Capítulo único

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Notas

Sei que não é costume meu fazer One-shots, mas tive essa ideia durante um banho e ela veio com tanto vigor e corpo que me foi impossível ignorar. Portanto cá está.
Espero que apreciem.

Quando a garra passa arranhando de leve a pele, descendo pela linha da coluna a outra geme, mas Scorpia sabe que não é para ela

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Quando a garra passa arranhando de leve a pele, descendo pela linha da coluna a outra geme, mas Scorpia sabe que não é para ela.

De início essa ideia não lhe parecia insuportável, incômoda talvez, mas havia uma esperança de que o tempo e o contato pudessem operar uma mudança, então ela se dedicou. Lhe foi amiga, confidente, escudeira... tentou lhe ser útil, buscou formas de lhe provar valor, abriu mão de certos princípios internos numa cruzada da qual já não está tão certa que acreditava..., mas lá estava, naquele olhar distante que aquelas lindas orbes heterocromáticas faziam quando estavam prestes a gozar. Aquele olhar que buscava outro alguém e que a evitava a todo custo para não confirmar o óbvio, Scorpia não era quem Catra queria ali.

E muito embora o corpo reagisse a cada beijo, cada aperto, cada lambida ou mordida e cada palavra de carinho sussurrada naqueles breves momentos de intimidade que trocaram, Scorpia sabia. Catra não estava emocionalmente disponível, e apesar de se perder naquele corpo esguio e naqueles beijos quase agressivos de tão selvagens, a ressaca moral que lhe acometia após os rompantes de paixão não pareciam compensar.

Era duro admitir para si mesma que, as únicas recompensas que a gata era capaz de lhe dar por sua dedicação e admiração, acabavam por ser alguns orgasmos e a inevitável sensação de ser usada. Tentou sufocar isso da maneira mais digna que poderia, embora com todas as suas fibras não desejasse.

Conformou-se que jamais seria "aquele alguém" para a gata, e convenceu-se que se não poderia ser seu amor, seria então a melhor amiga que pudesse. Resignada lidou com seu coração engolindo a frustração e tentou ficar ao seu lado, achou que se ao menos pudesse vê-la realizada isso lhe bastaria. Mas a vida.... a vida é uma vadia sádica.

E admitir que Catra estava pouco a pouco tornando-se obcecada e psicótica era difícil, mas precisou fazê-lo. Na realidade a parte mais difícil de digerir dessa informação é o fato de que ela estava além de seu alcance, e que se havia alguém que pudesse trazê-la de volta, essa pessoa certamente não era ela, mas sim uma certa princesa cujo nome as vezes escapava daqueles lábios inchados e vermelhos no ápice do prazer quando se derramava em sua boca. Não foram muitas as vezes em que tiveram essas intimidades, mas em todas teve certeza de ouvir o nome da ex-capitã desertora da Horda, certamente mais vezes do que sua dignidade poderia suportar.

E embora a realidade lhe batesse com força, Scorpia era forte demais para cair facilmente, mesmo que fosse apenas para cair em si. Ainda assim eventualmente até mesmo a mais resiliente soldado cai de joelhos, e neste caso com um coração partido. Ainda assim, em sua deserção buscou por ajuda, não para si, mas para Catra.

A vida entre as princesas foi surpreendente, mas apesar do conforto de dormir em uma "cela" que era mais confortável do que o melhor alojamento que já teve na Horda, não fora fácil. Apesar de ser uma princesa, nunca fora tratada daquela forma, com tamanha gentileza e bondade, como costumava fazer com os outros. Ser retribuída e valorizada era estranho, embora sua mente racional lhe dissesse que não deveria ser.

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