15 - She's back, everybody!

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Joel Pimentel

Costumo dizer que nossa vida é formada de altos e baixos. Todos dizem isso, então se tornou um grande clichê, mas eu realmente não ligo.

Fui criado por uma família com diversas conturbações, o que me levou ao mundo do tráfico desde cedo. Construí meu próprio reino, eu estava no meu auge.

Eu precisei empregar muitas pessoas durante a minha trajetória: pais de família que precisavam cuidar de seus filhos doentes, mulheres que procuravam independência financeira para se livrarem dos maridos ou tirarem seus filhos da cadeia...

Cada um entra nesse meio por razões próprias.

Eu conheço cada história. Conheço todos os membros da família, conheço o bairro onde cada um mora.

Quando entramos nesses meios de vida, temos uma espécie de contrato que bem precisa ser passado para o papel.

"Se você usufruir dos benefícios dados por nós, você automaticamente deve dedicar sua vida aos nossos negócios."

Quem desobedece não pode lhes contar oque exatamente acontece, pois quem passou por isso está em outro plano.

Joalin tem esquecido dessa regra.

Me lembro de quando ela entrou no tráfico. Ela tinha por volta de 15 ou 16 anos, era bem nova e transparecia desespero.

Era doce, meiga de mais para viver no mundo onde eu vivia. Então eu ri assim que ela me disse que precisava seguir conosco. Mas eu entendi o desespero da garota quando era citou sua mãe.

Janeiro de 2011 - Ano em que Joalin se comunicou pela primeira vez com Joel.

A praia está vazia. Todos que estava ali mais cedo comemorando o ano novo, estavam indo embora e eu tenho apenas 10% da mercadoria comigo. Vejo Nour se aproximar com campainha, então já posso esperar que eliminarei essa "sobra".

— Qual tu manda, Nour? — Pergunto me desajeitando na cadeira de praia.

A menina ao lado dela parecia assustada e receosa.

— Joel, você está precisando de pessoas para trabalhar, não é mesmo? — Ela intercala os olhares entre eu e a menina. — Essa é a Joalin. Por coincidência, esses dias mesmo ela passou por algumas pessoas da nossa turma na rua e surgiu um... interesse?

— Bem senhor, na verdade surgiu uma necessidade. — Ela corrige com a voz trêmula. — Por favor, eu preciso muito disso. Nour me disse que vocês trabalham com isso há muitos anos e nunca foram pegos nem como suspeitos.

— Primeiramente, senhor está no céu. — Justo minhas mãos e uno meus dedos, dando me um ar malandro e de superioridade. — Segundamente, pensa que tem potencial para encarar o mundo do crime?

— Por qual motivo ela não teria essa capacidade? — Nour pergunta interessada na resposta que eu darei.

— Parece que você saiu de um conto de fadas. — Comento tragando meu cigarro.

— Ela precisa de um emprego. — Nour praticamente me implora com um olhar pidão.

— Bom... Se ela quer um emprego, acho que ela está no lugar certo e errado ao mesmo tempo. — Me levanto e jogo o cigarro na areia da praia.

— Como assim? — Pergunta a amiga de Nour.

— Como assim? Meu doce, isso é ilegal. Isso é o tráfico. — Eu falo erguendo os braços no ar. — O mundo é uma grande droga composta por pequenas drogas, e são com essas que a gente mexe. — Gargalho. — Mas assim, se você estiver disposta fique sabendo que vão tentar te matar, te bater, te prender, te roubar e tentar, além disso, coisas muito piores.

Criminal Mom | Versão Joalina G!POnde histórias criam vida. Descubra agora