Minha mãe se jogou em mim e eu contive o arfar de dor porque eu queria ser abraçada por ela.
Já havia me acostumado com a ideia de não vê-la mais, depois de me formar antecipadamente sabia que seria impossível nos vermos.
E então teve a vez que a liguei para me despedir, precisando ouvir a voz dela antes de ir para a missão suicida de matar meu companheiro. Eu havia chorado por quase uma hora no telefone antes de me despedir dizendo a ela que iria morrer. Sequer tive coragem de a ouvir falar algo antes de desligar correndo.
E agora estávamos tão mais perto do que eu jamais esperava estar novamente, nem toda a dor do mundo me impediria de a retribuir.
Quando o abraço acabou, minha mãe voltou os olhos para mim, para meus amigos e então para minha mão entrelaçada a de Akshay.
-Gael, Efraim - Minha mãe cumprimentou meus amigos pelo nome, eles sorriram para ela em retribuição. Seus olhos se voltaram de novo a minha mão na de Akshay - Acho que temos muito a conversar.
E nos olhando com seus olhos semicerrados e sobrancelha arqueada, eu sabia bem o que se passava na cabeça dela naquele momento, com seus olhos passando de mim para Akshay, sabia que ela estava montando um sermão em sua cabeça. Mesmo que ela ainda sequer soubesse o que ele era. Ela tinha olhos e podia ver que o homem comigo aparentava estar na casa do seus vinte e seis ou vinte e sete anos. Enquanto eu tinha dezoito a pouco mais de uma semana. Mesmo que eu houvesse sido emancipada pela Legião, não acredito que ela aceitaria isso tão facilmente.
Queria ver sua reação quando soubesse realmente nossa diferença de idade.
-Temos - Falei a ela - A sós.
Porque eu ia dizer a ela quem ele era, assim como ia dizer quem meus outros amigos eram. Não ia deixar que minha mãe abrigasse ninguém sem ter conhecimento da dimensão do que éramos. E da droga em que a envolveríamos.
Mas então senti meu corpo ficar mais leve de novo, minha visão começou a escurecer.
Akshay passou a mão em minhas costas notando que eu poderia cair também.
-A conversa vai ter que ficar para daqui a pouco - Akshay falou me olhando preocupado - Precisamos cuidar de você agora.
-Eu estou bem - Repeti a ele.
-Não está, estou sentindo que está quase desmaiando meu amor - Ele me falou e voltou os olhos para minha mãe - É um prazer senhora Fontana e eu gostaria que isso fosse feito em condições melhores, mas precisamos entrar ou a A vai ficar inconsciente em breve.
Minha mãe o encarou de novo franzindo o cenho, mas abriu a porta no mesmo segundo.
E eu, um pouco mais tonta do que gostaria de admitir entrei os guiando para a cozinha. Akshay me ajudou a me sentar na bancada e o vi fechar os olhos por alguns segundos como se estivesse com dor.