Dois

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Capítulo sem revisão, desculpem qualquer possível erro. Boa leitura <3

Vamos lá.
Não é como se eu nunca tivesse visto algo parecido.
Eu via gente talentosa por todos os cantos naquela cidade, cantores não era uma novidade, não quando seu bloco na faculdade era exatamente ao lado do bloco barulhento de música. Pensou que já tivesse visto de tudo. E infelizmente estava terrivelmente enganada.
E caramba, não deveria está tão chocada. Homens bonitos existem em todos os lugares, O maromba ao lado de Nestha e Rhys são dois bons exemplares. Artistas existem em todos os lugares.
Mas aquele homem.
Aquela coisa alta formada em músculos, cabelo negro e covinhas foi demais pra mim. Minha boca estava seca e eu não conseguia desviar os olhos enquanto ele não terminou o último acorde.
Por isso eu me sentia ridícula empacada como uma estátua, imóvel feito uma rocha. Pisquei.
Tinha odiado.
É isso, se decidiu. Tinha odiado.
Nem fazia seu tipo ou coisa parecida. Não que ele se interessaria por ela, o que duvidava muito. E de qualquer forma não importava. Seu preconceito com gente bonita tinha falado mais alto.
Talvez fosse inveja, pensei e quis rir.
– isso está muito quente- ela praguejou se aproximando da amiga. Tinha se arrependido por ter escolhido um suéter tão grosso para aquela noite abafada. Já sentia as gotículas de suor se desprendendo e descendo ladeira abaixo de sua coluna. Estava quase implorando um banho de mangueira e segurou uma piadinha quando mirou os olhos na loira. Nestha parecia ter visto uma deusa viva em seu santuário quando seus olhos claros apontaram em mim.
Era divertido de ver.
– graças a mãe- ela suspirou e o grandalhão ao seu lado gargalhou e um vinco forte de desgosto marcou o rosto bonito de Nestha.
Atenção pessoas, um homicídio qualificado estava prestes a acontecer.
– dessa forma eu vou pensar que você me odeia, docinho. - sua voz grave titubeou em diversão. Ele rasgou um sorriso de cumprimento em minha direção e voltou a atenção para mulher ao seu lado que parecia que teria uma síncope.
– morre - ela grunhiu.
Rhysand gargalhou alto. E antes mesmo de dar continuidade a provocação a voz vinda do pequeno palco soou de novo abafando qualquer outro barulho. Eram poucos os burburinhos que eu conseguia ouvir naquele canto do salão, que ainda estava bem cheio e provavelmente demoraria esvaziar. Mal via a hora de se afundar na água gelada de seu chuveiro e cair na cama logo em seguida. Estava esgotada com tão pouco tempo e seus pés já estavam doloridos dentro daquelas botas de salto curto.
_ Gwyn- Feyre gritou cortando seu raciocínio e olhou desnorteada pra ela _ preciso de leve isso pra Azriel- ela empurrou uma bandeja com duas garrafas de água pelo balcão.
Quem é Azriel?
Sua cara de dúvida deve ter respondido sua pergunta já que Feyre se apressou em dizer: _ o que está cantando.
Ah.
_ agora? - sua boca resolveu trabalhar mais rápido que seu raciocínio e decidiu que quis se bater.
Que porcaria de pergunta era aquela?
Feyre arqueou uma sobrancelha.
_certo! Estou indo. - sua cara ardeu.
Ela não tinha dúvidas que tivesse tropeçado pelo menos umas quatro vezes naquele mar de gente que limitava sua aproximação do palco. Nunca quis tanto agredir alguém com aquela bandeja. Não conseguiu se sentir mal quando se vingava pisando -propositalmente- algumas vezes no pé de alguém.
Se sentiu até bem pra falar a verdade. Aliviou seu constrangimento e estava se sentindo um ser humano de novo.Talvez em alguma de suas fantasias que tanto lia ela fosse uma vilã cruel que gostava de pisar em pés desatentos.
E tropeçou de novo. E antes mesmo de pegar uma daquelas garrafas de água e jogar na cabeça da outra garota, ouviu a risada alta ecoando mais alto ainda por conta do microfone. Virou tão rápido pro palco que sentiu sua pressão cair junto com as garrafas.
Ela não era violenta, jurava que não. Suas maldades se limitavam apenas a seus pensamentos e acabavam por aí mesmo.
Mas ali, com aqueles olhos âmbar queimando nela em diversão, foi tentada. Seu réu primário era algo que prezava muito, mas pela primeira vez se questionou se valeria a pena gastá-lo em um homicídio.
E chegou à conclusão que sim. Valeria muito.
Fuzilou o homem que que retomou a música com um sorriso divertido na boca. Que de perto, percebeu ser invejavelmente rosada e cheia. E por Deus, como pode?
O miserável ficava mais bonito a cada segundo que se olhava, era um absurdo. Estava mais irritada ainda quando percebi esse detalhe gritante e precisei pegar as garrafas no meio das pernas da garota que quase quebra meu pescoço.
Que por via de passagem a olhou de cara feia.
Pescar aquelas garrafas e colocar no banquinho desocupado atrás de Azriel, imaginou ser a mesma sensação de ganhar um Nobel da paz.
Era uma vitoriosa, poderia voltar para onde seus amigos saltitando e gritando em plenos pulmões we are the champions. Poderia ter feito isso se alguma coisa não tivesse voado e acertado em cheio sua cabeça.
E porra, como doía.
A última coisa que lembrou antes de cair, foi um grito estridente, que imaginava ser da garota que quase quebrara seu pescoço e sua bunda chocando com força no chão.
E a noite só tinha começado.
•••
Um galo. Ela tinha um galo gigante na cabeça quando chegou em casa. Era quase duas da manhã e ela precisava de um banho -urgente- já que estava ensopada de cerveja.
Descobriu minutos depois que a coisa voadora que a acertou foi uma garrafa de vidro e quem que tenha tido a brilhante ideia de jogar aquilo ficou calado. Por sorte não quebrou. Sua cabeça era macia o suficiente para amortecer o impacto. Incrível.
Não estava tão animada como imaginou para voltar pro bar no dia seguinte, não depois do vexame. Não depois de terem aberto uma roda em volta dela. Não depois de Azriel ter parado o show para averiguar o que estava acontecendo. Não depois de Azriel ter me colocado em cima do ombro como um saco de batatas e me carregado até o balcão.
Não não não.
Choraminguei e apertei o saco de ervilhas com mais força, como se aquilo apagasse uma grama de vergonha.
Não apagou, também não apagou sua irritação em lembrar do sorriso divertido que teimava em abrir nos lábios do moreno.

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⏰ Última atualização: Jun 17, 2021 ⏰

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