Uma Cesta

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Sarada olhava o movimento dos carros na estrada enquanto sua mãe dirigia silenciosamente.

 Ela estava exausta após o longo final de semana na capital, em que realizou diversas provas de admissão para as universidades. Havia estudado muito ao longo do último ano, mas era sempre cansativo e enfadonho passar horas escrevendo e raciocinando, e apesar de achar que tinha ido bem, não via a hora de chegar em casa e descansar.

Apesar disso, achou um alívio ter ido embora de Konoha no final de semana, pois assim não corria o risco de encontrar Boruto. Só de pensar no menino, ela sentia um calor intenso no ventre, e mesmo durante as provas se pegava pensando no toque quente dele ao se distrair, oscilando entre e excitada e constrangida numa velocidade impressionante.

Sua mãe a havia acompanhado, aproveitando para passar o final de semana na capital e fazer algumas compras, enquanto servia de motorista para a filha, levando e trazendo de suas difíceis provas. Finalmente havia chegado a hora de voltar, e as duas sentiam o alívio após o término das obrigações.

Interrompendo o silêncio confortável que reinava, Sakura falou 

—Você nunca mais comentou sobre Kawaki... ou Boruto. — Ela conhecia a natureza curiosa de sua mãe, e sabia que eventualmente ela viria indagar o andamento da sua vida amorosa. —Tudo bem? Aliás, nunca soube o que aconteceu naquela festa.

Já havia acontecido tantas coisas que Sarada nem sabia o que dizer. Ela suspirou, lançando o ar contra o vidro do carro e criando uma mancha embaçada.

— Nossa, a festa foi terrível. Foi por isso que bebi tanto, eu acho. — Ela ouviu sua mãe abafar uma risada. — É sério, mãe. Boruto... ele se declarou para mim, e nós nos beijamos... e depois Kawaki disse que gostava de mim e chorou.

— E você beijou ele também. — Era uma afirmação.

Sarada olhou para ela, chocada. 

— O que você quer dizer com isso?

— Nada. Eu estou certa? — Sarada se absteve se responder, ruborizando enquanto voltava seu rosto para o lado oposto da motorista e ouviu Sakura soltar uma sonora gargalhada. — Você ainda é filha da sua mãe, Sarada. Aliás, você é uma mistura tão boa minha e do seu pai, que às vezes eu fico até impressionada.

A morena continuava emburrada, concentrando-se no movimento contínuo da estrada. 

— O que você fez depois disso?

— Nada além de fugir dos dois. — Ela não podia mencionar o episódio da cabine de luz, seria exposição demais. Sakura soltou um murmúrio atento, interessada. — Mas conversei com tio Itachi... E ele me disse algo que me fez pensar bastante. Se eu ainda gostasse mesmo de Kawaki, não teria me interessado por Boruto em primeiro lugar... o que acha?

Sakura pareceu pensativa por alguns instantes. 

—  Vejo bastante sabedoria nisso, acho que ele tem razão. Principalmente conhecendo você e seu gênio intenso... vocês passaram tanto tempo juntos, e é a primeira vez que a vejo titubear. Mas acho que só você mesma pode julgar isso.

O GPS soltou sua voz feminina, indicando a saída para Konoha e Sakura passou para a faixa da direita, pronta para deixar a via expressa.

Sarada não disse nada, apenas suspirou e fechou os olhos, recostando a cabeça no banco. Queria ser tão certa dos motivos por trás de seus impulsos e ações quanto sua mãe e seu tio pareciam ser.

Sarada abriu o armário metálico e jogou a mochila para frente, tirando seus livros de dentro para se livrar do peso. Enquanto guardava, viu Kawaki no final do corredor, e se escondeu discretamente atrás da porta colorida, olhando de escanteio os movimentos do moreno. Ele era um estranho familiar e isso causava um certo mal estar na Uchiha, ao mesmo tempo em que haviam compartillhado tanto, parecia não existir absolutamente nenhum assunto possível de ser conversado com ele atualmente.

Garotos [BoruSara]Onde histórias criam vida. Descubra agora