O reencontro

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Lisa Follen

O dia já estava claro, o sol se escondendo atrás das nuvens. Eu havia passado minha noite em claro, aproveitei poucas horas de sono. Taylor havia ocupado meus pensamentos a maior parte da noite. Tem alguma coisa nele que me deixa intrigada, e eu não estava disposta a ir embora sem descobrir o que é. Eu só não posso me apaixonar por ele, o que era muito difícil levando em conta a atração e a conexão que senti em sua presença. Não posso deixar esses pensamentos tomarem conta de mim. Vim até aqui para conhecer a cidade, como faço em todas as outras, não para me envolver com alguém. 

Me levanto e começo a me arrumar para o dia, quero conhecer tudo o que eu puder da cidade. Desço até a recepção e peço algumas informações sobre lugares para tomar o café da manhã. Após sair do hotel, o vento frio se encontra com meu corpo me causando arrepios. Comecei a caminhar na direção em que me foi passada pela recepcionista, era tudo tão distante. Havia muitas árvores em minha volta, parecia haver uma extensa floresta. Os lugares são bem afastados uns dos outros, eu acabaria precisando de um carro se fosse ficar mais algumas semanas aqui. 

Entro na primeira lanchonete que avisto, a fome já estava começando a me comer por dentro. Não havia muitas pessoas, para ser exata, havia apenas cinco pessoas. Me sento nos bancos que ficam nos balcão e faço meu pedido, olho em volta e não tem nada de diferente em volta daqui, apenas árvores e mais árvores. 

-Você não é daqui, é? - olho para o policial que estava sentado a um banco de diferença,

-Não, cheguei ontem. - ele concorda. -Nova moradora ou só de passagem?

-Estou só de passagem. Eu gosto de sair por aí, apenas conhecendo cada cantinho do mundo. 

-Isso é bom. Espírito de aventureira. - sorrio para ele e concordo. O garçom me entrega meu café e eu agradeço. Tudo estava em completo silêncio, tem apenas barulhos de louças uma nas outras. - Bom, eu vou indo. Obrigado pelo café. - o policial se levanta e aperta a mão do balconista. - Seja bem-vinda a nossa cidade. - ele olha para mim e eu concordo. 

-Obrigada. Pode me dar uma informação? 

-Claro, o que precisa?

-Sabe me dizer alguma loja de carros usados?

-Sei, tem uma perto da praia daqui. É só seguir reto e mais para frente, vai ter umas placas explicando o caminho. Se quiser posso te deixar lá, e perto do caminho que vou percorrer.

-Obrigada, mas eu prefiro ir andando para conhecer mais o local. 

-Se cuide. - concordo e ele acena saindo da lanchonete. 

*Quebra de tempo*

Foi uma caminhada e tanto até chegar na oficina. Por uns momentos, um certo arrependimento de não ter aceitado a carona veio, mas logo foi substituído pela paisagem. Taylor tinha razão, é um belo lugar. A oficina ficava em um local mais afastado do que os outros. Me aproximando mais do local, vejo dois meninos trabalhando em uma moto. 

-Oi, com licença?! - um dos meninos virou me olhando de cima a baixo. 

-Oi, o que você precisa? - outro que apresentava ser mais novo vem até mim.

-Eu gostaria de comprar um carro usado. Vocês tem?

-Pra você a gente tem qualquer coisa, gata. - o menino de antes fala dando um sorriso de canto.

-Então, eu quero uma boa quantia de dinheiro, uma casa e um carro novinho. - ele me olhou meio assustado e levanta as mãos em forma de rendição. 

- Só precisamos esperar nosso chefe chegar, tem tempo? - o mais novo pergunta novamente. 

- Claro, eu espero.

- Se quiser ir olhando os carros, fique a vontade. - eu concordo e começo a ir em direção aos carros. 

- Então, tem namorado? - ouço a voz do outro menino novamente e me viro. 

- Não, e a propósito, sou lésbica. - pisco para ele que me olha surpreso, assim como o outro menino. Eu continuo andando e ouço passos atrás de mim ainda. 

- Quer sair comigo um dia desses? - antes que eu respondesse outra pessoa interrompe. 

- Quando você vai parar de dar em cima das nossas clientes? - eu sabia de quem era a voz, e isso me causou um arrepio. Me virei e olhei para ele que estava com um sorriso no rosto, mas logo foi substituído por uma feição surpresa assim que me viu.

- Oi, Taylor. - dou um sorriso fraco para ele.

- Oi, Lisa. - ele dá um breve sorriso e eu desço meu olhar observando seu corpo que estava sem camisa. 

- Vocês se conhecem? - a voz do outro menino me tira dos meus pensamentos. 

- Sim. - Taylor da um sorriso e concorda. 

- Então é essa a menina que você me disse? - eu franzo a sobrancelha confusa, Taylor havia falado de mim? - Ela é bem gatinha mesmo. 

- Cala a boca, Lucca. 

- Ela é muito gata mesmo, não da para negar. - outro homem fala assim que se aproxima de nós. Olho para Taylor que estava com um olhar de raiva?! 

- Lisa, vamos lá dentro um pouco? - eu concordo e começo a segui-lo. - O que você está fazendo aqui? 

- Eu gostei do lugar, é aconchegante e eu me senti em casa. E pensei na possibilidade de ficar mais um tempo aqui, e não dá para ficar andando por aí, as coisas são bem longes uma da outra. - eu faço uma careta e ele ri. - Eu cheguei até aqui por indicação de um policial. 

- Então está aqui para comprar um carro? - eu concordo. - Ok. Você tem habilitação? - eu faço uma careta e dou de ombros. - Você não sabe dirigir? - ele começa a rir. 

- Eu vou aprendendo com o tempo. 

- Depois de matar a população inteira. - começo a rir com ele. - Posso te ensinar se quiser. - dou um sorriso e concordo. 

- Mas eu vou comprar o carro antes. - ele levanta as mãos como se estivesse se rendendo. 

- Vamos lá. - ele começa a andar em direção aos carros novamente. 

- Vai ir assim? É esse seu uniforme de trabalho? - pergunto o olhando e ele olha para si mesmo. 

- Desculpe, senhorita. Eu não fazia ideia de que teria clientes, me perdoe. - seu tom era uma ironia completa me fazendo rir. Ele para e me olha. - Se importa se eu for assim? 

- Não, claro que não. Só me pergunto como não está com frio. - ele me olha e ri. 

- Eu estava trabalhando, então o corpo fica aquecido.

*Quebra de tempo*

Cada carro que Taylor achava adequado para mim, ele me mostrava e ia me explicando algumas coisas. Após um bom tempo analisando, acabei ficando com uma picape. 

- Essa picape tem alguns segredos, posso te ensinar se quiser ou você aprende com o tempo. - ele começa a rir e eu empurro seu ombro de leve. Eu já sabia dirigir, e quando eu aprendi, era uma picape igual a essa, mas ele não precisa saber. 

- Claro que eu quero que me mostre, não quero ser presa por atropela alguém. - ele ri e concorda. 

- Ok. Amanhã cedo? - o olho surpresa. 

- Amanhã já? 

- Se tiver outra coisa para fazer, tranquilo. Só acho que o quanto antes melhor. 

- Não, não tenho. Amanhã as nove horas? 

- Perfeito. O que vai fazer hoje a noite? 

- Ficar deitada na cama maravilhosa que tem no meu quarto e olhar para as paredes. - ele sorri de canto.

- Eu pretendo jantar com você, se você aceitar, claro. - suas bochechas já estavam em um tom avermelhado. 

- Bom, por que não?

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