Black Guard

Capítulo 13

Dando continuidade...

     Sebastian estava com os olhos arregalados olhando para o vazio onde Selene tinha sumido. Por um momento ele a teve novamente, por um momento ele pensou que finalmente poderia retribuir a frase que ela falou meses atrás. Mas ele não poderia. Não mais.

     Atrás de si, Ciel se debatia, chorando e gritando. Ele jamais imaginou que perderia a irmã daquele jeito. O peito dos dois doía demais, era como se um vazio começasse a se abrir ali.

     Sebastian ouvia passos apressados mas não se mexeu para olhar. Então em seu campo de visão surgiu um homem de longos cabelos platinados e uma franja que tampava completamente seus olhos, além de uma roupa bem estranha, e atrás dele outro homem surgiu de cabelos escuros curtos e uma roupa social muito bem alinhada no corpo. Parecia que o platinado tentava falar consigo, mas nada ouvia, o outro pegou a adaga de Selene e começou a cortar a corda que os prendiam.

     O platinado seguiu o olhar dele e seguiu para lá. Olhou para baixo entendendo perfeitamente o que havia acontecido. Deixou os ombros caírem e falou outra coisa virando na direção deles. O que o acompanhava olhou com espanto para ele, terminando de cortar os nós. Assim que sentiu os braços caírem ao lado do corpo, sentiu Ciel grudar em si. O choro angustiado do garoto o quebrava ainda mais. Além das lágrimas, o sangue que escorria do machucado nos pulsos manchavam a roupa do mais alto.

     Sentiu uma mão em seu ombro e olhou para a frente, encontrando o homem de cabelos longos.

     - Eu sei que a situação não é das melhores, mas preciso que vocês venham comigo.

     Os dois homens os levaram para a casa de Rebecca e Kate, quando chegaram lá as duas já esperavam por eles na sala e ao ver que a azulada não estava acompanhado-os, a mais baixa abraçou a companheira chorando baixinho enquanto era abraçada de volta e a outra deixava cair algumas lágrimas. Sebastian se sentou no sofá puxando Ciel, que ainda chorava agarrado a si, para sentar também. Assim que se sentaram sentiram os braços de Rebecca em si.

     Os desconhecidos se dirigiram para Kate explicando a situação e o que deveria ter acontecido. Sebastian ouviu por cima que Mey-Rin já estava trazendo os outros para cá e que em breve poderiam explicar toda a situação. Rebecca se afastou para pegar o pequeno kit médico que deixavam na sala para tratar dos pulsos deles.

     Quando os outros chegaram, Ciel já dormia encostado em Sebastian, o azulado não tinha desgrudado nem por um segundo do moreno. Vincent olhou aliviado para o filho e o moreno, mas olhou estranho para os dois que estavam encostados na parede da sala. Atrás dele viam Rachel, que tentou correr para abraçar o filho mas foi impedida pelo marido, Agni, Soma, Tanaka e Mey-Rin.

     - Mey, obrigada por trazer todos aqui. - Kate falou se levantando de sua poltrona e apontando para o sofá. - Por favor, sentem-se. Temos muita coisa para conversar.

     Os três mais velhos se sentaram com Soma ao lado enquanto Agni foi para perto do amigo e Mey-Rin foi abraçar Rebecca.

     - Antes de mais nada, queria apresentar Undertake e Willian. Eles fazem parte de um grupo chamado Ceifeiros, foram eles que acolheram Selene quando a mesma saiu da Inglaterra.

     - Espera, quer dizer que vocês sabiam para onde Selene tinha ido? - Vincent perguntou com um tom levemente irritado.

     - Para falar a verdade, fomos nós que ajudamos ela a fugir, a pedido dela. Se você me deixar terminar eu irei explicar tudo. - Kate falou mantendo um tom sério sem se deixar abalar pelo olhar de raiva de Vincent, perto dos de Selene, os dele não eram nada. - Nós a mandamos para a França, onde se encontraria com Grell, outra Ceifeiro. Eles ficariam responsáveis por ajudá-la. Ela orquestrou todo o ataque aos Liber e Vassiliev e eles executaram.

     - Mas se foi isso, porque ela não retornou logo depois? E por que ela não está aqui? - Tanaka perguntou.

     - Ela morreu. - Sebastian disse atraindo toda a atenção e os olhares de dor. - Nós fomos sequestrados para fazer uma armadilha para ela, ela foi atrás da gente e morreu matando a tal Angela.

     A sala ficou em um silêncio horroroso depois que Sebastian terminou de falar. Pelo canto do olho ele viu o de roupa social desencostar da parede e pegar o envelope que estava na estante. Ele abriu e começou a distribuir o que pareciam ser cartas aos presentes na sala, com exceção de Rebecca, Kate e Sebastian.

     - Selene escreveu uma carta para vocês enquanto estávamos vindo para cá. Ela disse que eu deveria entregar para vocês se ela não sobrevivesse.

     Sebastian olhou com um olhar magoado para o Phantomhive ao seu lado, que abria rapidamente a carta para ler seu conteúdo, ele se perguntava porque Selena não havia escrito nada para si.

     - Sebastian, poderia me acompanhar? - Kate que estava em pé ao lado do moreno perguntou apontando para o corredor que levava aos quartos.

     Ainda abalado, ele se levantou e começou a seguir a outra. O corredor continha dois quartos, um banheiro e uma suite, que era o quarto do casal. Conforme se aproximava da última porta começou a ouvir murmurinhos e um chocalho. Assim que a porta foi aberta ele conseguiu ver uma figura esguia de longos cabelos vermelhos que balançava um chocalho em direção ao berço.

     Sebastian empacou onde estava e só voltou a andar quando sentiu a mão de Kate em suas costas o empurrando para continuar a andar. Assim que a outra figura notou a presença daqueles dois, se virou com um sorriso alegre que se transformou em um triste ao ver que a pessoas que esperava ansiosamente não estava ali. Se afastou do berço à medida que os dois se aproximavam.

     Assim que foi capaz de ver o pequeno serzinho que estava ali, Sebastian sentiu o ar escapar de seus pulmões. Enrolado em meio em meio de diversas mantas estava um recém-nascido que balançava os bracinhos em busca do som que estava ouvindo.

     - O nome dele é Akayto, - A ruiva falou chamando a atenção dele para si. - Sel disse que ele teria os mesmo olhos avermelhados que você. Então ele seria o Akai Ito de vocês.

     Ele sentiu as lágrimas descendo por seu rosto enquanto levava a mão com cuidado para deixar um carinho na bochecha do pequeno, e soltou um riso baixo quando sentiu ele segurar seu dedo com força. Ele viu a ruiva, que julgou ser Grell, estender uma carta para ele e abriu com um mão, já que a outra tinha seu dedo segurado com força pelo pequeno.

Meu amado Sebastian, se você está lendo isso certamente as coisas não saíram como eu planejei, mas você está bem e é isso que me importa. O pequeno que Grell lhe apresentou é o nosso filho, Akayto Phantomhive Michaelis. Espero que possa me perdoar por ter lhe abandonado durante esse tempo e escondido isso de você, mas achei que seria o melhor para essa criança acharem que eu tinha morrido no atentado.

E claro, eu não poderia deixar barato com os Liber pelo que fizeram com a minha família. Mas quando eu soube do casamento arranjado com os Vassiliev eu tive que tomar uma medida com eles, mas aparentemente eles não entenderam o aviso e sequestraram você e Ciel. Eu não pude me segurar e voltei imediatamente mesmo cansada por conta do parto, sim, Akaito nasceu ontem. Foi tão lindo meu amor, eu queria que você pudesse ter visto isso.

Eu sei que é pedir muito que você não fique triste, mas por favor, cuide de si e de Akayto. É só isso que lhe peço. Eu estarei lhe esperando quando for a hora do nosso reencontro. Até lá, meu Francesinho.

     O moreno deixou a carta de lado olhando para o pequeno rosto do filho, aquele mesmo vazio que sentiu com a morte de sua amada sendo preenchido gradativamente pelo novo sentimento que surgia em si. Se abaixou para deixar um um beijo carinhoso na testa dele e falou o que tanto queria falar para a azulada.

     - Eu te amo, minha Latina.

     Fim do Segundo Arco.

É aqui que se finaliza a história de Black Guard, amanhã sairá o Epílogo e encerrará de vez. Eu to muito feliz por finalmente estar encerrando uma história. Amanhã irei agradecer a todos devidamente. Então até amanhã!