Lar

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O sol daquele lugar era lindo, quente, amoroso e reconfortante, o aroma das tulipas e ela estava lá. Ela estava sentada, meditando como se fosse uma grande obra prima, me sentei para a admirar. Estávamos rodeadas de tulipas rosas, ela respirava levemente. O sol banhava seu rosto com esplendor de mostrar ao mundo a obra que a natureza criou com tamanho cuidado e detalhes.

A brisa bateu de leve, os cabelos ondulados e escuro estão esvoaçantes. Certamente, era momento reconfortante para meu coração que não estava nada calmo, estava batendo forte e firme.

Mariana exalava uma energia etérea, uma energia que somente estava contida nela. As bochechas tomaram forma de um sorriso leve, aquilo fez com que meu coração ficasse mais acelerado, quase uma arritmia.

Ela estava com a roupa do batizado, pensei que poderia a tocar, mas não dava. Por mais, que me aproximasse, mais distante a mulher que amo se tornava. Meu peito estava apertado, quase que esmagado pela musculatura rígida.

Meus olhos se preencheram de lágrimas, parei de lutar para a tocar, para sentir a quentura de sua pele, maciez. Quero olhar os olhos amendoados mais uma vez, só apenas mais uma vez. Olhei para meus braços e eles estão vazios e tudo por culpa minha.

Aquele universo particular fora tomado por um clarão que queimaram os meus olhos, pisquei algumas vezes. Meu corpo estava amortecido, mas minha cabeça estava latejando.

Retomei a consciência e percebi que era um sonho, apenas isso. Claro, o final era assustador. Meu coração estava despedaçado pela falta que ela fazia naquela casa, não somente, mas Regina também. Finalmente, abri os olhos e o clarão incomodou, fotossensibilidade após uma bebedeira. A percepção se fez presente, minha garganta ficou um nó.

Essa sensação horrível, de estar tudo entalado na garganta. Meu coração estava apertado também, a falta gritava.

Me sentei na cama, ajeitei o pijama, procurei meu celular. Olhei o ambiente e estava no quarto de Mariana, não era o meu quarto. Então, meu celular no estaria ali. Me pus de pé e  fiz o caminho para meu quarto. O quarto me lembrava de épocas que aquilo tudo não havia desmoronado em minhas costas, não exclusivamente o fato da omissão de Mariana, mas a traição de Juan Carlos. O nosso casamento estava fadado ao fim, mas poderia ter sido mais leve e sem um par de chifres na minha cabeça, mas a intuição de uma mulher nunca falha e o presenteei com um par também. Pelo menos, estamos quites.

Olhei para o relógio, ainda era super cedo. Minha cabeça latejava, devo me lembrar que beber tanto a ponto de ir a casa da Mariana e implorar que me perdoasse por tê-la expulso, foi o auge da loucura e desinibição.

Fui até o banheiro, abri a gaveta que estava guardado os remédios, tomei um Tylenol para ver se passava a dor da ressaca.

Estou sendo massacrada pela minha mente às 6 horas da manhã. Deveria ligar e pedir desculpas!

Suspirei, me encostei na bancada do banheiro. Fechei os olhos e ter um infarto seria uma ótima opção para a vergonha que passei ontem.

Lembrete mental: nunca mais chamar Manolo para nenhuma bebedeira fora de hora, principalmente a noite, perto da casa da sua amiga, que se declarou e que você chutou da sua casa.

Uma droga ser assim, me odeio. Quer dizer, não totalmente, mas neste momento, me odeio.

Estava entre tomar um banho e ligar para Mariana. O sonho me atormentava, mas decidi mesmo assim, tomar um banho. Ao menos, restaurar um pouco da dignidade que estava no subsolo do poço.

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