— Atenção, câmera, ação!
— Eric Castro para o Jornal Internacional: A guerra fria terminou nos anos noventa, mas desde então o mundo nunca mais foi o mesmo. A corrida espacial proporcionou ao homem viajar pelo espaço. E hoje dia, dezenove de julho de dois mil e dez, as nações pioneiras no desbravamento do universo, Rússia e Estados Unidos da América mandam dois corajosos cidadãos com intuito de buscar novas informações sobre o vasto território desconhecido. Os nossos correspondentes estão neste momento acompanhando a decolagem.
Sob o olhar atento de milhões de telespectadores e de modo simultâneo os foguetes de ambos os países foram lançados. Iuri Kolcheck e Lewis Armstrong, os escolhidos para essa jornada. Os astronautas extremamente competentes e de personalidades totalmente opostas nem imaginavam que a partir daquele instante suas vidas se cruzariam para sempre.
Lewis, um americano nato, sempre sonhou com esse dia. O dia que ele veria a enorme bola azul de cima. De hoje em diante ele estava mais perto de alcançar seus desejos, o que não o impediu de sentir um frio na barriga quando os motores começaram a funcionar. Incrédulo, ele observava a velocidade cortar gradativamente a atmosfera. Enquanto as horas passavam Lewis recordava os dias no ensino fundamental como bolsista em uma escola particular, dos garotos brancos zombando do seu sonho, ser um astronauta. Por tantas vezes o jovem do Brooklyn pensou em desistir, ainda bem que sua amada e falecida mãe não lhe deixou fazer isso, com certeza ela estaria orgulhosa da façanha do menino imperativo e simpático que criou.
A quilômetros de distância e também deixando a Terra para trás, Iuri estava mais que satisfeito, de uma vez por todas calaria a boca de seu pai. O russo de olhos azuis e humor soturno, tinha uma relação conturbada com o engenheiro aeroespacial que lhe cedeu os genes. Dimitri Kolcheck sempre tratou o filho com indiferença e cobrava excessivamente o garoto, que cresceu com uma autoestima baixa e nenhuma confiança em si mesmo. Ter passado por todos os testes e agora estar a caminho das estrelas era uma vitória que Iuri faria questão de jogar na cara do pai relapso quando voltasse.
40 dias após o lançamento:
O radar de Lewis não parava de apitar, era um barulho ensurdecedor. Já que o som não iria deixá-lo descansar, ele levantou para verificar mesmo acreditando que era só mais um asteroide detectado. Quando chegou na frente do monitor, o rapaz foi surpreendido. Uma aeronave de tamanho similar a sua apareceu nos satélites, aquilo significava que ele não estava tão sozinho quanto pensava. Mil e uma coisas passaram na cabeça dele naquele instante. Qual a probabilidade de encontrar outra nave num território tão vasto quanto aquele? Armstrong resolveu tentar contato e nenhuma resposta veio, estranhou.
Mal deu tempo de assimilar o novo fato e uma chuva de asteroides aproximava-se, os olhos do norte-americano duplicaram de tamanho ao ver muitos corpos celestes à sua frente. Ele engoliu a seco, a saliva descia como se fosse uma navalha, rasgando sua garganta, seus nervos ficaram à flor da pele, as pernas bambearam. O homem sentiu cada fio do seu corpo arrepiar. Apesar disso, ele reagiu: tentou desesperadamente mudar a rota, alterar os comandos, comunicar a agência espacial, mas nada adiantou.
Por mais que Lewis tentasse, nenhuma das suas ações foi capaz de evitar a colisão. As rochas de tamanho considerável atingiram violentamente a espaçonave, a lataria foi alvejada pelo impacto, os propulsores começaram a falhar e as luzes piscavam indicando pane total no sistema. Toda vez que o metal da nave se chocava com as pedras espaciais o coração do jovem astronauta ameaçava sair pela boca. Ele não podia negar, estava apavorado. Será que vou morrer sozinho no meio do nada? Questionava- se. Então, se lembrou que a uma curta distância dali havia outro ou outros astronautas na mesma situação que ele. Reunindo seus últimos resquícios de coragem, checou novamente o monitor e para sua surpresa a embarcação aproximou-se mais. Provavelmente ambos os veículos sofreram interferência na rota, devido a tempestade de rochas.
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Meu Caderno de Contos
Short Story"Meu Caderno de Contos" é um compilado dos pequenos contos que vou escrever ao longo do tempo. 📌Gêneros variados. 📌A cada capítulo uma nova história. 📌 Obras autorais. Plágio é crime: Crime de Violação aos Direitos Autorais no Art. 184 - Código P...