Sinto sua falta

650 63 90
                                    

- Ana? - A voz da Elena ecoou em minha mente, meus olhos a olharam de baixo em cima, estava apenas com um blusão solto. Me ocorreu questionar algo, mas, não é minha casa. Voltei a realidade quando Manolo tocou meu ombro, balancei levemente a cabeça.

Esbocei o sorriso mais falso, escolhido especialmente para a ex da Mariana. Pressionei os lábios um pouco forte, decidi abrir a boca falar. Já estava passando a maior vergonha do ano, espera... A maior foi no batizado, toquei levemente a minha testa.

- Você está fazendo campana em frente a minha porta? - Elena me perguntou, pensei em dar uma resposta ríspida, porém, lembrei que preciso saber de Mariana.

- Não... Eu só queria saber se a Mariana está... - As palavras fugiram da minha mente e Manolo chegou a conclusão que me ajudar seria uma boa ideia.

- Ela veio aqui exercer o papel de gay dela. - Me virei para olhar em seu rosto, maldito sorriso de canto, poderia dar um soco nele.

Voltei a olhar para a morena em minha frente.

- Então, a Mariana está? - Indaguei, nervosa. Esperava que Mariana estivesse ali.

Elena revirou os olhos e virou os pés, virando de costas.

- Mariana... Tem uma visita pra você! - Usou um tom mais alto e que desse para ouvir bem. Seus olhos voltaram para mim. - Se você a magoar de novo, vou ser obrigada a te bater. Me custou a fazer ela parar de chorar a noite, na semana, então... Espero que esteja fazendo isso porque quer e não para a machucar. - Seus olhos me cuidavam como uma leoa cuidando de um filhote. Mariana apareceu na porta com pijama - ridículos e vou trocar assim que puder -, seu olhar de espanto e mágoa, fez meu coração ficar menor o possível.

- Fale para essa senhora que não desejo conversa com ela. - Mariana expressou toda a sua raiva, dor ou sei lá? Não conseguia identificar. Obviamente, está magoada comigo. Fechei os olhos, quando ela se virou, Elena por algum motivo sussurrou para ela.

- Dê uma oportunidade para ela, depois você vai ficar chorando pelos cantos... Ela deve ter passado por todos os estágios do orgulho para estar aqui. - Ela sussurrava para Mariana, me olhava como se fosse uma criminosa, e talvez, eu seja.

Ela suspirou profundamente, me senti uma invasora.

- Olha, se você não quiser... Eu vou embora, sinto que estou invadindo o seu espaço... - Mariana me cortou.

- Ainda bem que tem auto consciência disso. - Ouch, não sabia que doeria ouvir isso. Suspirei desanimada.

Mariana revirou os olhos, me deu mais vontade de desistir. Elena saiu deixando eu, Mariana e Manolo, que nesse momento, estava impaciente.

- Você não consegue falar comigo sã consciência? Sempre é bêbada ou drogada, para depois não se lembrar. - Afiada, é isso que ela estava. Felizmente, lembrava de tudo.

Olhei para os meus pés como uma criança que aprontou tudo que podia e estava sem jeito para admitir.

- Olha, acho melhor ir embora. - Mariana me olhou profundamente magoada e com voz afiada. Meus olhos começaram a ficar molhados, não queria chorar ali. Droga, beber e conversar assuntos difíceis não é uma boa.

- Posso, pelo menos, tentar conversar? - Tentei a última vez.

Mariana engoliu em seco, ela esperava que eu fosse embora? Aparentemente, sim. Fechei os olhos, me preparando para o que diria.

- Sinto sua falta em casa, as crianças sentem... Quero me desculpar por ter te expulsado... - Ela me contou de novo.

- Não foi somente eu quem você expulsou, a sua filha também. Eu sei que estava magoada e está, mas você me matou quando me expulsou com a Regina, essa semana ela chorou horrores com saudades. - Ela suspirou deixando transparecer toda a sua dor, seus olhos estavam brilhantes pelas lágrimas. - Pelo menos, ela pode chorar... - Essa parte foi sussurrada com tanta dor. Seus olhos encontraram os meus. - Sabe, eu nunca imaginei que a senhora perfeitinha Ana Servín fosse expulsar a própria filha da casa. - Se o objetivo era me deixar completamente mal, ela conseguiu.

Pero te Extraño Onde histórias criam vida. Descubra agora