Escondidas.
Assim estão as cores de Sam Wilson. Escondidas, longe dos olhos de qualquer um que poderiam usá-las para julgá-lo ainda mais. Se dependessem de Sam, talvez elas nunca vissem a luz do sol. Ele havia montado a farsa e caído na própria rede de mentiras - após tanto contá-las para as pessoas com tamanha confiança. Ele era hétero, certo? Então, por que sentia faltar uma parte de si mesmo? Como se estivesse incompleto? Tudo mudou após conhecer Bucky, seu companheiro - ele arriscaria dizer amigo, também. Bucky foi o responsável por trazer à tona tudo o que havia tentado evitar durante anos; era mais fácil assim. Sam suspirou pesadamente, enquanto observava Bucky brincar de luta com seus sobrinhos. Ele o achava tão bonito, parecia sereno e o sorriso brilhante em seu rosto era como serotonina para Wilson.
Sam tinha medo de dizer o que sentia em voz alta, pois suas costas já estavam cheias com miras de ódio por ser um homem negro carregando as estrelas e listras, e o escudo pertencido a um homem branco. Seria cinquenta vezes pior ao se assumir um negro bissexual.
Wilson suspirou mais uma vez naquele final de tarde. Bucky levantou Cass nos braços sem muito esforço, e Samuel pôde ver os músculos pressionados contra a camisa vermelha que o soldado usava. O capitão sorriu, era uma de suas peças de roupa já que bucky aceitou passar uns dias na casa de Sarah, e as roupas secavam no varal do fundo. O coração de Sam errou algumas batidas quando os olhos de Bucky encontram-se com os seus, azul no castanho, fazendo-o quase desviar o olhar. Tratou de engolir o nó que formou na garganta e secou as palmas das mãos na calça jeans escura. Sam notou que não podia mais esconder aquelas três cores existentes em sua bandeira, elas eram belas de mais para não serem exibidas com orgulho. Dane-se a sociedade, ele desejava ser livre. Ele amava Bucky Barnes.
Os meninos foram chamados por Sarah para tomar banho e ajudá-la em algo que Sam não prestou tanta atenção porque estava focado demais em andar até onde Bucky estava, sem dar um tropeço sequer. O sorriso nunca abandou o rosto do mais velho, e só aumentou ao ver o mais novo se aproximar.- Você está quieto hoje. - bucky apontou.
- Apenas pensativo.
- Uma cerveja por seus pensamentos. - disse bucky, sentando no banco ao lado de Sam, perto de onde o barco estava alojado.
Incerto, Wilson virou para encarar o amigo. Ele lembrou que também tinha medo de perdê-lo. E se estragasse tudo entre eles?
- Eu preciso contar algo... é uma coisa que vem me tirando o sono. - falou quase em um sussurro. Bucky custou entender, ele parecia nervoso, tímido. Era fofo. Sam observou as orbes azuis que eram seu recanto de paz e Barnes ergueu a sobrancelha grossa em curiosidade.
- Quando estiver pronto, capitão. - Sam jurou ter ouvido uma entonação maliciosa em sua fala, mas achou ser apenas coisa de sua cabeça. Bucky evitou rir, sabia que o mais novo estava nervoso o bastante. Se Sam soubesse o quanto Bucky era apaixonado por ele há três anos...
- Eu tentei me enganar por tantas vezes que até perdi a conta. Eu evitei meu verdadeiro eu por tantos anos, que ele ficou jogado em uma caixa velha sem qualquer atenção. Mas eu cansei, Bucky, cansei de me esconder. Eu nunca disse a ninguém que sou bi... e que amo você. Eu nunca tive coragem, não até agora. Se não sentir o mesmo eu vou entender, só não suporto imaginar perder sua amizade e companhia porq---
Sam havia passado esse discurso tantas vezes na mente e ensaiado cinco vezes na frente do espelho buscando coragem para dizê-lo em voz alta, antes de se assumir para Bucky e Sarah. Mas Sam não reclamaria por ser interrompido, não quando os lábios de Bucky trabalhavam em perfeita sincronia com os seus. O beijo necessitado, repleto de sentimentos e desejo, tomava o oxigênio dos dois homens rapidamente. O maior levou a mão de vibranium até a nuca do menor, enquanto a outra mão apertava sua cintura. No lugar de borboletas, Sam sentia uma manada de elefantes pisoteando seu estômago. Levando as mãos à cintura de Bucky, Wilson o agarrou como se temesse que ele desaparecesse, ou ser apenas uma alucinação.
- Eu não vou a lugar algum, querido. - disse bucky, afastando seus lábios após finalizar o beijo com selinhos. - Eu também te amo, Samuel Thomas Wilson. - falou acariciando o rosto do mais novo. A expressão de surpresa tomou conta do rosto de Sam. Era recíproco.
- Eu... Eu treinei isso em frente ao espelho tantas vezes, assim como treinei minha reação para sua rejeição... Eu não sei como reagir agora, você me pegou. - disse sorrindo grande. Bucky riu, seus olhos brilhavam toda vez que encarava Samuel.
- Digamos que ainda não te peguei realmente, sabe... - bucky brincou, recebendo um tapa leve do outro.
- Você é ridículo, sabia?
- Mas você me ama. Eu gostaria de ter visto a cena: O capitão América ensaiando uma declaração em frente ao espelho. - disse bucky, e Sam rolou os olhos. - Estou orgulhoso. E eu te amo ainda mais por tanta coragem.
Sam estava bem, ele finalmente havia se encontrado, pela primeira vez em toda sua vida, sentiu que poderia ser livre.
Ele estava feliz e com Bucky.
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I'm not (I'm) bissexual
FanficOnde Sam jura que é hétero, mas os lábios de Bucky lhe provam o contrário.