Duas semanas depois do inesperado encontro a onda de recordações e emoções despertada em Nina e Gastón continuava a se manifestar em ambos. O moreno se via leve pela primeira vez em anos, ao pensar em Nina não sentia mais a culpa que havia carregado consigo durante a última década incomodá-lo, ela o havia perdoado... Ele mal podia acreditar. Sempre imaginou que a morena tivesse guardado certa raiva de si, o que seria compreensível dadas as circunstâncias da separação entre ambos. Ele se sentira um egoísta por escolher sua carreira e futuro no lugar de sua amada, mas agora, depois de todos esses anos, sentia-se grato por ter chego tão longe e mais grato ainda por ter a certeza de que Nina não o odiava por isso.
...
— Nina! — Chamou Xavi, batendo na porta do loft da morena. O chamado a despertou da nuvem de recordações na qual estava inserida... Se encontrava de fato imersa em memórias, velhas e novas. Se pegou pensando no dia em que havia se despedido de Gastón dez anos atrás e como havia se sentido, repassou em sua mente as emoções tentando reviver cada detalhe. Havia tristeza, saudade, decepção, amor, mas com certeza não havia raiva ou rancor. A expressão de Gastón semanas antes no restaurante a deixara surpresa, ele realmente havia passado todos esses anos pensando que ela o odiava? Para a morena era a conclusão mais estúpida da década, levando em consideração que ela passou mais da metade desses anos ainda apaixonada por ele, e ainda agora, quando já se via num novo relacionamento, sabia que ainda havia uma pequena parte dentro de si que sempre amaria Gastón Perida, que sempre seria dele...
Outra vez a campainha e então ela se mexeu de fato, havia se perdido em devaneios mais uma vez.
— Um momento! — Gritou ao se levantar do sofá e buscar sua chave sobre a mesinha de centro bagunçada, havia nela de tudo um pouco: desde livros espalhados, manuscritos em potencial de seu romance que nunca estavam bons o bastante aos olhos da escritora e ainda duas ou mais canecas de café espalhadas. Travada a batalha contra sua própria bagunça criativa, Nina finalmente pôde abrir a porta para Xavi.
— Eu não acredito que você ainda está de pijama! — Disse ele incrédulo.
— Bem... — Ela hesitou checando as horas no relógio de parede. — Ainda são nove da manhã, eu não tenho porquê me arrumar para encarar aquele livro sem a menor ideia do que precisa ser mudado. — Ela concluiu se afastando da porta em direção ao seu sofá, estava passando pelo pior bloqueio criativo de sua vida.
— Em primeiro lugar, o livro já está terminado, nada precisa ser mudado, em segundo eu vim te dar carona para o seu ensaio e pra isso eu sugiro que você vá vestida com algo que não seja um pijama, quer dizer a menos que queira algo tão informal na contracapa do livro.
— O ensaio! — Ela repetiu em voz alta se dando conta. — Eu não acredito, eu esqueci!
— Não tinha notado... — Ele riu e ela se levantou num rompante, cruzando a sala e subindo as escadas correndo até seu armário.
— Quão atrasados estamos? — Perguntou enquanto se trocava.
— Graças a mim, não muito. Eu atrasei o ensaio em meia hora quando percebi que não atendia o celular... Você tem estado mesmo muito distraída esses dias... — Concluiu ele se sentando para esperá-la.
— Impressão sua, é só nervosismo pelo livro, eu não acho que esteja pronto, tem algo que falta e o prazo pra mudanças no manuscrito está acabando... — Era verdade, mas não toda a verdade. O livro lhe parecia incompleto a meses, mas isso não a deixava distraída e sim frustrada, a distração em si se devia a um moreno que não saía de sua cabeça desde o jantar.
— Vamos ou o fotógrafo vai cobrar o dobro! — Ele a apressou e ela quase caiu tentando calçar seus sapatos e vestir sua blusa ao mesmo tempo. — Eu atrasei o ensaio, mas ele é pontual ao extremo pelo que a editora disse...
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TE ESPERABA Y NO LO SABÍA [Spin-Off: Gastina]
Fiksi PenggemarUma das histórias de amor mais emocionantes e lindas de Sou Luna merece um final melhor do que o que nos deram. Por que a história precisa acabar ali? Por que não continuar o que começamos? Afinal, reencontros acontecem e o destino tem um jeito engr...