Capítulo 1

49 4 1
                                    


PARTE 1

Dias e noites ruins eram perfeitamente comuns, principalmente na vida de Arthon, cuja os dias bons eram extremamente raros e escaços, porém, esta noite estava especialmente mais ruim que o normal. Nos últimos três anos depois da criação de Arthon, seus dias foram vazios, dolorosos e raivosos, e uma das regras de sua vida, era que nunca podia pensar que algo não podia piorar. Seus primeiros minutos de vida foram desgraça grande o bastante para traumatizar qualquer pessoa, por mais forte que fosse, mas aquilo agora parecia um simples dia ruim. Se alguém dissesse para Arthon que sua vida iria melhorar, ou que não podia piorar, ele lhe daria um soco. Nunca se deve dizer que algo não pode piorar, nunca! A noite fria estava cheia de ruídos e gritos de dor, dos seus irmãos e de semelhantes. O criador estava fazendo uma festa, oque significava: Dor, desespero e perversões bizarras. No recinto se encontravam vários homens amigos do criador, tão problemáticos e perturbadores quanto ele. Arthon tinha teorias de que nem nos mais renomados livros de psicologia citavam seres humanos tão dementes quanto os que costumavam visita-lo. Por sorte, talvez, Arthon era o favorito do criador, e por isso, era o mais inteiro, apesar de que suas partes já foram mutiladas e arrancadas algumas vezes, porém, como era sintético, seus membros eram substitutíveis, por tanto, o criador não se preocupava muito com o efeito de suas diversões privadas. Os irmãos, Rathz, Tham, Lirinha e Ozon, estavam ao lado na sala de tortura, pois durante os últimos anos, o criador decidiu que seus prazeres carnais começavam a se tornar mais rápidos, talvez pelos anos em que isso se repetiu, e pela idade, possivelmente. Arthon mau conseguia gritar, pois estava gritando a muitos minutos sem parar. Eram projetados para outras coisas, porém, o criador os escondeu de seus superiores, os mantendo para ele mesmo, e seus amigos insanos. Rathz, com quatro braços e duas cabeças, era o maior, com quase dois metros de altura, o corpo muito mais forte e musculoso, com a pele mais pálida e os rostos quase pintados como palhaços, com um sorriso em um, uma boca triste no outro, nariz vermelho e cabelos amarelos, e no outro, cabelos azuis, com os olhos vermelhos por não fecha-los nunca. Era o irmão que Arthon menos gostava e mais tinha medo, afinal, era o que lhe batia o tampo todo, além das ameaças. "É tudo sua culpa" Dizia ele, "Por que você reclamava muito de fazer seu trabalho, ele agora só nos tortura dia e noite." . Ele gritava alto com uma voz grossa e rouca. Tham era o menor, com menos de um metro e cinquenta, com aparência de criança, cabelos ruivos, pele quase branca como tinta, e um nariz redondo e amarelo. Era medroso, o menos falante e mais assustado, apesar de que hoje tivesse uma coragem especial, mas mesmo assim, gritava e chorava.-Por favor para! - Gritava ele em meio a seus soluços, enquanto um dos amigos do criador arrancava uma de suas unhas. O homem não parou, limitou-se a rir. Lirinha, que era a única mulher, mas nada tinha de mulher. Era quase tão alta quanto Rathz, um palmo mais alta que Arthon. Tinha cabelos roxos, pele cor de papel, era musculosa como um búfalo, sem seios ou ao menos seios que se pudessem falar. Era bonita no rosto, que a esta altura estava encharcado de sangue, pois um homem tentava, sem sucesso, arrancar seu nariz. Ozon era quase da altura de Arthon, com cabelos vermelhos, calvo como um palhaço, e um nariz vermelho, que já havia sido arrancado. Era forte e musculoso, mas sua força nada era contra as presilhas de aço. Arthon, já não parecia como era quando nasceu. Quando nasceu tinha traços mais afeminados ainda sim fortes, mas parecia que com o passar de seus anos sua aparência passou a condizer com suas vivencias, mas era apenas a adaptação natural programada em seu físico, pois era feito para as demolições, construções e minerações, e tinha de adaptar seu corpo para qualquer situação, mas sem perder a força física e resistência. Era alto, com um metro e oitenta e três, forte, musculoso, e agora, estava na aparência que mais amava, sem aquela beleza quase feminina. Agora parecia um homem, ainda sim muito bonito, com o rosto marcado por cicatrizes, e os cabelos quase chegando aos cotovelos, pois o criador quase não os deixava cortar, eram vermelhos vivos e sua pele era quase tão branca quanto a dos irmãos, e um nariz vermelho. Estava com o rosto ensopado de sangue, pois desta vez o criador estava arrancando um de seus olhos.-Cante pra mim palhacinho! Cante! - Ele exigiu fazendo força conta a carne mole do olho de Arthon.-Um palhacinho feliz... que só quer cantar! Cantar! Cantar! - Cantou Arthon com o voz fraca pela dor.-Isso! Cante a do garotinho da manivela.-Lá tinha um garotinho, um garotinho feliz, que tinha uma manivela na cabeça. - Cantou Arthon com a voz começando a ficar rouca. -Ele nunca parou, cantou e cantou, ele apenas podia cantar, então cantou. E cantou, e cantou. -Isso mesmo! - Disse o criador, apertando o olho, fazendo-o explodir. Arthon gritou com o ultimo ar que continha nos pulmões, fazendo suas lagrimas escorrerem junto ao seu sangue.

O Palhaço Arthon: Projeto Vida Nova.Onde histórias criam vida. Descubra agora