harry, sim é – digo voltando para ele.

- Então, até já! – disso deixo no ar um leve sorriso. Um sorriso cresce no seu rosto e com este surge as suas covinhas. Ah, tão atraente! Como é possível que haja alguém neste mundo que seja tão atraente como o meu vizinho Harry?

Voltei a dizer nada e andei pelos corredores da escola até chegar à saída da escola em direção a casa. Pelo caminho rápido da bicicleta, mas não tão rápido como um carro, penso o que penso todos os dias, todas as horas, todos os minutos e segundos de um dia. A minha mente ocupasse com a imagem de Harry no sei quarto a fazer o sei treino diário e enquanto eu desenho cada traço do seu corpo num papel branco e macio como a sua pele que provavelmente é! Não paro de pensar de quando nós éramos mais pequenos a brincar às escondidas num parque no nosso bairro.

Aclaro a minha mente destes sentimentos intrusos, paro o meu transporte apoiando um pé no chão e outro num dos pedais e fito a minha casa. Finalmente entro dentro da residência e a minha mãe já lá se encontrava quase estendida no sofá a ler um livro, provavelmente, de detetives e crimes antes das modernas tecnologias em que a investigação era mais complexa e interessante para alguns.

- Olá mãe – digo entrando na sala ao mesmo tempo que pouso as minhas coisas em cima da mesa redonda.

- Vai-te preparar para o jantar... ah, arruma o teu quarto – diz não respondendo ao meu olá e sem tirar os olhos do seu livro no qual o tema era um dos seus favoritos.

- É para já – digo deixando um levo riso sair da minha boca.

A minha mãe sempre foi assim. Simples e sem grandes confusões. Sempre foi uma pessoa na qual tudo que fazia era para o bem de mim e do meu irmão. Desde da morte do meu pai que sempre lutou para o bem-estar de nós os três, principalmente dos seus filhos. A morte de alguém é sempre complicada, principalmente de alguém tão próximo como alguém que amamos. Porém a minha mãe manteve-se forte e fez-nos o que somos agora.

Arrumei o quarto, colocando tudo no sei devido lugar. Observei o caderno preto velho e muito usado em cima da mesa do meu quarto e só penso no Harry. Agarrei nas coisas necessárias para um banho e fui toma-lo. Passei o meu champô com cheiro a maçã pelo cabelo, massajando-o levemente e de seguida passei o meu corpo com o produto com um cheiro quente do coco. Continuei a fazer a minha higiene e passado vinte minutos de banho, enrolei uma toalha no corpo e outra no cabelo. Decidi vestir um vestido branco não muito curto. Calço umas botas pretas, faço uma ligeira maquilhagem e estou pronta. Os meus cabelos castanhos ondulados pousam em cima dos meus ombros levemente assim que retiro a toalha do cabelo e de seguida seco o cabelo com um secador velho.

Sento-me na cadeira rolante à frente da secretária e acabo o desenho do Harry que não tinha terminado de manhã. Começo a pensar em cada pormenor do seu corpo. De cada realce e defeito do seu corpo. Os seus lábios, os olhos, os cabelos brilhantes, os braços realçados, o troco e tudo que este possuía. Através de um lápis preto, transporto a sua cor para a folha branca e limpa ao desenhar cada detalhe da sua estrutura física. Rabisco atrás de rabisco sem parar. Uma obsessão pura e inocente. Uma fixação apaixonante!