- Estou feliz que tenha se aberto com o Luca.- minha terapeuta tinha um sorrisinho satisfeito.- você até parece estar mais leve, tem mais brilho.
- Me fez bem compartilhar um pouco do que eu sentia com ele, você estava certa.
- Mas você precisa contar a ele sobre o filho de vocês, não é justo nem com você, nem com ele, que você fique com essa dor, tem que compartilhar.
- Falei com a minha melhor amiga sobre o bebê.
- Isso é bom, mas realmente tem que contar ao Luca sobre isso, ele era o pai, acredite em mim, após ele saber sobre isso, as coisas vão mudar.
- Eu não consigo, por mais que a nossa relação tenha melhorado, não consigo chegar nele, dizer que perdi o nosso filho e que o culpei por todo esse tempo, na verdade eu ainda acho que a culpa é dele.
- Já conversamos sobre essa culpa Katherine, não tem um culpado para o que ocorreu, o que o médico disse a você ?
- O feto parou de se desenvolver devido a uma anormalidade cromossômica.- falei no automático ainda relembrando aquele dia doloroso.
A terapeuta estava certa, não havia um culpado. Eu achava que fora o estresse, mas o médico afirmou que não existem pesquisas que confirmem que estresse é a causa para o aborto, o estresse causa parto prematuro e faz bebês nascerem com baixo peso, mas não provocam o aborto. Eu estava tão magoada na época que não acreditei no que o médico falara, acreditei na minha própria conclusão infundada.
- Eu entendo que era seu filho, seu sonho e que perdê-lo foi doloroso, mas não há um culpado, nem você, nem a sua família, nem o Luca, você não merece conviver com essa dor.
- Eu pensei que o bebê havia parado de se desenvolver por conta do estresse que vivi.
- Compreensivo, você estava em um momento delicado, quis arrumar um culpado para o que ocorreu, sua mente projetou isso, agora é com você, faça a sua parte, não precisa ser hoje, mas precisa dividir isso com o Luca.
- Não me sinto pronta.
- Você está mais do que pronta Katherine.
Conversar com Valéria sempre me deixava mais leve, mas dessa vez foi como se um novo peso se apossasse de meus ombros.
...
- Casa do Gus?- Marjorie perguntou animada.
Não consegui responder na mesma animação, apenas assenti.
Por mais que ainda estivesse com tanta coisa para resolver sobre o aniversário de Stella que seria no dia seguinte, queria ver Gus, até já havia virado rotina ir para o apartamento dele após a terapia.
- O que aconteceu?- ele me puxou para um abraço apertado.
- Precisei relembrar momentos que não queria.
- Quer conversar sobre?
- Não, só preciso me recuperar antes de voltar pra casa, não quero que Stella me veja nesse estado deplorável.
Gus me guiou até o sofá e ligou a TV para mim.
- Vou preparar um chá de camomila, não sai daqui.- deu um beijo em minha testa e saiu em direção a sua cozinha.
Gustavo é aquela pessoa que todo mundo deveria ter por perto. Sério, é incrível como ele cuida de quem gosta, como é compreensivo, muitas vezes me peguei pensando que ele era somente fruto da minha imaginação. No mundo tão cruel que vivemos, é difícil acreditar que existam pessoas tão boas e doces como ele.
- Voltei.- colocou a caneca com o chá fumegando na bandeja no braço do sofá.- espera esfriar pra você tomar.
- Obrigada .- agradeci e o abracei, quando o mesmo se sentou.- Não sei nem o que fazer pra te agradecer por cuidar de mim e tentar me entender.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Segurança II-Livro 2 ✅
ChickLitCONTINUAÇÃO DE MEU SEGURANÇA Depois de cinco anos longe, Katie está de volta, mas nem tudo que acontece no passado, realmente fica no passado.