capítulo 26

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- Estou feliz que tenha se aberto com o Luca.- minha terapeuta tinha um sorrisinho satisfeito.- você até parece estar mais leve, tem mais brilho.

- Me fez bem compartilhar um pouco do que eu sentia com ele, você estava certa.

- Mas você precisa contar a ele sobre o filho de vocês, não é justo nem com você, nem com ele, que você fique com essa dor, tem que compartilhar.

- Falei com a minha melhor amiga sobre o bebê.

- Isso é bom, mas realmente tem que contar ao Luca sobre isso, ele era o pai, acredite em mim, após ele saber sobre isso, as coisas vão mudar.

- Eu não consigo, por mais que a nossa relação tenha melhorado, não consigo chegar nele, dizer que perdi o nosso filho e que o culpei por todo esse tempo, na verdade eu ainda acho que a culpa é dele.

- Já conversamos sobre essa culpa Katherine, não tem um culpado para o que ocorreu, o que o médico disse a você ?

- O feto parou de se desenvolver devido a uma anormalidade cromossômica.- falei no automático ainda relembrando aquele dia doloroso.

A terapeuta estava certa, não havia um culpado. Eu achava que fora o estresse, mas o médico afirmou que não existem pesquisas que confirmem que estresse é a causa para o aborto, o estresse causa parto prematuro e faz bebês nascerem com baixo peso, mas não provocam o aborto. Eu estava tão magoada na época que não acreditei no que o médico falara, acreditei na minha própria conclusão infundada.

- Eu entendo que era seu filho, seu sonho e que perdê-lo foi doloroso, mas não há um culpado, nem você, nem a sua família, nem o Luca, você não merece conviver com essa dor.

- Eu pensei que o bebê havia parado de se desenvolver por conta do estresse que vivi.

- Compreensivo, você estava em um momento delicado, quis arrumar um culpado para o que ocorreu, sua mente projetou isso, agora é com você, faça a sua parte, não precisa ser hoje, mas precisa dividir isso com o Luca.

- Não me sinto pronta.

- Você está mais do que pronta Katherine.

Conversar com Valéria sempre me deixava mais leve, mas dessa vez foi como se um novo peso se apossasse de meus ombros.

...

- Casa do Gus?- Marjorie perguntou animada.

Não consegui responder na mesma animação, apenas assenti.

Por mais que ainda estivesse com tanta coisa para resolver sobre o aniversário de Stella que seria no dia seguinte, queria ver Gus, até já havia virado rotina ir para o apartamento dele após a terapia.

- O que aconteceu?- ele me puxou para um abraço apertado.

- Precisei relembrar momentos que não queria.

- Quer conversar sobre?

- Não, só preciso me recuperar antes de voltar pra casa, não quero que Stella me veja nesse estado deplorável.

Gus me guiou até o sofá e ligou a TV para mim.

- Vou preparar um chá de camomila, não sai daqui.- deu um beijo em minha testa e saiu em direção a sua cozinha.

Gustavo é aquela pessoa que todo mundo deveria ter por perto. Sério, é incrível como ele cuida de quem gosta, como é compreensivo, muitas vezes me peguei pensando que ele era somente fruto da minha imaginação. No mundo tão cruel que vivemos, é difícil acreditar que existam pessoas tão boas e doces como ele.

- Voltei.- colocou a caneca com o chá fumegando na bandeja no braço do sofá.- espera esfriar pra você tomar.

- Obrigada .- agradeci e o abracei, quando o mesmo se sentou.- Não sei nem o que fazer pra te agradecer por cuidar de mim e tentar me entender.

Meu  Segurança II-Livro 2 ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora