Blood INK

A Dualidade de Jeon Jungkook

"Você o que?"

É um pouco confuso, ela tem que admitir. Não é que ela não possa entender o apelo do pedido do homem de roçar os lábios contra uma criação de sua própria autoria que expressa tudo o que ele é, sempre foi e poderia ser. Não é ela que ele quer beijar, digamos, não na forma mais vil da sua boca quente na pele dela. O que ele quer é sentir contra ele tudo o que a tinta traçada na pele de Yuna representa, sozinho e em conjunto com sua própria marca espalhada nas depressões e colinas de suas costelas.

Nem Yuna está perplexa com seu desejo por sua visão inicial. Ele está atraído por ela e quer tocá-la onde deixou uma marca permanente em sua pele. A linha de pensamento parece coincidir com a de um animal macho esfregando seus cheiros nos animais de sua matilha.

A única coisa que a confunde é ele.

A maneira como ele está olhando para ela.

Sua boca está macia e docemente franzida, inocentemente amuada, apesar do contraste forte dos anéis de metal preto enganchados ao redor. A pele rosada está levemente avermelhada na parte inferior de onde ele a mordeu, mas não diminui a separação suave e gentil deles.

Mas seus olhos...

Seus olhos são quase obscenos, quase lascivos no inalterado calor que está queimando através deles. Suas pálpebras de cílios grossos estão baixas e pesadas, quase obscurecendo o preto quente como fogo atrás delas que está roubando o fôlego de Yuna. O ângulo agudo de suas grossas sobrancelhas negras arqueando-se para cima, dando lugar à extensão lisa de sua testa, sombreada por uma franja negra como breu.

Jungkook está pairando o mais próximo possível de Yuna, sua testa roçando a dela, lábios entreabertos enquanto suas respirações se entrelaçam. Ele está olhando para ela como se ela fosse o último gole de água na visão de um homem secando lentamente no deserto.

A necessidade fervente queima a pele dela, o ar em seus pulmões parece denso e preso como se a forte fogueira em seu estômago tivesse deixado sua fumaça enjaulada entrar neles.

É como se a curva fofa da boca de Jungkook fosse uma tentativa pobre de esconder a maldade em seus olhos.

A mente de Yuna está explodindo em como ele pode retratar duas emoções tão diferentes em uma expressão facial. Cada olhar é o antagonista completo do seguinte, seus olhos maliciosos, mas sua boca doce, suas sobrancelhas anguladas, mas as curvas de suas bochechas cheias e saudáveis. Ele é várias entidades emocionais diferentes embaladas em um pacote sexy, doce e enigmático.

"Eu pedi," disse Jungkook suavemente, a voz refletindo a boca, mas não os olhos. Ele está se contendo para não se soltar, segurando a luxúria que está gritando por ela através da janela da alma de sua visão. "Estamos indo devagar e você pode dizer não. Estou tentando."

Há um discurso totalmente diferente vindo de seu olhar negro. Ele está a atraindo, tentando faze-la ceder ao que ele quiser, quando ele quiser.

Medo? ele a desafia silenciosamente. Do que? Você sabe que eu cuidarei de você.

A toalha de banho ainda está dividida sobre a coxa de Yuna, o material apertado em seus punhos enquanto ela a segura firmemente para manter o resto de si mesma coberta. Mas, se ela tiver que ser honesta, ela precisa segurar com mais força para não jogar tudo fora de vez.

Ele é demais para ela.

"Tudo bem," Yuna diz, limpando a garganta e mantendo a voz casual. "Mas, você tem que entregar qualquer 'chantagem' que você tem depois disso."

Ele cantarola no fundo da garganta, mas não há resposta em palavras.

"Vou precisar de uma confirmação verbal sobre isso. É muito importante que tenhamos estabelecido um acordo claro entre nós." Ela continua tagarelando puramente por causa dos nervos, porque agora que deu qualquer sinal de concordância em relação à situação dele, seu olhar está preso de volta na tatuagem. "Porque, você sabe que não é justo se eu estiver cumprindo minha parte do negócio e você está meio que evitando o reconhecimento, que é o que você está fazendo agora, e não tenho certeza de como me sinto sobre isso..."