Capítulo 2

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Minhas mãos tremiam tanto que eu tentei três vezes antes de conseguir colocar café em uma xícara. A senhora Rossi, a mulher que me tirou do harém, me deu um vestido social preto e saltos altos. Ela também ajeitou os meus cabelos e me maquiou. Disse que o sheik tinha me comprado para que eu o servisse como sua secretária pessoal.

Segundo ela, meu trabalho seria simples: atender às necessidades do sheik. Eu esperava que isso englobasse apenas receber suas ligações e servir café, nada além disso. Ela também me lembrou que o prédio de cinquenta andares onde a empresa do sheik funcionava era vigiado por dezenas de guardas e incontáveis câmeras de segurança. Qualquer tentativa de fuga ou contato com o exterior seria recompensada com uma bala no meio da testa. Eu não sabia se era exagero, porém não estava com vontade de descobrir se era ou não um blefe.

Olhei para o relógio, nove em ponto. A hora de levar o café. Respirei fundo e caminhei pelos corredores chiques e bem iluminados com a bandeja em mãos como se estivesse andando para o corredor da morte. Ninguém me olhava nos olhos. Eu era invisível. Abri a porta de seu escritório sem pedir permissão, como a senhora Rossi havia dito.

O sheik estava parado de costas para mim, olhando a passagem pelos vitrais transparente. Ele ignorou a minha presença, apesar de ter ouvido o clique alto dos meus saltos no chão. Coloquei a bandeja em cima da mesa, incerta sobre como prosseguir. Deveria dar a meia-volta e partir ou esperar que ele me desse mais uma tarefa?

Assim como ele, permaneci parada, olhando para a vista. De onde estava, podia ver o topo dos prédios do centro da cidade, mas não as pessoas andando na rua. Olhei os móveis ao meu redor. Era um escritório relativamente comum, masculino e moderno, apesar dos objetos de aparência cara. Esperava algo mais chamativo, coberto a ouro, vindo de um sheik. Minha atenção se prendeu no homem em si.

De perto, ele era ainda mais alto, com quase dois metros de altura. Seus ombros eram largos e os cabelos pretos estavam penteados para trás. O terno azul escuro escondia muito de seu físico, mas eu tinha certeza que ele era forte. E em qualquer outra situação, eu teria me imaginado passando as unhas por aqueles músculos ocultos.

"Mais alguma coisa, senhor Abdul?", perguntei. Ele permaneceu calado, contemplando a paisagem. Pigarreei. Nada, nenhuma resposta. Será que ele tinha dormido em pé ou isso era algum tipo de teste? Cansada, dei a volta na mesa e encostei em seu ombro, tentando chamar sua atenção de vez.

O movimento foi tão rápido que eu não sei como aconteceu. Em um momento, eu estava parada atrás dele, no outro, eu estava pressionada contra o vidro e com a cabeça latejando do impacto. Ele me segurou pelo pescoço e tirou os meus pés do chão. Em pânico, arrisquei olhar para o lado, vendo nada além de um vidro fino me separando de uma queda para a morte.

Que porra era essa?

"Quem é você?", sua voz era estranha, rouca, rasgada, raivosa. Dura. Assim como os olhos negros. A barba espessa estava tão perto que quase tocava em mim.

"Me-Me-Melody", gaguejei, "Melody Stone."

Ele deve ter reconhecido o nome, pois me soltou de imediato. O problema era que eu não conseguia segurar minhas pernas trementes e quando vi, estava escorregando ao chão. Mãos fortes me seguraram antes que eu atingisse com a bunda no piso e ele me colocou sentada em cima de sua mesa de madeira rústica.

"Melody?", falou, fazendo também os gestos da linguagem de sinais. Só então, compreendi porque ele não tinha me ouvido segundos antes.

O grande sheik era surdo.

Não acredito que tem gente lendo o livro!

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Não acredito que tem gente lendo o livro!

Teve 13 comentários no outro capítulo e estou com 64 seguidores! Nem achei que fosse possível, fiquei animada e fiz mais esse capítulo. Acho que no próximo vou contar como ela chegou ali, querem saber como foi? Obrigada pelas leituras!

MJ


Sequestrada pelo CEO, vendida ao sheikOnde histórias criam vida. Descubra agora