Blood INK

Reunião

Você está caminhando há pelo menos uma hora e meia pela floresta escura.

Uma hora e meia caminhando com dificuldade sobre gravetos e pedras e arrastando os pés por vegetação rasteira não percorrida. Você tem que admitir que há um pouco de suor escorrendo pela sua testa conforme você avança, resfriando rapidamente no ar frio.

O silêncio da noite e da floresta, e o chilrear suave de insetos e animais são as únicas coisas que te fazem companhia enquanto você viaja.

Está frio sem seu casaco pesado. O ar cortante sibila pelas frestas de sua roupa rasgada e se arrasta contra sua pele, esticando e arrepiando os pelos de todo o corpo.

Você se mantém entretido soprando suas respirações turvas em longos riachos enevoados à sua frente e, em seguida, disparando diretamente no meio deles.

Você nunca relaxa.

Mesmo quando o sangue seca e seus pés trotam, seus ombros não recuam com a posição rígida em que os mantém presos. Constantemente, os sons de passos astutos ou vozes fracas são coisas que você procura.

É uma pressão, no fundo de sua mente, uma vozinha gritando que você tem que cuidar de suas costas, sua frente e seus lados, porque eles são profissionais nisso.

Eles são profissionais e você está perdido na floresta, então você está obviamente na posição de azarão.

Você se pergunta se Jungkook não sangrou no chão da floresta.

Mordendo o lábio para que a dor o traga de volta ao foco, você para de pensar nesses pensamentos e continua sua jornada. Não demora muito até que as árvores comecem a ficar ralas e uma luz fraca brilhe através das aberturas.

Você sai da floresta para uma estrada pavimentada, a superfície lisa e plana dando algum alívio a seus pés cansados. A luz da rua brilha intensamente em algum lugar acima, iluminando o trecho em que você está.

À distância, você pode ver outro, depois outro, formando um rastro de luzes que leva a um brilho fraco além. Uma cidade, você espera, e não muito longe,

Esperança e expectativa ocupam a preocupada cavidade de seu peito.

Se houver uma cidade, você pode conseguir comida. Roupas. Talvez até um ônibus.

E o lugar onde você pode entrar em um ônibus é o lugar da sua salvação.

Você pode sair daqui, de Seul, de todos os lugares e de todos que estão atrás de você.

Desta vez, você vai para o campo em vez de para a cidade e está mudando seu nome novamente. É fácil imaginar-se no verão com um macacão e uma pala de sol enquanto se labuta nos campos de uma fazenda no interior.

Ser agricultor pelo resto da vida parece pacífico e muito normal para você. Você deveria ter ido lá para começar.

Essa caminhada passa mais rápido devido à sua empolgação, o que põe um salto em seus passos. Você quase dança quando pequenos edifícios começam a aparecer à sua esquerda e direita, e a doce quietude de uma pequena comunidade à beira da estrada o envolve.

Há uma pequena loja com uma placa de 24 horas aberta pendurada na vitrine, pela qual você está extremamente grata. O interior é silencioso e quente, iluminado por lâmpadas fluorescentes que zumbem ligeiramente, como um enxame de moscas pairando ao redor da zona de ar superior da loja.

Uma mulher de meia-idade está sentada atrás do caixa, batendo chiclete e lutando para manter os olhos abertos. Ela murmura uma saudação sonolenta quando você entra, sem prestar muita atenção em você.