Gritos

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Uma parede de tijolos bate contra ela, e Yuna sente fisicamente seu corpo sendo levantado do chão com a força da explosão.

Ela voa para trás no ar, caindo em queda livre por uma fração de segundo enquanto um calor escaldante banha sua pele. Quando ela bate de volta no chão, o tapete no chão não ajuda a diminuir o impacto. Ela está caída de lado, torcida, de frente para a parede.

Estrelas dançam como pontos prateados em sua visão, ouvidos zumbindo com um som penetrante que abafa seus pensamentos. É improcessável, as lâminas afiadas de laranja e vermelho dos tijolos e as pedras que voam por todo local da casa, dançando como um furacão de cor e fogo em sua visão.

O ar está quente e denso. Yuna mal consegue pensar, mal consegue ver.

Ela não consegue ouvir nada além daqueles zumbidos penetrantes.

Enquanto ela observa ao redor atordoada, um pedaço de vidro cai de uma moldura quebrada. Ele cai pelo ar escarlate em câmera lenta, tocando o chão com um estalo repentino e áspero.

Com aquele mesmo crack severo, Yuna volta para dentro de si mesma.

Tossindo na leve fumaça que envolve o ar, ela fica lá, atordoada, tentando entender o que acabou de acontecer. Sua pele está quente, mas não queimada, e alguns cacos de vidro estão cravados em seu antebraço. O sangue começa a jorrar ao redor das incisões, mas são pequenas.

Além disso, ela catalogou os movimentos de seus membros, dedos das mãos e dos pés, e tudo parecia se mexer bem. Ela ainda não consegue ouvir muito, mas sua mente está começando a acordar do choque que recebeu durante a explosão.

Então, algo a atinge, quase tão violentamente quanto a explosão momentos atrás.

Hoseok.

Ele havia protegido ela e Jungkook.

Com um grito de horror, Yuna se ergue sobre os braços trêmulos.

Se ele morrer enquanto usava seu corpo e presciência como um escudo daquela explosão viscosa que poderia ter rasgado seu corpo, ela vai...

Ela vai...

O que ela vai fazer?

Se aquele brilho de sol brilhante e aqueles olhos escuros de corça e aquela alma magnética e entusiástica caírem em uma bola de chamas aqui, a Terra inteira parará de girar em seu eixo para afligir Jung Hoseok.

O universo inteiro.

As estrelas, a lua e o sol no céu derramarão lágrimas por sua perda.

Mas um gemido baixo e o movimento de um corpo esguio rolando, machucado e chamuscado, mas consciente, em algum canto da sala amortece as preocupações de Yuna.

Hoseok se senta, fazendo uma careta enquanto pedaços de vidro e alguns pequenos pedaços de blocos de concreto caem no chão de sua forma. Seus olhos estão acordados, atentos, procurando ao redor. Eles encontram os de Yuna e um alivio é visto em suas expressões.

Uma minúscula onda de fumaça envolve as pontas chamuscadas de seu cabelo de ébano.

Através da audição abafada de Yuna, alguém se move atrás dela. Ela torce o torso para ver Jungkook ali, levantando-se instavelmente, segurando o ombro ferido. Pela leve amolgadela na parede de gesso que divide o corredor e a sala, Yuna só pode supor que ele foi jogado contra ela.

Ela espera que a ferida dele não tenha reaberto novamente.

Virando-se para enfrentar os escombros que antes eram os fundos da casa, a parte que formava os quartos, Yuna quase chora com o céu do início da noite olhando para ela. Um terço inteiro da casa se foi, e eles todos têm sorte de que Hoseok os levou tão longe quanto fez, bem fora do alcance das bordas de tudo o que explodiu.

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